Para Agripino, governo precisa agir rápido para proteger país da crise
A preocupação com a crise econômica mundial e seus reflexos na economia brasileira levou o líder do DEM, senador José Agripino (RN), a cobrar do governo federal nesta terça-feira (9) medidas preventivas para evitar que a recessão contamine o país. O senador, que é presidente nacional do DEM, partido de oposição, disse que a legenda está disposta a ajudar o governo a aprovar no Congresso Nacional as medidas necessárias para blindar o Brasil da crise. Essas medidas, no entanto, precisam ser "consistentes para que possamos atravessar a crise de forma decente".
José Agripino argumentou que a crise de agora é diferente da crise de 2008, provocada pela quebra dos bancos americanos. Daquela vez, os bancos quebraram e foram salvos com a ajuda dos governos, por meio do Banco Central dos países. Hoje, porém, a quebra ocorre nos governos. O resultado disso para o Brasil será a perda dos compradores de suas commodities - vendidas principalmente para China, Europa e Estados Unidos.
- Infelizmente, o Brasil tem sua balança comercial sustentada pelas commodities, já que o produto industrial está em queda - afirmou o senador, que apontou para a forte queda, na segunda-feira (8), na Bovespa, das ações de empresas que produzem e comercializam commodities.
Agripino alertou também para o impacto desta recessão mundial no Orçamento do país para este ano. O senador calcula que, com o desequilíbrio na balança comercial, decorrente da queda na venda de commodities - uma vez que os principais compradores entraram em crise -, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional deve ser menor que o estimado pelo governo, em torno de 4,5%. Para Agripino, esse crescimento não deve passar de 3%.
- O PIB do Brasil vai cair, infelizmente. O desastre está anunciado. Eu sinto o governo meio tonto. Não sinto firmeza nas posições que o governo está querendo adotar. Porque com a perda de receita, é preciso imediatamente começar a raciocinar sobre o corte das despesas, no corte do gasto público de má qualidade, no equilíbrio fiscal. E não estou vendo providências neste sentido. Estou vendo anúncios de um analgesicozinho aqui, um 'atroveranzinho' acolá. Quando o problema é muito mais sério - alertou Agripino.
O senador avaliou que a solução quando a venda das commodities cair será aquecer o mercado interno. Mas questionou a competitividade das empresas brasileiras frente, por exemplo, às empresas chinesas e alemãs, quando, no Brasil, os juros são altos, a carga tributária é pesada, falta infraestrutura e mão de obra especializada. Para Agripino, o governo precisa tomar providências para ajudar as empresas nacionais a ficarem mais competitivas "antes que seja tarde".
09/08/2011
Agência Senado
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