Reunião foi aberta sem relatório



A reunião da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas desta quinta-feira (10) foi aberta às 10h40, sem o relatório, que, devido a um atraso de impressão, só chegaria às mãos do relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), 30 minutos mais tarde. Durante esse período, o presidente da comissão, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), deu a palavra aos membros da CPI enquanto explicava estar aguardando o documento.

Mais 30 minutos se passaram até que os parlamentares começassem a receber o relatório de 973 páginas. A imprensa, que não teve acesso ao documento impresso, mas apenas a disquetes com o conteúdo, apressava-se a pedir emprestado cópias dos parlamentares para ir direto às quatro últimas páginas onde constava o que todos queriam saber: dos 90 congressistas citados, 72 teriam seus nomes encaminhados às Mesas das duas Casas, com o respectivo pedido de instauração de processo disciplinar, e apenas 18 seriam inocentados.

Para facilitar e leitura e votação do relatório no mesmo dia, vários parlamentares inscritos para falar abriram mão desse direito. O relatório não foi aprovado por unanimidade. Dos 36 presentes à reunião, houve uma abstenção, do senador Sibá Machado (PT-AC), e um voto contrário, do senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que alegou falha nos trabalhos da CPI por não ter sido assegurado o direito de defesa aos acusados.

- As provas jogam todos num mesmo saco. Aqui, todos foram condenados politicamente e embora os conselhos de ética devam inocentar alguns, isso não acontecerá até o dia 2 de outubro [data das eleições]. Aqui [no relatório] tem inocente condenado e, por isso, não vai ganhar a eleição, e tem condenado que vai ganhar a eleição - desabafou Wellington Salgado.

Já Sibá alegou que a CPI Mista poderia ter trabalhado com um terceiro grupo de parlamentares, em vez de somente dois (acusados e inocentados). Ele lembrou que alguns membros da comissão haviam anunciado anteriormente que haveria esse terceiro grupo, formado por parlamentares contra os quais não havia provas concretas, mas indícios graves de participação na "máfia das ambulâncias".

Para o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), a lista dos parlamentares que comprovadamente participaram da "máfia das ambulâncias" tem que ficar na memória dos brasileiros, principalmente no dia das eleições.

- Ou expelimos do Congresso Nacional essas figuras que não se portam com dignidade ou teremos que conviver com isso. A sociedade exige que apontemos os culpados sem nenhum constrangimento, assim como inocentemos os não-culpados - declarou Arthur Virgílio.

Para o vice-presidente da CPI Mista, deputado Raul Jungmann (PPS-PE), esta comissão parlamentar de inquérito trouxe ao Congresso Nacional a esperança de que se faça justiça e um sentimento de resgate da imagem do parlamento brasileiro. O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos sub-relatores da CPI Mista, disse que está enganado quem acha que o Congresso Nacional é "um balcão de negócios".

Na opinião da deputada Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), também sub-relatora da comissão, essa é uma das CPIs mais difíceis entre todas as que já foram instaladas no Congresso Nacional, porque envolve quase cem parlamentares. Uma das responsáveis pela elaboração de sugestões e propostas para evitar a má utilização dos recursos do Orçamento da União, a deputada afirmou que seu trabalho ainda não está concluído e deverá ser apresentado na segunda fase de investigações da CPI.

- O conjunto de propostas ainda não está fechado e, portanto, estamos abertos a sugestões de medidas importantes e que devem ser implantadas imediatamente - explicou a deputada.



10/08/2006

Agência Senado


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