Semana Monteiro Lobato é atração na Livraria Unesp



Eventos comemoram o dia do nascimento do escritor e o Dia Nacional da Literatura Infantil

As crianças vão adorar. Os adultos, também! Ambos terão, a partir de hoje, a oportunidade de mergulhar no mundo encantado e colorido de Monteiro Lobato, por conta de duas semanas dedicadas ao escritor. A iniciativa é da Fundação Editora Unesp e Livraria Unesp, em comemoração ao Dia Nacional da Literatura Infantil. Coincidentemente, neste dia, 18 de abril de 1882, nascia o homem que passou grande parte da vida a fazer livros onde as nossas crianças possam morar. Lobato morreu no dia 4 de julho de 1948. Aliás, outra coincidência marca o evento que segue aberto ao público até o final do mês: a sede da Livraria Unesp, na Praça da Sé, mesmo local onde Lobato instalou sua própria editora nos anos 20 – a Monteiro Lobato e Cia., que se destacava pelos livros bem impressos, projetos gráficos apurados e sofisticados e revisão ortográfica impecável. Seis meses após a inauguração, transformou-se numa das principais editoras do País.

Na abertura, muito de Lobato será revivido, por meio de exposição de fotos e dados biográficos, exibição de vídeos e de livros do e sobre o autor. Cinqüenta alunos da 4ª série da Escola Municipal de Ensino Fundamental Sérgio Milliet visitarão a livraria, participarão da contação de histórias, além de oficina, comandada pela artista plástica Márcia Brito, do Atelier Caixa Dágua. “É uma atividade muito interessante. As crianças serão convidadas a confeccionar o lápis Saci Pererê, com o qual assinarão o livro de presença, além de desenhar e escrever”, informa Márcia. Na verdade, os estudantes farão a cabeça do Saci a partir de um modelo criado pela artista, que traz, na bagagem, banco de olhos, de bocas, de narizes e o gorro, para as crianças montarem. Tudo isso intermediado com histórias da Emília, do Saci, da Dona Benta, enfim, dos personagens criados por Lobato. 

Multiplicar as idéias – Na homenagem à família, representada pela neta do escritor, Joyce Campos Kornbluh e seu marido, Jorge Kornbluh, haverá descerramento de placa e painel fotográfico alusivos à sede da editora de Monteiro Lobato no edifício Editora da Unesp  e Livraria Unesp, que compartilham os mesmos princípios, segundo José Castilho Marques Neto, diretor da Fundação e da Livraria. Para ele, editar é uma função muito mais ampla que a de publicar livros meramente com o objetivo comercial. “Nesse aspecto, nosso pensamento é o mesmo do homem que revolucionou a literatura infantil no Brasil: ‘editar é o que existe de mais sério para um país. Significa multiplicar as idéias ao infinito, e transformá-las em sementes soltas ao vento, para que germinem onde quer que caiam’”.

Para a neta Joyce, que conviveu com Lobato até os 18 anos, as homenagens ao avô são sempre bem-vindas. “Desde a morte de minha mãe, em 1995, assumi o posto de representar a família nos encontros sobre o meu avô. Quanto mais se falar dele melhor. Não lembrar, aí sim, seria uma tragédia”.  

Doces lembranças – Hoje Joyce divide com o marido Jorge a tarefa de cuidar dos direitos autorais de Lobato. Já a Editora Globo é responsável pela publicação das obras. Em 2007, em depoimento à escritora lobatiana Márcia Camargos, Joyce transformou a convivência com Lobato no livro Juca e Joyce – Memórias da neta de Monteiro Lobato. Enriquecido com fotos de autoria do próprio Lobato, clicadas a partir de uma câmara Rolleiflex, que substituiu uma velha Kodack, o livro mostra o entusiasmo do avô em retratar a neta. “Estou avô, já sabes, duma americanazinha, a Joyce”, diria Lobato numa das cartas ao grande amigo Godofredo Rangel, em 1930. Joyce, por sua vez, abre o capítulo 1 – Vovô e eu – com o comentário: “Para mim, vovô não era Lobato, era Juca”. Mais adiante, fala do ciúme que tinha do avô, das idas a Campos do Jordão, de um passeio de lancha em Santos, do balé Morte do Cisne, assistido em Salvador. Entre outras lembranças, estão a visita de amigos ilustres à casa do avô, como Luiz Carlos Prestes, e outras a quem Lobato oferecia Biotônico Fontoura como aperitivo.

Jorge, o marido, guarda doces lembranças de Lobato, desde quando sua família chegou ao Brasil, em 1941, vinda da Polônia. “Por essa época, tive escarlatina. Por estar de molho, meus pais me deram o livro Dom Quixote para crianças, adaptação de Lobato. Foi meu primeiro contato com o escritor. Anos mais tarde, casei-me com a neta dele e fiquei para sempre ligado à família”, revela, em tom de brincadeira. Segundo ele, de setembro de 2007 a 31 de março deste ano, mais de 80 mil livros, entre literatura infantil e adulta do escritor, foram vendidos. Em abril, quase oito mil títulos de Caçadas de Pedrinho foram encomendados à Editora Globo para impressão. 

Maria das Graças Leocadio

Da Agência Imprensa Oficial 



04/18/2008


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