Reserva extrativista amazônica realiza despesca do pirarucu
A Reserva Extrativista do Médio Purus, em Lábrea, no Amazonas, realizou em outubro a primeira despesca do pirarucu proveniente do manejo. Em março de 2012, foram iniciadas as primeiras reuniões nas comunidades da reserva extrativista para tratar do Manejo do Pirarucu. Dois lagos com características diferentes foram escolhidos para a ação.
Um dos lagos, o Abunini, possui 13,3 quilômetros de extensão, sendo o maior lago da unidade de conservação (UC) e o maior lago utilizado para o manejo do pirarucu na Amazônia. Esse lago sempre foi alvo da pesca ilegal do pirarucu e em todas as fiscalizações realizadas o pescado é encontrado em barcos provenientes desse lago, constatando que as comunidades do entorno faziam parte deste tráfico. A escolha do lago foi feita no intuito de acabar com a pesca ilegal e favorecer todos os moradores das comunidades. O outro lago em questão, o do Sacado, fica perto da cidade de Lábrea e vem sendo preservado pelas comunidades a muito tempo.
A contagem do pirarucu nos lagos foi realizada em outubro de 2012 pelos técnicos de pesca Raimundo Falcão e Cristóvão Lima, responsáveis técnicos de todo processo de manejo. Foi solicitado ao IBAMA, a cota de despesca de 10%, de um total de 173 peixes, sendo 99 do lago Abunini e 74 do lago do Sacado. Considerando a média de peso dos manejos de pirarucus na Amazônia, esperava-se 10 toneladas com média de 60 quilos por peixe. Quando a despesca começou, percebeu-se que a média seria muito alta, pois só eram apanhados peixes acima de 90 quilos, muitos entre 130 e 150 quilos.
Para encerrar o manejo, foi realizada em Lábrea, a Feira do Pirarucu Legal, parceria com o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), a Universidade Estadual do Amazonas (UEA), o Instituto de desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (Idam), a Associação de Pescadores de Lábrea (Apel) e a Prefeitura Municipal. Foi a primeira vez que se viu pirarucu legal sendo vendido na cidade. Inicialmente, previa-se três dias de feira com venda de duas toneladas do pirarucu manejado, mas o sucesso foi tão grande que na manhã do segundo dia já haviam sido vendidas todas as duas toneladas, inclusive com cabeça, couro e escama.
Um dos aspectos mais positivos da Feira é que o pirarucu era vendido pelos próprios manejadores das comunidades da reserva extrativista, com apoio dos alunos do Ifam e da UEA. Muitos habitantes de Lábrea nunca tinham visto um pirarucu inteiro, muito menos um de 198 quilos. No próximo ano, a intenção é de vender na cidade até seis toneladas e, no futuro, manter durante boa parte do ano uma barraca com venda de pirarucu manejado da reserva extrativista.
Oito comunidades participam de todo processo de manejo, sendo mais de 60 famílias diretamente nos lagos, desde o monitoramento até a despesca, recebendo em torno de R$ 1.000,00 a R$ 1.500,00. A iniciativa, desde a contagem até a despesca, foi realizada com recursos do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) e contribuição de parceiros. Hoje, quatro novos lagos já foram incluídos para contagem. Em 2014, existe a expectativa da utilização de cinco lagos para o manejo do pirarucu e que a produção alcance 40 toneladas. A ideia do manejo se espalhou de tal forma na reserva extrativista, que já foram recebidos pedidos de várias comunidades para incluir seus lagos de uso no projeto, nos próximos anos.
A Reserva Extrativista do Médio Purus possui mais de 300 lagos, sendo pelo menos 80 deles com potencial para o manejo do pirarucu. Assim, existe a possibilidade para os próximos anos, da unidade de conservação ser a maior produtora de pirarucu manejado da Amazônia. Ainda existem muitos desafios, mas a UC deu um passo importante este ano. Segundo José Maria, presidente da Atamp, "a reserva extrativista estava perdida entre tantas opções de produção, mas agora encontrou seu norte e o pirarucu manejado vai ser um marco na história da unidade de conservação".
Fonte:
Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade
02/12/2013 12:27
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