REQUIÃO DIZ QUE 37 CIDADES PARANAENSES PARAM AMANHÃ
Com o objetivo de defender o cumprimento da norma constitucional que estabelece o patamar de 12% para as taxas de juros, as câmaras municipais, prefeituras e associações de produtores de 37 municípios do Sudoeste paranaenseparalisarão, amanhã (21), suas atividades. O projeto que regulamenta o dispositivo, já aprovado no Senado, deverá entrar em votação nesta quinta-feira (22) na Câmara dos Deputados.
O anúncio da paralisação, que está sendo denominada de "Alerta do Sudoeste", foi feito hoje (20), pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). Segundo ele, o movimento paranaense inscreve-se no mesmo quadro de todos os outros que pipocam pelo país, principalmente no setor agrícola.
O senador criticou a "insensibilidade impenetrável" do governo e disse que a estabilidade garantida pelo real está ancorada nos baixos preços agrícolas, nas altas taxas de juros e na política cambial. Requião considera o ajuste macroeconômico feito pelo governo brasileiro semelhante ao realizado pelo México. "Lá e cá" - afirmou - "o resultado foi o mesmo: inadimplência, desemprego, quebradeira e desorganização da base social do país. Eu espero que o desespero não faça despontar no Brasil uma Chiapas ou comandantes Marcos".
Roberto Requião disse que seria bom que as autoridades econômicas brasileiras saíssem dos limites da Febraban e da Fiesp e fizessem uma excursão ao campo, para ver in loco os efeitos da política econômica.
Em apoio a Requião, o senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) previu uma queda superior a 20% na safra de 1996 e atribuiu a crise agrícola à "verdadeira rapina que acontece nesse país", promovida, segundo ele, pelos banqueiros. Também em apoio, o senador Osmar Dias (PP-PR) registrou que a crise agrícola afeta setores produtivos complementares a tal ponto que até mesmo postos de gasolina estão fechando no interior.
20/06/1995
Agência Senado
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