Retomada de negociações com União Europeia agrada parlamentares



A retomada das negociações entre o Mercosul e a União Europeia, que poderá levar à celebração de um acordo de associação entre os dois blocos ainda neste ano, foi bem recebida por deputados e senadores que participaram da 22ª. sessão plenária do Parlamento do Mercosul, realizada na segunda-feira (8), em Montevidéu. Para eles, a aproximação com a Europa pode, ao mesmo tempo, abrir mercados e fortalecer o bloco sul-americano.

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- O Mercosul só tem um tratado de livre comércio firmado até hoje - com Israel -, apesar de existirem outros em discussão. Se tivermos agora a aprovação do acordo com a União Europeia, o Mercosul ganha muito em importância e em rejuvenescimento. É inegável que o Mercosul vive momentos de dificuldade. Os quatro países têm situações diferentes e não traduzimos ainda em vantagens esse fato de estarmos unidos - disse o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE).

Na manhã de segunda-feira, o representante permanente do Brasil junto ao Mercosul, embaixador Régis Arslanian, fez um relato aos parlamentares, na capital uruguaia, do andamento das negociações entre os dois blocos, que haviam sido interrompidas há três anos. Naquela época, recordou o embaixador, os negociadores europeus decidiram suspender as negociações porque preferiam esperar o resultado da Rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC).

O principal argumento dos europeus, relatou o embaixador, era de que somente depois da conclusão da Rodada de Doha eles poderiam saber que grau de abertura poderiam oferecer aos produtos agrícolas do Mercosul. Mas as negociações da OMC também foram interrompidas, o que atraiu de volta os europeus à mesa de negociações, como observou Arslanian. Tudo isso no momento em que os europeus tentam sair da crise econômica mundial.

Agora, como informou o embaixador, o Mercosul aguarda uma nova oferta da União Europeia relativa aos produtos agrícolas, enquanto os europeus aguardam maior liberação do mercado do Mercosul principalmente para seus automóveis. Se tudo der certo, previu, um acordo poderá ser firmado em até quatro meses.

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) acredita ser um bom negócio para o Mercosul promover uma maior abertura aos produtos industriais europeus neste momento.

- Sou a favor de uma abertura maior, que nos favoreceria pela maior exportação de produtos agrícolas. Se tivermos bons resultados na negociação com os europeus, o Mercosul dará um grande salto - previu Cristovam.

O deputado George Hilton (PRB-MG), recém indicado pela representação brasileira para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos, Financeiros, Comerciais, Fiscais e Monetários do Parlamento do Mercosul, vê com cautela a retomada das negociações com a União Europeia.

-Parece mais um gesto político do que algo concreto. Os europeus insistem em colocar barreiras enormes a alguns produtos, mas a gente deu um passo. Não foi o suficiente, mas pode ser o início de um avanço. Mas ainda é algo muito tímido para o que se espera para as duas maiores uniões aduaneiras do mundo - afirmou Hilton.

Por outro lado, o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS) julga que o momento pode ser bastante favorável ao bloco sul-americano, até por causa da crise internacional.

- A União Europeia precisa de nosso mercado. É claro que há uma reciprocidade. Havia muitas exigências de parte dos europeus, mas esta crise mundial fez com que algumas questões fossem revistas. Estamos em outro momento, muito favorável à América do Sul - avaliou.

Marcos Magalhães / Agência Senado



09/03/2010

Agência Senado


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