Secretário do MinC defende políticas públicas para distribuição e exibição de filmes



Durante audiência pública na Subcomissão de Cinema, Comunicação Social e Informática, nesta quinta-feira (10), o secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), Juca Ferreira, defendeu o estabelecimento de políticas públicas para distribuição e exibição de filmes brasileiros. No Brasil, advertiu, as duas atividades são monopolizadas por empresas norte-americanas, o que resulta em falta de espaço nos cinemas para a produção nacional.

De acordo com Ferreira, as empresas norte-americanas detêm 90% do mercado mundial de exibição e distribuição. A França, observou, conseguiu reverter a situação com intervenção do Estado, e o México implementou lei nesse sentido recentemente. Para o secretário, o Estado não pode investir só em produção de cinema. Dos 70 filmes produzidos no país no ano passado, ressaltou, apenas 32 serão exibidos.

- O Estado precisa ter uma política de defesa. No Brasil, cinema não é só entretenimento, é estratégico. O país precisa se ver nas imagens exibidas nas telas para ter consciência de si mesmo como nação - afirmou.

Juca Ferreira adiantou que o Ministério da Cultura pretende ter em seu área de atuação a Agência Nacional de Cinema (Ancine), mas garantiu que nada fará contra a vontade dos produtores. Ele afirmou que não há consenso sobre essa mudança - quando da criação da agência, a previsão era de que a agência seria ligada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e ela hoje está provisoriamente na Casa Civil.

O secretário acredita que a inclusão da Ancine no Ministério da Cultura poderá indicar a importância que a pasta terá no atual governo. Ele destacou que hoje o MinC tem hoje apenas 0,2% do orçamento federal e que é intenção do ministro Gilberto Gil alcançar pelo menos o percentual de 1% das verbas federais.

Segundo Ferreira, investir em cultura é -priorizar a construção de uma identidade nacional-. Além disso, afirmou, cada real gasto na área cultural representa mais retorno em renda e emprego do que em outras formas de indústria. O presidente da subcomissão, Roberto Saturnino (PT-RJ), cumprimentou o representante do Ministério da Cultura pelo novo espírito que anima o órgão e afirmou acreditar que o MinC deverá receber apoio no Congresso no sentido de receber mais recursos orçamentários. Saturnino acredita que o Congresso tem consciência que a cultura é decisiva no processo de desenvolvimento.




10/04/2003

Agência Senado


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