Sarney sustenta que Alcântara é um projeto de interesse nacional



Quatro dias depois do acidente que matou 21 pessoas no Centro de Lançamento da Base Aérea de Alcântara (MA), o presidente do Senado, José Sarney, pediu uma união de vontades para que o Brasil não abandone seu programa espacial. Ao ressaltar a localização privilegiada do centro aeroespacial, Sarney disse que esse não é um projeto particular ou militar, mas de interesse nacional, e pediu que o país não jogue fora esse trunfo.

- Vamos prestigiar a FAB e o Programa Espacial Brasileiro e não maldizer os insucessos, desprezando o idealismo e a garra da Força Aérea Brasileira, que tem prestado grandes serviços ao país. O programa espacial não pode desaparecer e deve ter ajuda para continuar.

Ao avaliar a situação atual do programa, Sarney disse que está se repetindo a situação alarmante em que ele o encontrou no início do seu governo.

- Laboratórios paralisados por falta de recursos, a comunidade científica descrente com o poder público e o investimento no setor descendo a níveis baixíssimos, o que nos colocava em posição de inferioridade, não só em relação aos países desenvolvidos, mas mesmo em comparação com países que lutam para desenvolver-se - relatou.

O presidente do Senado lembrou que, em seu governo, consciente da gravidade do problema, inverteu a situação e esforçou-se para manter uma média anual de investimentos acima de 1% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele explicou que o novo século exige o fim do monopólio do saber científico, hoje objeto de comércio, concentrado nas mãos dos países que dominam tecnologia.

- O Brasil jamais será o grande país que sonhamos se não nos dedicarmos agora, e logo, a essa tarefa redentora de estar presente nesse campo decisivo, que é o conhecimento humano, em que se jogam os destinos da história.

O senador lastimou ainda que o Brasil venha colocando a ciência e a tecnologia fora de suas prioridades.

- Os recursos que estavam alocados para o setor foram sistematicamente, ao longo dos últimos anos, menores do que os de 1989. Este fato é mais preocupante porque sabemos que, hoje, a ciência e a tecnologia são talvez mais importantes para o processo produtivo quanto os recursos naturais, os equipamentos industriais e a própria mão-de-obra.

Sarney também descartou a idéia de que, antes de enfrentar o desafio do progresso científico e tecnológico, é preciso aprofundar mudanças nas estruturas sociais do país. Para ele, o sistema produtivo passou a depender cada vez mais de uma infra-estrutura de conhecimentos, que exige um esforço coletivo.

No mesmo discurso, o presidente do Senado pediu que não sejam esquecidos os mortos na tragédia.

- Não podemos, por eles e com eles, abandonar a idéia de fazer do Centro de Lançamento de Alcântara uma referência da ciência e da tecnologia nacional. Em Alcântara temos a obrigação de erguer um monumento de nossa capacidade, o acesso ao espaço, o acesso às novas fronteiras. É o compromisso que o governo e a nação têm que levantar, abrindo caminho para a recuperação do tempo perdido. Vamos dar, aos que deram a vida, o sonho que construíam - afirmou o senador.



26/08/2003

Agência Senado


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