REQUIÃO PEDE AO PFL QUE NÃO AJUDE O PARANÁ A ENDIVIDAR-SE



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) apelou hoje (dia 8) ao PFL para que não apóie os esforços que o governador Jayme Lerner vem fazendo para endividar mais ainda o Paraná. "Vamos apelar para a consciência pública, para o espírito público do PFL, para que não se comporte como torcida de futebol, tentando impor ao Paraná um sacrifício que o povo não tem mais condições de suportar", disse.

Requião considerou absurdo o comportamento partidarista que essa legenda vem adotando em defesa da autorização do Senado para que o Paraná contraia empréstimos externos, só porque Lerner integra hoje o PFL.O senadorlembrou que, ao deixar o cargo de governador, o Paraná era o estado mais solvente do Brasil, estando hoje na situação de gastar mais do que a receita arrecadada.

Recordou também que a folha de pagamento de pessoal atingia 58,61% da receita, tendo agora ultrapassado os 100%. Na opinião de Requião, o governador Jayme Lerner está determinado a transformar o Paraná numa Alagoas, daí por que não hesita em desembolsar receita tributária, como está fazendo ao incentivar a instalação das montadoras Chrysler, Renault e Volkswagen.

Requião disse que as denúncias sobre o processo de corrupção que envolve o Paraná se sucedem, com a descoberta de novas obras pagas e não realizadas. Ele informou que são cerca de 60 os contratos da Secretaria de Agricultura que se somam ao que ele denunciou sexta-feira passada. Na ocasião, o senador afirmou que a conta pessoal do secretário de Agricultura recebeu parte dos R$60 mil que o município de Faxinal deveria ter recebido para aplicar em uma obra.

O senador disse ter recebido notícia segundo a qual peritos verificaram que, desses R$60 mil, R$300,00 foram empregados na caiação de um muro. O restante do dinheiro teria ido para a conta pessoal do secretário de Agricultura, do ex-prefeito de Faxinal e do deputado Miltinho Púpio, do PFL paranaense.

Em aparte, o senador Osmar Dias (PSDB-PR) disse possuir um grande volume de documentos a respeito do desvio de recursos do governo do Paraná, acrescentando que esse desvio é sistemático na Secretaria de Agricultura. Ele informou ter levado ao conhecimento do governador Jayme Lerner esse pagamento de obras não realizadas pela Secretaria de Agricultura. E avisou que "a situação é tão grave que este assunto já está na Promotoria Pública".

 

CORREÇÃO

Na ocasião, o senador Roberto Requião corrigiu um equívoco cometido em seu discurso de sexta-feira, quando atribuiu ao secretário de Cultura do Paraná a prática de crimes na época em que era diretor de leasing do banco do estado. Ele leu em plenário carta enviada pelo secretário de Cultura, Eduardo Rocha Virmonde, sustentando que jamais foi diretor de qualquer leasing.

Requião reconheceu a confusão decorrente do fato de que a atual Secretaria de Esportes e Turismo já foi Secretaria de Cultura e Esportes no passado. Esclareceu que o secretário denunciado é o de Esportes e Turismo, Osvaldo Magalhães Santos, e frisou: "é praticamente impossível que qualquer paranaense de bom senso atribua qualquer deslize ao Dr. Eduardo Rocha Virmond, que conheço há muito tempo, como presidente da OAB e como advogado".



08/12/1997

Agência Senado


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