Ricardo Santos mostra alternativas para o racionamento de energia elétrica



O senador Ricardo Santos (PSDB-ES) contestou a tese do governo de que a ameaça de racionamento de energia tem como causa a falta de chuvas. Para ele, a falta de investimentos no setor, em especial a demora na construção da nova linha de interligação das bacias Sul-Sudeste, somente agora em licitação, representa a causa mais importante da atual crise energética, a mais séria das últimas décadas, segundo afirmou.

Ricardo Santos disse que a situação é inusitada e peculiar, com as usinas hidrelétricas no Sul vertendo a água que hoje falta no Sudeste. Ele ressaltou que, se já estivesse em operação a nova linha de transmissão, essa energia suplementar estaria chegando ao Sudeste. Além disso, a região poderia estar recebendo 1000 megawatts do contrato de compra de energia da Argentina, hoje inativo pela mesma razão.

A nova linha acabou de ser licitada, com Furnas vencendo a concorrência. Essa linha de 328 km de extensão, com investimentos da ordem de R$ 412 milhões, tem cronograma previsto para dois anos e aumentará o intercâmbio energético entre Sul e Sudeste em 2000 megawatts, informou o senador.

Para Ricardo Santos, além de diminuir esse prazo para 15 meses, o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) precisam comprar excedentes de produtores privados, colocar em pleno funcionamento as termelétricas já instaladas na região e realizar campanhas de redução do consumo de energia junto às indústrias, ao setor público e à população, se quiserem evitar o racionamento.

Além dessas medidas emergenciais, o senador conclamou o governo a implementar o programa de termeletricidade a gás natural, corrigindo o hiato entre o preço do gás em dólar e a tarifa de energia elétrica fixada em reais. Como representante do Espírito Santo, Ricardo Santos reivindica, ainda, a construção da linha de transmissão Ouro Preto-Vitória, sanando as deficiências do abastecimento energético do estado, por ser ponta de linha do sistema.

Em apartes, os senadores Roberto Saturnino (PSB-RJ) e Eduardo Siqueira Campos (PFL-TO) concordaram com a tese de que a energia insuficiente no Sudeste se deve à falta de planejamento e investimento no setor, e não à escassez de chuvas. O senador Paulo Hartung (PPS-ES) lembrou que o ministro das Minas e Energia, José Jorge, virá ao Senado, no próximo dia 17, para explicar a visão do governo sobre a crise e informar sobre as providências para combatê-la.

28/03/2001

Agência Senado


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