Roseana cresce e tem menor rejeição
Roseana cresce e tem menor rejeição
A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), é o destaque em duas pesquisas, divulgadas ontem, sobre intenções de votos para a eleição de presidente da República, em 2002. Tanto na pesquisa Ibope/Confederação Nacional da Indústria quanto na Sensus/Confederação Nacional dos Transportes, Roseana está nos primeiros lugares e abre uma esperança para o seu partido.
Na pesquisa CNT/Sensus, a governadora do Maranhão seria a candidata à Presidência com o menor índice de rejeição popular segundo as entrevistas colhidas junto a duas mil pessoas em todos os estados brasileiros entre os dias 14 e 20 de setembro. Roseana ficou com apenas 4% de rejeição e o ministro da Saúde, José Serra (PSDB), com 5,2%. Já entre os que tiveram maior rejeição está Lula (23%), abaixo apenas de Enéas (25,7%).
Itamar Franco, segundo a pesquisa da CNT, teria 11% de rejeição, Anthony Garotinho, 6,4%, Ciro Gomes, 4,3%. Desse total, 20,6% não apontaram nomes que rejeitassem.
Outro destaque na pesquisa Sensus/CNT foi a queda brusca do ministro José Serra, em 50% das intenções de votos.
Segundo as diferentes simulações produzidas pela pesquisa Ibope/CNI, a governadora Roseana Sarney obtém o dobro das intenções de voto conseguida pelo ministro Serra, o tucano melhor situado perante o eleitorado. Em duas das cinco simulações propostas, ela aparece em segundo lugar, superando Ciro Gomes, e o governador de Itamar Franco.
A liderança no Ibope/CNI continua com o presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Os percentuais de apoio oscilam, porém, entre 30% e 33%, indicando que as intenções de voto no petista se estabilizaram nessa faixa, considerando-se sondagens anteriores em que ele tem o mesmo desempenho. Lula não perde votos, mas também não ganha há bastante tempo.
Jader recorre ao STF para parar processo
Mandado de segurança pede suspensão de votação, amanhã, de parecer sobre quebra de decoro .
O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) entrou ontem, no Supremo Tribunal Federal (STF), com um mandado de segurança pedindo a suspensão da votação, marcada para amanhã, do relatório da comissão especial do Conselho de Ética que pede a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra ele.
A defesa do senador alega que a criação da comissão especial formada por três senadores para apurar as denúncias contra Jader, extrapola os limites impostos pelo Regimento Interno, pois teria indo além do que a denúncia delimitou como alvo de apuração.
Se o senador Jader Barbalho quiser apresentar sua defesa ao Conselho de Ética do Senado antes da leitura e votação do relatório sobre as investigações dos desvios de recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará), não poderá mais renunciar ao mandato caso seja aprovada a abertura do processo de cassação.
A tese consta do parecer do senador Osmar Dias (PDT-PR). Ele argumenta que, como o caso de Jader no Conselho de Ética está apenas em fase investigativa, não cabe a defesa - já que, tecnicamente, ainda não há acusação e, portanto, ele ainda pode renunciar.
Se, no entanto, admitir-se que o processo está aberto - e, portanto, que há acusação formal da qual ele possa se defender -, Jader poderá exercer o direito de ampla defesa, mas não poderá mais renunciar ao mandato. "O entendimento de que o processo já teve início, impondo, assim, o contraditório e a ampla defesa, implicaria ônus jurídico ao senador (...), que não mais poderia renunciar ao mandato para proteger-se da pena acessória decorrente da eventual cassação, qual seja, suspensão dos direitos políticos pelo prazo de oito anos", diz o parecer.
Martus Tavares se filia ao PSDB
O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Martus Tavares, se filiará ao PSDB. Ele assina a ficha hoje à noite, em Fortaleza. Ontem ele cumpriu agenda política no interior do Ceará, ao lado do governador Tasso Jereissati (PSDB). Esta é a quinta vez que ele visita o Estado em menos de quatro meses. Lideranças tucanas informaram ontem que ainda não está definido a qual cargo o ministro deverá ser candidato em 2002.
CPI das Obras está sob investigação
O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), criou ontem uma comissão de sindicância para apurar o caso de extorsão envolvendo o presidente da CPI das Obras Inacabadas, deputado Damião Feliciano (PMDB-PB). A comissão, que será formada por cinco deputados e presidida pelo corregedor, deputado Barbosa Neto (PMDB-GO), terá 10 dias para apresentar um relatório sobre as denúncias sobre cobrança de propinas.
Presos fraudadores da Previdência
Agentes da Polícia Federal do Rio, integrantes da Força Tarefa que atua contra fraudes do INSS, prenderam em flagrante quatro pessoas no momento em que faziam saques de pensões concedidas por meios fraudulentos. Eles utilizavam dados de cerca de 60 operários da Companhia Siderúrgica Nacional para solicitar os benefícios como se fossem seus viúvos. A funcionária que concedeu os benefícios, também foi presa.
