Secretaria participa do simpósio "Etanol e Biomassa"
Secretário aborda temas como queima da palha de cana e recuperação de matas ciliares
“Se eu estivesse aqui há três meses, confesso que estaria muito mais preocupado com questões ambientais e sociais referentes à expansão das atividades relacionadas à cana-de-açúcar”. Com essa declaração logo no início de sua palestra, sobre “Agroenergia, Segurança Alimentar e Meio Ambiente”, no simpósio “Etanol e Biomassa”, no Instituto de Engenharia, em São Paulo, o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, enfatizou seu otimismo com relação ao momento atual e futuro do setor, ao explicar que nos últimos meses houve excesso de expectativas, devido à expansão da atividade canavieira, mas que agora o setor está voltando à sua normalidade.
“Estamos trabalhando em um cenário em que não resta nenhuma dúvida de que bioenergia e, principalmente, o etanol abre enormes oportunidades. E São Paulo vai aproveitá-las, num contexto de uma expansão regulada e planejada”, afirmou. Para Graziano, embora crie oportunidades comerciais, a expansão da cana-de-açúcar preocupa o governo paulista, entre outros fatores, pela queima da palha de cana, prejudicial ao meio ambiente e à saúde: “Verificamos no ano passado a queima de dois milhões e quatrocentos mil hectares em São Paulo, o que representa uma área fenomenal”.
Devido a esse problema, o Governo do Estado assinou junto aos produtores um termo de ajuste de conduta, com o objetivo, entre outros pontos, de diminuir as queimas. Além disso, de acordo com o secretário, “o próprio setor, pressionado pelas notícias internacionais, resolveu reduzir essa prática mais rapidamente que a própria lei”. Ele ressaltou que se não fosse tomada nenhuma providência, a área de queima de palha de cana teria aumentado para quatro milhões e meio de hectares em cinco anos”, lembrando que “hoje, 76% da cana-de-açúcar plantada no Estado de São Paulo está em áreas mecanizadas que poderiam ser colhidas com máquinas, sem a queima”.
Outro ponto importante ressaltado, do protocolo, foi o objetivo de recuperação das matas ciliares nas áreas de canaviais. “As nossas estimativas são que talvez 600 mil hectares de matas ciliares venham a ser recuperadas em áreas de cana paulista nos próximos 10 anos”. Boa parte dessa recuperação, de acordo com o secretário, virá naturalmente com a simples interdição dessas áreas e em algumas outras haverá plantio.
Ele abordou, ainda, outro aspecto preocupante, referente à produção da vinhaça:“O acúmulo de vinhaça na mesma área deverá provocar contaminação de águas subterrâneas por nitrato, então esse assunto deverá ser melhor normalizado”. Graziano também disse ser possível que se gere muita energia a partir do bagaço da cana. “Contudo, muita energia significa muita caldeira e muita emissão, logo isso deverá ser acompanhado de investimentos no controle da poluição”.
Também participaram do debate Marcos Jank, presidente da ÚNICA - União da Agroindústria Canavieira do Estado de São Paulo e presidente da ICONE - Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais; Jair Arone Maues, coordenador de Projetos Especiais de Energias da Petrobrás; Carlos Eduardo Vaz Rossel, pesquisador da UNICAMP – Universidade de Campinas; José Luis Olivério, vice-presidente de Operações da DEDINI S/A Indústria de Base; e Luiz Célio Botuva, conselheiro do Instituto de Engenharia.
(M.S.)
08/17/2007
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