Sarney apóia uso e produção de software livre no Brasil



O presidente do Senado, José Sarney, participou nesta terça-feira (19) da cerimônia de abertura do seminário internacional - Software Livre e o Desenvolvimento do Brasil- e disse que o evento demonstra a disposição de tirar o país do -novo tipo de escravidão tecnológica-. O software livre é um programa de computador que permite acesso gratuito, ao contrário do chamado software proprietário, que exige pagamento pelo programa e licença de uso. Para Sarney, isto cria uma divisão entre países que dominam e que não dominam a tecnologia da informática.

- Este é um momento extremamente importante, porque o único país do mundo que havia demonstrado vontade política de apoiar o desenvolvimento do software livre era a Índia, e agora o Brasil também se coloca nesta posição. Isto terá conseqüências, não só sob o ponto de vista econômico, de poupança de royalties, como também significa despertar o talento brasileiro e a criatividade no sentido do desenvolvimento da informática - afirmou.

Sarney ressaltou que o Congresso Nacional há muito tomou posição prática sobre a questão e deu como exemplo o trabalho da rede Interlegis, pela qual o Senado coloca à disposição das assembléias legislativas e câmaras municipais softwares livres, desenvolvidos nos seu próprio centro de processamento de dados:

- Estamos demonstrando que é possível o Brasil se transformar num grande produtor de software livre. O significado disso, para o Brasil e todos os países em desenvolvimento, é libertar-se imediatamente da colonização tecnológica, sem estarem submetidos a pagar constantemente pela utilização da informática - declarou.

Também discursou na abertura do seminário o presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha, que falou sobre a economia que já está acontecendo na Casa com a utilização de software livre. O chefe da Casa Civil da Presidência da República, ministro José Dirceu, confirmou a disposição do governo Lula de -romper com o paradigma limitador do software proprietário-.

Já o ministro Roberto Amaral, da Ciência e Tecnologia, apresentou dados sobre os gastos do país - que chegaram a US$ 1 bilhão nos últimos quatro anos - com pagamentos pelo uso de programas de computador e disse que o governo pretende utilizar seu poder de compra para estimular a produção de software livre, no que chamou -política de substituição seletiva de importações-.

O ministro da Cultura, Gilberto Gil, disse que a produção de software livre no país vai permitir o surgimento de pequenas empresas e a geração de milhares de novos empregos e permitirá -a inclusão do Brasil no universo cultural contemporâneo-. O presidente da Subcomissão Permanente de Cinema, Comunicação e Informática, senador Roberto Saturnino (PT-RJ), também estava presente.

O seminário continua até a próxima quinta-feira (21) e conta com expositores como Richard Stallman, presidente da Free Software Foundation, Marcelo D"Elia Branco, coordenador do Projeto de Software Livre da prefeitura de Porto Alegre (RS), e Miguel de Icaza, presidente da Gnome Foundation.



19/08/2003

Agência Senado


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