Reservatórios de hidrelétricas do Nordeste chegarão a níveis mínimos



Mesmo com o racionamento de energia, no segundo semestre a Região Nordeste contará somente com cerca de 4% do potencial dos reservatórios das hidrelétricas que operam na bacia do Rio São Francisco. Foi o que revelou, nesta terça-feira (dia 12), durante audiência pública promovida pela Comissão Mista de Energia, o presidente da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), Mozart Siqueira Campos de Araújo.

Ele defendeu aumento da tarifa de energia para cobrir os investimentos da Chesf, e disse que é necessário modernizar os equipamentos, aumentar as linhas de distribuição e construir novas hidrelétricas. O presidente da Chesf, que abastece de energia oito estados com uma população de 41 milhões de pessoas, quer ainda a construção de termelétricas em várias capitais nordestinas.

Segundo Mozart, parte da solução para a região é uma maior interligação com o sistema Eletronorte. Mesmo assim, explicou, há dificuldades técnicas para economizar a energia proveniente da bacia do Rio São Francisco. "Não podemos violar o nível mínimo das hidrelétricas", explicou.

Mozart reconheceu que, com a reestruturação do setor elétrico ocorrida durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, as empresas estatais foram impedidas de investir na geração de energia. Segundo ele, porém, o nível de chuvas na bacia do São Francisco tem sido muito baixo, o que seria agravado pelo uso de suas águas para abastecimento e irrigação.

O presidente da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), Airson Bezerra Lócio, defendeu um racionamento de energia de apenas 10% para as áreas irrigadas do semi-árido nordestino. Airson disse que um racionamento maior do que 15% significaria o colapso de toda a região, a maior produtora de frutas do país. Ele defendeu a revitalização do Rio São Francisco, para garantir geração de energia e irrigação.

De acordo com Airson, que apontou para a pobreza do sertão nordestino, a Codevasf é responsável por uma área irrigada de 99 mil hectares, que produz um milhão e 700 mil toneladas de frutas por ano. Este empreendimento, somado ao que é produzido pela iniciativa privada - 330 mil hectares - depende totalmente dos projetos de irrigação.

Fernando de Almeida, representante da Valexport, maior empresa exportadora de frutas do país, comparou a situação do Nordeste à da Califórnia, nos Estados Unidos, onde o racionamento de energia não recaiu sobre a agricultura irrigada. Ele pediu um tratamento diferenciado para o setor da fruticultura, por motivos técnicos, econômicos e sociais.

12/06/2001

Agência Senado


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