Saturnino diz que novo presidente da República terá que renegociar regras com o FMI
O senador Roberto Saturnino (PT-RJ) disse nesta segunda-feira (12) acreditar que o recente acordo do governo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) pode ameaçar o cumprimento de propostas dos candidatos à sucessão presidencial, como as de crescimento econômico anual de 4,5% e de geração de oito a 10 milhões de empregos nos próximos quatro anos. Na sua opinião, o maior obstáculo à implementação dessas metas é a manutenção da política de juros altos e de superávits primários de 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano."O candidato eleito terá que renegociar essas regras com o FMI logo no início do governo", afirmou.
Embora admita a impossibilidade de rompimento do acordo pelo futuro presidente da República, Saturnino sustenta que o país não terá condições de suportar "tamanho arrocho". A negociação de exigências mais flexíveis, observou, seria condição indispensável ao atendimento das demandas da sociedade por desenvolvimento econômico e social.
Para o senador petista, o acordo do Brasil com o FMI, que prevê a liberação de US$ 6 bilhões a partir de setembro, só vai "dar folga" às contas do atual governo. "O movimento do Fundo no sentido de cercar por todos os lados a manutenção da política econômica foi corroborado pela equipe econômica", declarou, preocupado com a possibilidade de a permanência das atuais expectativas sobre a economia gerar "um choque institucional grave".
A respeito de uma possível retomada do crescimento econômico amparada nas exportações, Saturnino disse que quem aposta nessa hipótese "quer enganar a si próprio". Enquanto a economia mundial não recuperar seu dinamismo, não deverá haver um crescimento expressivo nas exportações brasileiras, asseverou. "O saldo da balança comercial tem apresentado crescimento por conta da queda nas importações, e não de aumento nas exportações", assinalou o senador.
12/08/2002
Agência Senado
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