SEM BRASIL E ARGENTINA FORTES, MERCOSUL FRACASSARÁ, PREVÊ SUASSUNA



Ao afirmar que "o Mercosul não vai bem", Ney Suassuna (PMDB-PB) defendeu nesta quarta-feira (dia 3) a busca de soluções para que Brasil e Argentina tenham sucesso na parceria que firmaram ao constituir o bloco sul-americano. Em visita àquele país no último fim de semana, ele disse ter tomado conhecimento direto da série de dificuldades enfrentadas pela Argentina, além de ter trazido farta legislação que lhe foi fornecida pelos parlamentares argentinos.- Não nos interessa uma Argentina fraca e não é bom para o Morcosul nem para o Brasil que ela retroceda ao papel de país exportador de bens primários - observou. As conseqüências da desnacionalização da economia argentina preocuparam a tal ponto o senador, que ele anunciou que proporá à CAE um debate sobre a excessiva desnacionalização da petroquímica, siderurgia e transportes aéreos, entre outros setores, naquele país e no Brasil. "É preciso começar a pensar antes que aconteça, para não termos surpresas desagradáveis como as da Argentina", justificou.Entre as dificuldades argentinas, Suassuna destacou o temor que lá se generaliza em relação à diferença da política cambial praticada pelos dois parceiros, com prejuízo para a Argentina, que tem visto várias empresas locais se deslocarem para o Brasil. Duas outras dificuldades devem servir de alerta para o Brasil, na opinião do senador. Uma diz respeito ao desequilíbrio do balanço de pagamentos acarretado pela política de privatizações: lá a maioria das estatais foram compradas por estrangeiros e o país agora se vê na contingência de ter de enviar lucros ao exterior em dólares, quando as próprias empresas não os geram. A outra dificuldade, conforme o senador, estaria num sentimento de retorno ao período colonial, em que os argentinos tinham acesso ao mundo a partir da matriz, Madri: a privatização da Aerolineas Argentinas resultou na extinção de inúmeras linhas internacionais diretas, de modo que agora é preciso ir primeiro a Madri para, depois, através da Iberia, chegar a qualquer outro ponto do mundo. Suassuna também comentou "a sorte madrasta dos estados nordestinos": assolados por três anos de seca inclemente, os estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte vêem agora suas estradas e barragens arrasadas pelas chuvas pesadas que lá desabam, exigindo recursos para reparação. Em aparte, Luiz Otávio (PA) disse que a situação do sistema de aviação comercial brasileiro carece de solução a ser buscada conjuntamente pelos poderes Executivo e Legislativo.

03/05/2000

Agência Senado


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