Sarney esclarece que agiu sempre dentro da lei



O presidente do Senado, José Sarney, afirmou nesta quarta-feira (24) em Plenário que os que o conhecem sabem que ele jamais cometeria qualquer ato que não estivesse embasado na lei e no Regimento Interno da Casa.

- Não posso admitir jamais que a Presidência dessa Casa sofra qualquer tipo de acusação de qualquer gesto menor, por interesse de quem quer que seja - disse ele.

Com a declaração, o presidente do Senado respondeu ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) imediatamente após este ter considerado um -golpe sujo" o adiamento da votação das matérias da ordem do dia. Sarney disse ainda que jamais deu a qualquer parlamentar o direito de pensar que ele tenha conduta subalterna, seja qual for a situação.

Sarney assumiu a presidência da sessão anunciando o desejo dos líderes da maioria de adiar a votação dos projetos da ordem do dia, para permitir que a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) continuasse deliberando sobre a proposta de reforma da Previdência. Mal ele fez o anúncio, o senador Antonio Carlos Magalhães afirmou: -Este é um golpe sujo, que não podemos aceitar-.

Estando prestes a deixar o Plenário, o presidente do Senado voltou para afirmar que todos o conhecem e sabem que -seria incapaz de praticar qualquer ato sujo na presidência da Casa, para beneficiar quem quer que seja-. O episódio rendeu inúmeras manifestações de solidariedade ao presidente do Senado, a começar pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), primeiro a exprimir sua admiração por Sarney.

O próprio senador Antonio Carlos Magalhães retomou o microfone para desculpar-se e para dizer que o episódio teve o aspecto positivo de permitir tantas expressões de amizade a Sarney. -Preferiria não ter nenhum apoio dos que tive aqui e não ter ouvido a ofensa de Vossa Excelência-, respondeu Sarney.

Em meio às expressões de solidariedade, Sarney explicou que anunciara o desejo das lideranças partidárias de adiar a ordem do dia porque, antes de sair de casa, recebera um telefonema do líder da maioria pedindo-lhe isso. Sua convicção era a de que havia entendimento unânime dos líderes para que as votações da pauta fossem adiadas.

O presidente do Senado explicou que nenhuma motivação, -nem as ofensas nem as injustiças-, o levariam a sair da conduta com que sempre pautou seu trabalho na administração da Casa.

- Minha convicção é que tinha unanimidade para que isso fosse possível. O adiamento da ordem do dia dessa Casa não é assunto inusitado. Tem sido feito muitas vezes e não havia por que eu julgasse que não fosse uma coisa acordada - explicou.

Dizendo-se um dos maiores amigos e admiradores de Sarney, o senador Antonio Carlos Magalhães disse que jamais teve a intenção de dizer que o presidente do Senado praticou um -golpe sujo-. Ele disse que seu propósito foi dizer que havia -um golpe político nesse assunto-. E esclareceu: -Não seria eu que viria aqui com a tentativa de ofendê-lo pessoalmente-. E pediu que Sarney não guarde mágoa nem ressentimento do episódio.



24/09/2003

Agência Senado


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