Sarney defende política de Lula em Nova York



O presidente do Senado, José Sarney, afirmou nesta sexta-feira (29), em Nova York, que a adoção, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de medidas econômicas criticadas pelo PT no governo passado não significa agora alinhamento às idéias do PSDB. Sarney está em Nova York para participar de jantar em homenagem ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e ao presidente da JetBlue Airways, David Neeleman, homenageados com o prêmio Homem do Ano.  

No programa Bloomberg ao Vivo, a repórter Amália Maranhão disse que o subsecretário do Tesouro americano, John Taylor, fez elogios rasgados ao presidente Lula, por estar fazendo um arrocho fiscal maior que o promovido no governo de Fernando Henrique Cardoso. A repórter indagou de Sarney se isso significa o alinhamento do atual governo com o PSDB.

- O que acontece é que Lula, pela situação que encontrou quando assumiu, teve de tomar medidas muito mais fortes. Ele tinha que recuperar a credibilidade e, ao mesmo tempo, a austeridade das contas brasileiras. Nós devemos recordar que, quando Lula assumiu, o risco Brasil estava lá em cima, os juros também estavam lá em cima, e ele teve que tomar medidas muito mais duras que Fernando Henrique Cardoso.

A repórter também indagou sobre as dificuldades para aprovar, com o retorno das votações plenárias, o projeto das parcerias público-privadas (PPPs). Sarney disse não haver propriamente um entrave à aprovação dessa matéria, mas apenas um problema formal, que são as medidas provisórias que precisam ser votadas com prioridade antes de o Plenário poder deliberar sobre as PPPs.

- Com as medidas provisórias, nós ficamos impedidos de votar. Elas trancam a pauta do Congresso. Então, matérias que são muito mais importantes não podem ser votadas. E, não podendo ser votadas, é muito melhor para o governo. O governo só funciona se for através de medidas provisórias. Então nós caímos num conto, com a Constituição de 1988, porque sem a medida provisória o governo não anda e com ela a democracia fica também muito prejudicada.

No programa, Sarney foi ainda indagado se o orçamento para 2005 será aprovado sem dificuldades. Ele afirmou que seguramente será, porque o Brasil tem uma Lei de Responsabilidade Fiscal e não pode ter déficits orçamentários.

- O orçamento, quando sai do Congresso, já sai equilibrado. De maneira que os gastos do governo estão todos enquadrados dentro da disponibilidade de recursos que o Brasil obtém - afirmou.

O presidente do Senado também foi questionado sobre a proposta de reeleição para as presidências da Câmara e do Senado, ao que ele respondeu que o assunto transitou mais entre os deputados que entre os senadores e que, se continua em pauta, é mais na Câmara que no Senado.

- Para mim, de certo modo, é um assunto já superado.

A repórter perguntou então se ele abre mão da reeleição. Sarney afirmou nunca ter desejado, a essa altura de sua vida, ter por objetivo lutar para ser reeleito presidente do Senado, situação já vivida várias vezes. E lembrou: "Eu ocupei todos os cargos da República".

 



29/10/2004

Agência Senado


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