RONALDO CUNHA LIMA SE EMOCIONA AO FALAR DE LUCENA
Para homenagear o senador Humberto Lucena (PMDB-PB), falecido ontem (dia 13), seus colegas de bancada e de partido, senadores Ronaldo Cunha Lima e Ney Suassuna, apresentaram requerimento prontamente aprovado em plenário,propondo a realização de uma sessão especial, em data a ser marcada posteriormente,além do envio de condolências à família e representação do Senado nos funerais, a serem realizados na próxima quinta-feira (dia 16), em João Pessoa.
-Lucena, por seus 40 anos de vida pública, serve de referencial para os políticos de todo o Brasil. Injustiçado e mal-interpretado como tantos outros, ele soube dar um exemplo de paciência e resignação, bem como de fortaleza interior, quando teve seu registro eleitoral cassado, nas eleições de 1994, sob a acusação de ter distribuído calendários no ano anterior, o que feria a legislação eleitoral - ressaltou.
E prosseguiu: "Embora conhecedor da existência de montões de calendários - de muitos outros senadores e de todos os partidos - Lucena suportou sozinho a carga injusta, sem jamais acusar ninguém, nem questionar porque somente ele estava sendo punido. Mas, diante da votação consagradora que lhe deu o povo da Paraíba, as acusações acabaram caindo por terra".
Ronaldo Cunha Lima se emocionou ao lembrar que, naquela eleição, coube a ele fazer a campanha por Lucena, obrigado a vir até Brasília para defender sua candidatura. "Falava à população que, se não votasse em Lucena, também não deveria votar em mim. O slogan da campanha era "No dia 3 vote nos 3"-Antonio Martiz para governador, Lucena e Ronaldo Cunha Lima para o Senado. E fomos eleitos três", destacou.
O senador paraibano fez questão de ressaltar que, depois de 40 anos de vida pública, Lucena morreu pobre. "Ele deixa para sua família muita honra e uma biografia nobre. Como herança material, deixa um apartamento modesto, em João Pessoa, e mais não tem. Ele foi um homem ímpar, exemplo de caráter e comportamento do homem público. Presidiu, por duas vezes, o Congresso Nacional em função de sua forma especial de conquistar e manter amigos".
Para Ronaldo, havia mais do que companheirismo de partido e de estado natal entre ele e Lucena. " Havia uma força simbiótica que nos conduzia a ambos. Para mim, ele representou um exemplo de homem probo, leal. Comigo teve gestos paternais e de grandezade sua alma bela", emocionou-se. "Agora vou me calar para não mostrar mais a minha dor, mas guardarei minhas últimas lembranças para revelar durante a sessão solene que realizaremos, possivelmente, na próxima semana", acentuou.
14/04/1998
Agência Senado
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