São Paulo tem redução recorde de mortalidade infantil



Dados da Fundação Seade revelaram o menor índice de mortalidade já registrado no Estado

O Estado de São Paulo atingiu, em 1999, o menor índice de mortalidade infantil já registrado na década. Em 1998, eram registrados 18,7 óbitos para cada mil nascidos vivos, contra 17,5 no ano passado. Essa queda de 6% foi constatada principalmente entre crianças com menos de 7 dias de vida, graças às melhorias no atendimento e assistência durante a gravidez e o parto. Esses dados animadores fazem parte das últimas estatísticas da Fundação Seade, realizadas neste ano. A Fundação apresentou também informações parciais dos três primeiros meses de 2000, com índices de mortalidade de 17,9 para cada grupo de mil nascidos vivos. Esses levantamentos dão a exata noção do trabalho que vem sendo feito pelo Programa de Saúde da Mulher, criado pelo Governo Covas. Para se ter uma idéia, em 1994 esse índice era de 23,39. Desde a sua implantação em 1995, o programa gerido pela Secretaria Estadual da Saúde diminuiu também a mortalidade materna e os partos por cesariana em São Paulo. Segundo técnicos do Seade, em 1999, 51,4% dos partos realizados no Estado foram normais. Na Região Metropolitana, este índice foi de 15,7%, e, no interior, de 48,8%. Atendimento integral às mulheres e gestantes O Programa de Saúde da Mulher visa dar atenção integral às mulheres, de todas as idades, para melhorar sua qualidade de vida e conseqüentemente ampliar as perspectivas futuras da população feminina de todo o Estado. Esse projeto garante o acesso a um número maior de vagas hospitalares para mulheres e desenvolve ações de planejamento familiar, além de trabalhos em grupo com mulheres adolescentes. Por meio dele, o governo regionalizou a assistência ao parto e conseguiu dispor de maior quantidade de leitos. O programa é responsável também pela campanha de prevenção do câncer ginecológico e pelo treinamento para capacitação de equipes multiprofissionais para acompanhamento de mulheres vítimas de violência. Atendimento à gestante O atendimento à gestante é realizado em mais de 100 maternidades que recebem recursos extra do Governo do Estado para se manterem dentro dos critérios de qualidade necessários à assistência à gestante, à mãe e ao recém-nascido. Os resultados positivos já foram verificados em mais de 150 mil partos ao longo destes cinco anos. Na Capital, mais da metade das gestantes, 58,8%, fizeram pré-natal em 1999, comparecendo a mais de seis consultas durante a gestação. No Interior, os acompanhamentos médicos foram realizados em dois terços, 65,8%, das grávidas. Na Grande São Paulo, onde 51,05% das gestantes fizeram pré-natal, o Governo criou as Centrais de Vagas para Parto, que fornecem orientação e atendimento para mulheres prestes a dar à luz. Estas centrais funcionam em plantões controlados por cinco Núcleos Regionais de Saúde, com unidades de saúde e ambulatório que fazem pré-natal nos bairros da Lapa, Butantã, Centro, Brás e pelas Regionais de Saúde da Grande São Paulo. Além disso, o Governo de São Paulo está investindo no atendimento de emergência neonatal. Neste ano, o Estado está entregando um lote 60 ambulâncias-UTIs aos municípios. Nos últimos anos, entre 1995 e 1998, o governo paulista investiu R$ 3,5 milhões na criação, reforma e equipamentos de 13 Unidades de Terapia Intensiva pediátricas e neonatais nos municípios. Gravidez de alto risco Um programa de capacitação de profissionais para atendimento às gestações de alto risco começou a ser desenvolvido pela Rede Básica de Saúde. Esse projeto de medicina preventiva para a diminuição da mortalidade neonatal e da gestante de alto risco tem seu Centro de Referência no Hospital Geral do Ipiranga, que realiza mensalmente 300 partos. O hospital tem um trabalho de atendimento humanizado, sob a coordenação do Dr. Marcos Tadeu Garcia, diretor do Serviço de Ginecologia, Obstetrícia e NeoNatologia. Segundo Garcia, os profissionais são treinados para, em primeiro lugar, detectar as pacientes de alto risco, normalmente mulheres com hipertensão, diabetes e/ou passíveis de parto prematuro. Os médicos, antes de mais nada, preocupam-se em orientar estas pacientes. “É importante que estas mulheres saibam por que vão ficar internadas e se tornem conscientes de sua patologia. Ensinamos a conviver com a doença para proteger o bebê e para que elas possam levar uma vida normal, dentro de suas possibilidades, também depois do parto”, disse. Além disso, o horário de visitação para pais, familiares e filhos é liberado, para dar mais apoio e segurança às gestantes, que contam também com um telefone comunitário no andar da maternidade. Francisca Emília Fernandes, que já passou por duas gestações e está grávida de gêmeos, é uma das pacientes que recebem atendimento especial. Ela sofre de hipertesão e risco de parto prematuro. Pelo programa, além do acompanhamento médico diferenciado, ela conta com a presença da família. O marido, André Barbosa da Silva, e as filhas, Jussara e Jessica, passam boa parte do tempo com Francisca no hospital. A paciente Luciana da Silva Melo, com 28 anos, quatro gestações e três filhos vivos, está no terceiro mês de gravidez. Por ser diabética, está internada há 43 dias, sem previsão de saída do Hospital Ipiranga. Trabalhando no Programa de Frentes de Trabalho do Governo do Estado antes de ficar grávida, ela diz que está tendo uma boa gestação. “Tenho consciência dos riscos que corro e dos riscos que a criança corre e por isso procuro me manter estável”, diz. Ela está tranqüila, mesmo estando há tanto tempo no hospital. “Principalmente porque posso ver meus filhos de doze, nove e seis anos. Dificilmente eu conseguiria ficar internada tanto tempo se não houvesse essa liberdade, dos meus filhos e do meu marido poderem estar vindo a qualquer hora, e também de estarmos ligando para a família. Aqui no hospital, eles são bem flexíveis para tornar nossa permanência mais fácil”. Outro aspecto destacado por Luciana é o da orientação médica que recebe e do que está sendo feito durante o seu tratamento. Após esse parto, ela pretende entrar no programa de planejamento familiar do hospital. Prevenção do câncer ginecológico No início deste ano, o Governo do Estado entregou para a população da Capital o ambulatório do Centro de Referência da Saúde da Mulher. A unidade, que custou R$ 2,8 milhões, foi criada para atender diariamente até 2.400 pacientes. São 51 consultórios médicos – sete especializados em ginecologia – além de consultórios de planejamento familiar, sexologia, doenças sexualmente transmissíveis, oncologia, mastologia, esterilidade e cirurgia plástica reconstrutiva. Essa unidade médica está prestando atendimento à mulher, com tecnologia de ponta e, principalmente, integração de serviços, permitindo ainda que as mulheres façam a coleta de material para análises clínicas no mesmo prédio, evitando que elas se desloquem para diferentes locais. O Programa de Saúde da Mulher desenvolve também a Campanha de Prevenção do Câncer Ginecológico em parceria com o Conselho da Condição Feminina e o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo. E oferece gratuitamente exames de Papanicolau para identificação e tratamento precoce do câncer ginecológico. Realiza ai

06/01/2000


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