Artigos
A volta da História
Cláudio Lysias
Francis Fukuyama deveria, no mínimo, mudar o título de seu livro, O Fim da História e o Último Homem, publicado nove anos atrás. Depois dos atentados em Nova York e Washington, a História mostrou que está mais viva do que nunca e que nada está resolvido. E não foi só isso.
Descobriu-se, por exemplo, que globalização não é apenas o desfrutar das delícias do mundo, ao vivo ou via Internet. Osama bin Laden, ou quem tenha sido o responsável por aqueles atentados, enfiou goela a baixo do nosso mundo sem história, as glórias e misérias do Oriente e a inacreditável milícia taleban, exemplo maior do que podem fazer em conjunto a miséria, a leitura fundamentalista e errada de um livro sagrado e o radicalismo.
Um coquetel capaz de pôr fogo no planeta se os Estados Unidos aceitarem o convite do terrorismo para lutar no terreno que este conhece como ninguém: o da barbárie e do ódio, que para muitos é a mistura que move o mundo.
Após o horror dos atentados, descobrimos novos e estranhos seres – nunca se falou tanto de islamismo em tão curto espaço de tempo como agora –, e reconhecemos que a descoberta do diferente, do outro, pode ser traumática para pessoas, como nós, que acreditamos viver em plena modernidade, mas pouco conhecemos do que acontece alguns mil quilômetros além de Paris e Nova York, para não dizer da própria esquina. Nas montanhas do Afeganistão, a vida pulsa de maneira diferente, espremida entre a Idade Média e as armas automáticas de última geração. E isso é apenas o começo: se, por algum acaso, as misérias da África, por exemplo, entrarem maciçamente, e de repente, na pauta da CNN, o planeta então se desorienta de vez.
Pena a descoberta não ser recíproca. Os talebans não aceitam a TV, a Internet, a fotografia, as mulheres livres e o prazer, seja de que maneira for. Se tivessem acesso a esses meios para observar o Ocidente, certamente levariam susto semelhante e também considerariam que a História não acaba além das montanhas do Afeganistão.
A perplexidade seria interessante: um mundo que se esgota no passado, violentamente ingênuo e suicida, na observação de um mundo que se considera senhor do presente e do futuro. Um mundo que se perde no cinismo e na desumanidade de um dia-a-dia brutalizado e fútil, movido apenas pelo dinheiro e pelo conforto pessoal, mas que é banhado pela liberdade de divergir. A conclusão seria inevitável nos dois lados da trama, caso houvesse sensatez: não há superioridade, há diferenças.
Colunistas
Claudio Humberto
EUA retaliam brasileiros
Como esta coluna antecipou, a Embaixada Americana incluiu mesmo na sua lista negra os deputados paranaenses Valdir Pugliesi, Nereu Moura e Caíto Quintana, do PMDB, e Irineu Colombo (PT). Não conseguirão visto de entrada para visitar Disney ou fazer compras em Nova York, por exemplo. Eles fizeram discursos na Assembléia Legislativa do Paraná interpretados como de "apoio" aos atentados terroristas do dia 11.
Tebet invicto
Ironizaram o "momento de estadista de Mombaça" do senador Ramez Tebet, no discurso de presidente eleito do Senado, mas ele não pode ser acusado de usar o Ministério da Integração Nacional para beneficiar o seu estado, como em tantos outros casos. Em três meses como ministro, ele não liberou um só mísero centavo para o Mato Grosso do Sul.
Cana no PTB
Vicente Chelotti, ex-diretor da Polícia Federal, aquele do caso Sivam, assina hoje a sua ficha de filiação ao PTB. O delegado, que se orgulha da fama de "cana dura", quer ser deputado federal por Brasília.
Queda livre
Já não se aposta tostão furado no futuro de Vagner Bittencourt da Agência de Desenvolvimento do Nordeste, que substitui a Sudene velha de guerra. Indicado pelo enrolado empresário Benjamin Steinbruch, que caiu em desgraça no Planalto, é acusado de favorecer, com liberações, a Companhia Ferroviária do Nordeste, onde o protetor tem interesses.
Acordo salvador
O ex-senador José Roberto Arruda está convencido de que o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) não perderá o mandato. Diz ter informações de um acordo com a oposição para livrar também a cara do senador José Eduardo Dutra (PT-SE), como ele, envolvido no caso que o levou à renúncia. "Dutra estava comigo no caso do painel", revelou a amigos.
Pensando bem...
...ao vetar a lei que instituía a Sociologia no Ensino Médio, FhC prova que o Brasil não precisa mesmo de sociólogos.
