Requião pede 'revolução' para enfrentar crise mundial



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) cobrou nesta segunda-feira (19), da tribuna do Senado, uma postura mais enérgica em relação à crise econômica que assola a Europa e deve se refletir na América Latina e no Brasil em breve. Ele desafiou o país a promover uma "revolução".

- Sem revolução não há salvação. Não estou concitando a pegar em armas, mas a transformar a estrutura da sociedade, a romper com os modelos atuais para dar lugar aos interesses populares nacionais.

Requião avaliou que nos últimos 30 anos a região evoluiu – sob a égide da democracia e sob governos "ditos de esquerda" e populares – mas não o suficiente para mudar sua estrutura socioeconômica.

- Argumenta-se que diminuímos a desigualdade e a mortalidade materno-infantil, tornamos menor o número de analfabetos, distribuímos certa renda e trouxemos dezenas de milhões de deserdados ao maravilhoso mundo do consumo de três refeições diárias. Muito bom, mas seria se contentar com pouco – disse.

Para Requião, a melhoria de vida apenas da camada mais pobre não pode ser vista como revolução, sem uma verdadeira mudança na política econômica.

- Nossas elites, os capitães da indústria e comerciantes do agronegócio não se opõem a certa intervenção estatal na economia, mas querem que a produção e o desenvolvimento capitalista se deem sob o absoluto e total controle deles – alertou.

O senador avaliou as políticas adotadas pela presidente Dilma Rousseff como estando "no caminho certo", mas sem o ritmo necessário. Segundo ele, é preciso aprofundar as medidas, sob risco de perder as conquistas obtidas até agora.

Solução

Presidente da representação brasileira no Parlamento do Mercosul, Requião disse que os países latinoamericanos e o Brasil, especificamente, precisam fortalecer a unidade latino-americana como única forma de suportar os efeitos da crise mundial. Em sua opinião, a entrada da Venezuela no Mercosul “foi abençoada com seus R$ 450 bilhões de Produto Interno Bruto”.

- Temos de investir pesadamente no Mercosul, montando para ele um projeto de desenvolvimento que faça com que as negociações não sejam bilaterais, mas nos blocos Mercosul-União Européia.

Para o senador, é preciso vencer, antes de tudo, a barreira do velho pensamento colonialista “que nos faz dependentes, na condição miserável de mendicantes”.

- As elites de nossos países, com seus instrumentos de dominação, como a mídia, setores das igrejas, o ensino, o sistema político-eleitoral, o Judiciário, são inimigas de qualquer mudança. Como se vê, a primeira barreira a ela está em nossos próprios países. Mesmo nos que têm tendência à esquerda, possuem uma burguesia tacanha, culturalmente limitada, sempre de plantão para dar golpes de Estado para que tudo permaneça como está.



19/11/2012

Agência Senado


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