Roberto Requião pede 'medidas econômicas radicais' para proteger o país da crise mundial




Ao manifestar sua preocupação em Plenário, nesta terça-feira (20), com a situação atual da economia brasileira, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou o governo federal e as autoridades monetárias do país por, a seu ver, não adotarem medidas efetivas para combater os efeitos da crise econômica mundial, que deverá atingir o Brasil com mais intensidade a partir do próximo ano.

Na avaliação do senador, diante do cenário de declínio do consumo, de crescimento zero no terceiro trimestre da economia brasileira, do aumento da inadimplência, desaceleração industrial e queda nos índices de reajustes salariais, a melhor saída para o país seria a implementação de medidas econômicas "radicais" para diminuir os impactosque economia brasileira deverá sofrer.

- Não vamos a lugar nenhum se não tivermos a coragem de radicalizar. Radicalizar na defesa do salário e do emprego; radicalizar na defesa da indústria nacional; radicalizar no corte de juros e impostos; radicalizar na defesa da moeda, no controle do câmbio; radicalizar na regulamentação do mercado financeiro, com rígidas, duras medidas de restrição à especulação; radicalizar ao ponto da intervenção nas atividades da banca, toda vez que os bancos sobreponham seus interesses aos interesses da economia nacional, da produção, do emprego e da segurança econômica dos brasileiros - disse.

Comentando a notícia, recentemente divulgada, sobre o aumento do número de milionários brasileiros, Requião lamentou que tal crescimento da riqueza não tenha ocorrido entre as classe de agricultores, industriais, comerciantes ou profissionais liberais, mas sobretudo entre especuladores.

- São os filhos dos juros. São os proxenetas do capital vadio - diagnosticou.

De acordo com Requião, enquanto a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) recomenda a taxação sobre os mais ricos como forma de reduzir as desigualdades sociais, no Brasil o costume é o contrário: taxar o pobre e isentar o rico.

Conforme o parlamentar, o governo federal, na gestão da economia nacional, tem tomado medidas que, ao invés de contribuir para melhorá-la, vão em direção contrária, como seria o caso, por exemplo, na visão dele, da redução dos investimentos públicos.

- Preocupado com a inflação, o governo enxugou os investimentos. Havia a opção de reduzir o superávit primário, por exemplo. Mas aí, os gênios da lâmpada perguntaram-se: 'se fizermos concessões na solidez fiscal, nos sagrados pressupostos que fundamentam a nossa política econômica, como reagirá o mercado?' - ironizou.

Requião atacou ainda declaração do ministro da Fazenda, Guido Mantega, segundo a qual, para crescer, o país depende de investimentos privados. Na opinião do parlamentar, estaria mais próximo da verdade o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, que, em sentido contrário, afirmou que o país, para crescer, precisa de mais investimentos governamentais em infraestrutura.



20/12/2011

Agência Senado


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