Prefeito "muderno"
Isolado em seu gabinete virtual, o prefeito do Rio governa virtualmente a cidade, determinando providências a seus virtuais assessores, que desaparecem no ciberespaço. Uma contribuinte recebe por e-mail sempre a mesma resposta de César Maia para os problemas no bairro onde mora. Problemas reais. E sem solução há quase cinco meses.
Salve, simpatia!
Sérgio Amaral e Pratini de Morais vão correr o mundo como "caixeiros-viajantes" de nossos produtos no exterior. Poderiam começar por Cabul.
Negócios de família
O irmão mais velho de Osama bin Laden e Bush filho já foram sócios na empresa de petróleo Arbusto Energy, no Texas, segundo o jornal canadense Toronto Sun. Só num condomínio em Boston moram 20 parentes de Osama. Um irmão se formou em Harvard, e o mais novo, Mohammed, voltou para a Arábia Saudita.
Ele merece
A Capitania dos Portos de Paranaguá (PR) homenageou Rafael Greca, ex-ministro de Esportes e Turismo, com a medalha da Ordem do Mérito Naval. Deve ser pelo estrondoso sucesso alcançado ao timão de sua Nau Capitânia, aquela que custou uma fábula e não saiu do lugar.
Paga, Viúva
A estatal Infraero, que administra os aeroportos, realiza "reciclagem" em Natal, esta semana (até sábado, ninguém é de ferro), em "segurança e navegação". Os turistas acidentais serão submetidos a duras provas no estrelado Hotel Pirâmide, e sua piscina com água do mar. Chefia o recreio o diretor de Operações, coronel-aviador João Santos da Silva.
É o dólar, é o dólar
Para não perder o trem do Tribunal de Justiça, os deputados mineiros aprovaram também novos subsídios para eles mesmos, de até R$ 3.750, mais auxílio-moradia de R$ 2.250 e ajuda de custo de R$ 6 mil. Terão subsídios fixos e variáveis, para variar, e a verba será sempre atualizada. Por sessões extraordinárias, receberão R$ 8.219,00. Extraordinário.
Agora na capital
Depois de azucrinar a vida de prefeitos do interior, o Ministério Público do Paraná baixa em Curitiba. O prefeito Cássio Taniguchi foi denunciado criminalmente por desrespeitar a ordem de pagamento de precatórios, beneficiando o ex-desembargador e ex-secretário Luís Gastão de Alencar Franco, que furou a fila e recebeu R$ 3,8 milhões, entre 97 e 98.
Gesto político
Luciana Temer, filha do deputado Michel Temer (PMDB-SP), será chefe do gabinete da Secretaria da Juventude, que Geraldo Alckmin instala no dia 1º, em substituição à Secretaria de Esportes. É um gesto para tentar atrair os partidários de Temer, na disputa pelo governo paulista.
Em nome do filho
O chefe da Casa Civil do governo do Rio, Augusto Ariston, nega que seu filho Bernardo, candidato a deputado estadual, faturasse "por fora" nos horários concedidos ao movimento funk na rádio estatal 94 FM. Ele atribui a acusação a adversários ou a falsos amigos.
PODER SEM PUDOR
Entusiasmo contido
Pedro Neiva de Santana, governador do Maranhão, pediu uma audiência ao ministro do Planejamento de então, João Paulo dos Reis Veloso, com o objetivo de obter recursos para um importante projeto de colonização. Já na ante-sala do ministro, o governador foi advertido pelo filho, Jayme Santana, seu secretário da Fazenda, para a necessidade de demonstrar entusiasmo pelo projeto. A resposta de Pedro foi quase um lamento:
– Meu filho, na minha idade isso não funciona, e ainda provocar infarto.
Editorial
A imagem do Congresso
Com o mundo à beira de uma guerra, o Congresso Nacional poderia aproveitar a oportunidade de ter ficado em segundo plano no noticiário para resolver seus problemas internos e definir políticas que melhorassem sua imagem junto à população. Não é o que está acontecendo.
O Senado tem novo presidente, o senador Ramez Tebet, que teve boa passagem pela Comissão de Ética da Casa, mas ele mal assumiu o cargo e já terá que apagar um novo incêndio de grandes proporções.
A nomeação do senador Jader Barbalho para a Comissão de Constuição e Justiça (CCJ), encarregada de julgar um recurso do próprio Jader, foi recebida com ironia pela opinião pública. A nomeação não deverá dar em nada, pois o relator e a maioria dos membros da CCJ votarão contra o recurso de Jader, mas o mal já foi feito. O próprio senador deveria ter recusado a indicação, que apenas serviu para piorar sua situação e colocar sob suspeita toda a instituição.
O Brasil precisa de um Congresso confiável e ativo. Quem trabalha próximo a ele sabe que uma grande parte dos senadores e deputados luta para melhorar a imagem da instituição, mas infelizmente a opinião pública só toma conhecimento das más notícias, que praticamente tomaram conta do ano legislativo. As urnas, no ano que vem, serão mais do que severas
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09/26/2001
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