SENADO APROVA GUSTAVO FRANCO PARA PRESIDENTE DO BANCO CENTRAL



O plenário do Senado aprovou hoje (dia 12), por 56 votos favoráveis, 10 contrários e uma abstenção, o nome do economista Gustavo Franco para a presidência do Banco Central, em substituição a Gustavo Loyola. A sessão foi aberta, mas os votos dos senadores foram mantidos em segredo, de acordo com o regimento do Senado.

A mensagem do presidente da República indicando Gustavo Franco havia sido aprovada na semana passada pela Comissão de Assuntos Econômicos, depois que o senadores o sabatinaram. Diretor da área internacional do Banco Central desde setembro de 93, Gustavo Franco é um dos chamados "pais" do Plano Real. Mestre e Ph.D em Economia pela Universidade de Harvard, o novo presidente do BC ocupou antes o cargo de secretário adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda.

Durante a discussão da mensagem presidencial, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu que o presidente Fernando Henrique Cardoso amplie novamente o número de integrantes do Conselho Monetário Nacional, que antes contava com representantes de empresários e de trabalhadores. Hoje, os titulares do CMN são apenas os ministros da área econômica e a diretoria do Banco Central.

Suplicy propôs ainda que as reuniões do Conselho Monetário Nacional sejam transmitidas pela rede de televisão e de rádio do governo federal, tal a importância das decisões que toma. Conforme o senador, a TV Senado também poderia retransmitir as reuniões do CMN. Ele manifestou esperança de que Gustavo Franco "mude de opinião sobre a rigidez cambial do Plano Real".

O senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Congresso, afirmou que a escolha de Gustavo Franco "sinaliza que as âncoras do Plano Real não vão mudar" e seu nome "significa tranqüilidade" para o mercado e para os investidores estrangeiros.

arruda lembrou que Franco foi um dos idealizadores da chamada "âncora cambial" e é seu incondicional defensor. "Foi essa âncora que permitiu resistir aos especuladores, possibilitou o controle de preços (pela competição entre a produção nacional e os bens importados), forçou a modernização do sistema produtivo brasileiro e impediu que monopólios e oligopólios se beneficiassem de uma economia fechada e protecionista, abrindo-a ao mundo".

- Para ver que o Plano Real deu certo, basta dizer que a inflação caiu de 7.000% ao ano para apenas 7% ao ano. A inflação de um ano agora é igual à inflação de apenas três dias antes de se adotar o Real. Além disso, o PIB cresceu com o Real o dobro da média dos 15 anos anteriores a 94- assinalou Arruda.

Já Osmar Dias (PSDB-PR) pediu ao novo presidente do Banco Central que a instituição seja mais rigorosa ao analisar a capacidade de endividamento quando algum estado ou município encaminhar ao Senado pedido de tomada de empréstimos. "Que o Banco Central tome mais cuidado nesses endividamentos", disse.

Lauro Campos (PT-DF) recomendou que o presidente Fernando Henrique "tenha mais cautela" ao indicar ao Senado nomes para o Banco Central. Afirmou que Gustavo Franco "entrou em colisão direta" com o presidente por ter sugerido que a paridade real-dólar, à época de implantação do programa econômico,"deveria ter ficado em apenas R$ 0,50 para cada dólar". O presidente, em entrevista, conforme Lauro Campos, já admitiu que a paridade da época deveria ter ficado próxima de um real para um dólar. "Essa proposta de Gustavo Franco de um dólar para 50 centavos de real chega às raias da loucura", opinou o senador petista.



12/08/1997

Agência Senado


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