Restos mortais de Jango chegarão a Brasília com honras de chefe de Estado, informa Randolfe



O corpo do ex-presidente da República João Goulart (1919-1976) será exumado na próxima quarta-feira (13). Os restos mortais serão periciados para investigar se o presidente deposto pelo Golpe Militar de 1964 foi vítima de um ataque cardíaco ou foi assassinado. Na quinta-feira, o corpo chegará a Brasília, onde, como informou o senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP), será recebido com honras de Chefe de Estado.

– Honras estas que não teve quando faleceu, em 1976, devido à funesta ditadura pela qual padecia o país naquele momento - afirmou o senador.

Randolfe Rodrigues acrescentou que os restos mortais de João Goulart voltarão a Brasília quase cinquenta anos depois da deposição.

– Brasília que ele viu ser fundada. Ele viu nascer e fundou quando era vice-presidente de Juscelino Kubitschek - continuou o parlamentar, para quem o retorno do corpo de Jango à capital do país é um ato de recuperação da memória histórica e de justiça. Para tanto, Randolfe anunciou que, em parceria com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), apresentará um projeto de resolução do Congresso Nacional para reconhecer que João Goulart estava em território nacional no dia 1º de abril de 1964.

O senador do Psol explicou que a proposta visa considerar nula a decisão do então presidente do Senado Federal, Auro de Moura Andrade,  que na madrugada de 2 de abril de 1964, declarou estar vaga a Presidência da República, uma vez que o presidente João Goulart havia deixado o Brasil. No entanto, sublinhou Randolfe, não foi isso que aconteceu. Jango estava no Rio Grande do Sul, reunido com o Comando do 3º Exército e com o ex-governador daquele estado, Leonel Brizola (1922-2004).

Relatou ainda que o então chefe de gabinete de Jango, Darcy Ribeiro (1922-1997), informara, em carta ao Congresso Nacional, que Goulart estava em território brasileiro.

- Apesar de todos os protestos da bancada do PTB, apesar da antijuridicidade, apesar da anticonstitucionalidade da convocação do Congresso Nacional naquela madrugada, a efetivação do golpe se consubstanciou por parte do senhor Auro de Moura Andrade - lembrou.

Com a declaração de vacância, o então presidente do Senado deu posse ao presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli, como chefe da nação.

Randolfe Rodrigues disse ainda que, se aprovado, o projeto de resolução vai reestabelecer a verdade à história recente do Brasil, deixando claro que João Goulart foi vítima de um golpe e não fugiu do país. O senador fez ainda um apelo para que a proposta seja aprovada até quinta-feira.

– Eu acho que é possível que o Congresso Nacional se reúna antes de quinta-feira e vote essa resolução. E quando o [corpo do] presidente João Goulart pousar em Brasília, o Congresso Nacional não tenha mais nos seus anais esta triste mancha.



11/11/2013

Agência Senado


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