REQUIÃO REBATE EDITORIAL DO JORNAL DA TARDE



O senador Roberto Requião (PMDB-PR) rebateu nesta quinta-feira (dia 13) editorial do Jornal da Tarde, integrante do grupo editorial O Estado de São Paulo, que o criticou por ter defendido a anistia das multas aplicadas pelos Tribunais Eleitorais dos estados a parlamentares que teriam feito propaganda política fora do prazo determinado em lei. O projeto de lei que concedeu essa anistia foi aprovado no Congresso Nacional e vetado pelo presidente da República. Para o senador, a anistia é a correção de erros do Judiciário em decorrência de lei mal feita pelo próprio Congresso.
Requião afirmou que vem sendo duramente perseguido pelo grupo editorial paulista, por ter sido o relator da CPI dos Precatórios e ter condenado o Bradesco pela participação na fraude com títulos públicos estaduais. Segundo o senador, o editorial do Jornal da Tarde foi motivado pelo indiciamento de um diretor do Bradesco pelo crime de formação de quadrilha, além de outros quatro crimes, e pelo fato do banco ser sócio do grupo O Estado de São Paulo na área de telefonia. "O editorialista disse que os políticos são o lixo da política brasileira. Lixo é o Jornal da Tarde", exclamou.
O senador Ernandes Amorim (PPB-RO), em aparte, disse que foi uma das "vítimas" multadas pelo Tribunal Eleitoral de Rondônia por que alguém escreveu o nome dele em um caminhão e em uma pedra. Amorim disse que o governador, na mesma época, comprou tratores e fez desfile pelo interior, mas o Tribunal não o multou. O senador considerou curto demais o tempo destinado à defesa dos candidatos punidos e defendeu a extinção da Justiça Eleitoral. "O presidente da República deitou e rolou na reeleição usando a máquina do governo", assinalou.O senador Alberto Silva (PMDB-PI) lembrou que Requião foi o único político multado no Paraná e que em apenas quatro estados foram aplicadas essas punições. Para Alberto Silva uma das piores facetas da Justiça Eleitoral é a prepotência do juiz. Segundo ele, não há critérios estabelecidos para a fixação do valor da multa, que fica a cargo do humor do juiz. O senador também defendeu a extinção da Justiça Eleitoral. "Não tem eleição todo dia, por que então manter uma estrutura permanente?", questionou.Requião explicou que a lei eleitoral foi utilizada para retaliar adversários políticos, pois ele mesmo foi multado como se tivesse feito propaganda política irregular, mas na verdade havia dado entrevistas a rádios do interior do Paraná sobre temas nacionais como o Plano Real e até sobre o caso do presidente americano, Bill Clinton com a estagiária Monica Lewinsky. "Queriam me impor o silêncio, como se pelo fato de ser candidato não pudesse mais ter opinião sobre qualquer assunto", afirmou o senador.Requião questionou o silêncio do jornal O Estado de São Paulo quanto ao que considera um dos maiores escândalos cometidos no atual governo: a legalização da fraude dos precatórios que está sendo feita pelo ministro da Fazenda, Pedro Malan, segundo ele. De acordo com o senador, o ministro tem renegociado os precatórios, trocando-os por títulos federais, à revelia do Senado, pois não cumpriu a Resolução 78 que determina que a assunção de dívidas pelos estados está sujeita à autorização do Senado. "Onde está o editorialista do Estadão? Calado", observou o senador.

13/01/2000

Agência Senado


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