Saiba mais sobre a ponte estaiada



Inaugurada neste sábado, 10, na zona sul, ela se firma como o mais novo cartão postal da capital paulista

São Paulo tem números impressionantes que a fazem uma metrópole única: duas mil agências bancárias, quatro mil farmácias, 144 hospitais e 11 milhões de habitantes. Até aí nenhuma novidade. Somemos nessa equação, mais 58 mil metros cúbicos de concreto – o mesmo que 5,8 mil caminhões betoneira. Isso mesmo: concreto. Esse é o mais recente dado da cidade que ganhou neste sábado, 10, mais uma peculariedade: a primeira ponte estaiada da América Latina, a décima terceira sobre o Rio Pinheiros.

E por ser única, a ponte batizada de Octávio Frias de Oliveira, tem números surpreendentes. Com o total de concreto usado para sua construção daria para erguer dois estádios de futebol similar ao Parque São Jorge, na zona Leste. Só para se ter uma idéia, o estádio Cícero Pompeu de Toledo, também chamado de Morumbi, na zona Sul, consumiu pouco mais de 50 mil metros cúbicos.

Com tanto concreto distribuído em 1.668 metros de comprimento pode parecer que trata-se de uma obra comum. Puro engano: é justamente no design que a ponte desperta o interesse daqueles que pouco se importam com a arquitetura. Baseada num mastro com 138 metros de altura, o mesmo que um prédio de 46 andares, a ponte Octávio Frias de Oliveira terá capacidade para receber até 4 mil veículos por hora em cada pista. Para que? Simples responder um dia depois do congestionamento ter batido um novo recorde na cidade: diminuir o tráfego nos cruzamentos das avenidas Luiz Carlos Berrini e jornalista Roberto Marinho, além de desafogar a Ponte Morumbi em horários de pico. Hoje essa ponte recebe trafego pesado com destino a Santo Amaro.

Para atender a necessidade, os técnicos apostaram na tecnologia com o uso de um software capaz de analisar o comportamento da estrutura ao longo do tempo, considerando a deformação gradativa, o relaxamento do aço e a perda de proteção.  O programa foi criado exclusivamente para monitorar as condições da ponte nos próximos 100 anos. Um ensaio em laboratório na Universidade Federal do Rio Grande do Sul levou os engenheiros à instalação de uma estrutura aerodinâmica no tabuleiro para minimizar os efeitos do vento. A avaliação é que, embora os ventos característicos da cidade não possam causar danos à estrutura, poderia haver sensação de desconforto aos usuários.

Outra inovação foi manter pelos próximos dois anos um sistema de monitoramento com 144 células de carga – uma para cada estai – permitindo que os engenheiros saibam em tempo real a força exata aplicada em cada cabo. Além disso, o amarelo claro nos cabos revestidos com polietileno foi uma forma encontrada pelos arquitetos para valorizar a teia de estais e, conseqüentemente, suavizar a visão dos motoristas que passam nas extremidades das marginais.

Cleber Mata

(I.P.)



05/10/2008


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