Seguro da safra e garantia de preço podem reduzir endividamento, diz diretor do Banco do Brasil



Implementar mecanismos destinados a frear as sucessivas renegociações e prorrogações das dívidas dos produtores rurais é o caminho natural para o fortalecimento da agricultura e do agronegócio brasileiro. Entre as providências estão o aperfeiçoamento do seguro rural e da política de garantia de preço dos produtos, disse nesta terça-feira (19) o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil, Luiz Carlos Guedes, durante audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).

Para Luiz Carlos Guedes, que esteve acompanhado pelo diretor de Agronegócios do BB, José Carlos Vaz, as constantes renegociações e prorrogações ocorridas ao longo dos últimos 20 anos vêm causando mal-estar para os agricultores, o Tesouro Nacional e os agentes financeiros, especialmente o Banco do Brasil, responsável, segundo Guedes, por mais de 60%do financiamento da agricultura. Ele também defendeu ajustes na política de crédito rural.

Risco

O presidente da CRA, senador Valter Pereira (PMDB-MS), autor do requerimento que resultou na realização da audiência pública, criticou "as regras implacáveis" que o Banco do Brasil vem dando à segurança do crédito, em detrimento ao apoio às atividades de fomento.

Nesse aspecto, Guedes apontou falhas na legislação que regulamenta o financiamento bancário, por tratar de forma igual os riscos de operações comerciais correntes e das operações de crédito aos produtores rurais. Esse fato, explicou, limita as possibilidades de apoio do Banco do Brasil ao agronegócio.

- Quando um agricultor renegocia uma dívida, sua classicação de risco aumenta, fazendo com que o banco também precise aumentar suas provisões para oferecer novo financiamento - explicou Guedes. Ele defendeu mudanças na legislação que regulamenta a classificação de risco de tomadores de crédito, considerando-se as peculiaridades do financiamento agrícola.

Crise

A senadora Kátia Abreu (DEM-TO) cobrou providências do governo para alavancar a agricultura e o agronegócio, diante da crise financeira que, observou, atinge em cheio o setor. Ela chegou a alertar que, nos últimos meses, houve queda de 32% na comercialização de fertilizantes, fato que considerou "desesperador". Kátia Abreu também propôs subvenção ao frete e criação de um fundo para a agricultura e o agronegócio, entre outras medidas, para dar maior sustentabilidade ao setor.

Já o senador Raimundo Colombo (DEM-SC) defendeu maior agilidade na liberação de recursos para frigoríficos e empresas da agroindústria que se encontram em dificuldades. Para ele, a demora na concessão dos recursos está gerando atraso no pagamento de fornecedores.

O senador Gilberto Goellner (DEM-MT) propôs que a CRA participe de um grupo de trabalho - que reúne várias entidades, entre elas o Banco do Brasil, o Banco Central e a Confederação Nacional da Agricultura - que estuda itens considerados vitais para o setor, como a reclassificação do risco dos produtores rurais.

Apesar dos problemas, agravados pela crise financeira, o Banco do Brasil, informou Luiz Carlos Guedes, ampliou em cerca de 30% o financiamento para a agricultura, com um desembolso de R$ 2 bilhões para crédito, não previsto no plano safra 2009/2010.



19/05/2009

Agência Senado


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