Senado aprova Meirelles para o Banco Central



O Senado aprovou por 39 votos favoráveis, 12 contrários e uma abstenção o nome do ex-presidente mundial do Banco de Boston Henrique Campos Meirelles para a presidência do Banco Central. Como acontecera na véspera na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) apresentou documentos reunidos pela CPI dos Bancos que apontam o Banco de Boston como uma das instituições que mais ganharam na crise cambial brasileira de 1999.

- Não estou atentando ou fazendo qualquer acusação contra a honra do doutor Henrique Meirelles. Digo apenas que foi declarado pelo senador eleito do PT, Aloizio Mercadante, na CPI dos Bancos, que o Banco de Boston alterou sua posição aqui no Brasil, na véspera da maxidesvalorização de janeiro de 1999, em U$ 95 milhões - disse o senador.

Antero Paes de Barros disse que vai requerer uma cópia do contrato de aposentadoria de Henrique Meirelles com o Banco de Boston para apurar se há algum impedimento ético.

- Quero saber se há algum impedimento ético, se por exemplo ele se sentiria constrangido em comandar uma investigação ou adotar alguma eventual punição contra o banco que lhe paga a aposentadoria integral, como ele próprio declarou que recebe, na sessão da CAE - disse o senador, em entrevista.

Em defesa de Henrique Meirelles, o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) disse que a CPI dos Bancos não levantou qualquer questão contra Henrique Meirelles, mas sim contra a diretoria atual do Banco Central.

- A pergunta que deveria ter sido feita ao doutor Henrique Meirelles, não foi feita, e é a seguinte: se houver um processo contra o Banco de Boston, qual será a postura dele como presidente do Banco Central?

Dutra também estranha que um senador do PSDB levante questões éticas contra Meirelles, quando o próprio partido não hesitou em convidar o então banqueiro para integrar seus quadros.

O senador Jefferson Péres (PDT-AM) voltou a criticar a pressa em votar o nome de Meirelles, antes que se apure se há algum impedimento de ordem ética contra ele.

- Por que tanta pressa? Por medo do mercado? Ora, isso é um mito. O correto seria deixar no cargo o doutor Armínio Fraga, esperar mais um pouco, até que o Banco Central esclarecesse tudo, se há algum problema de ordem ética ou legal. Eu, particularmente, tenho razões até mesmo para duvidar da legitimidade do mandato que ele conquistou em Goiás - disse Jefferson Péres.

O senador José Jorge (PFL-PE) disse que o Banco Central não pode ser governado por um banqueiro, e lamentou que o PT não tivesse escolhido um economista de seus próprios quadros para o cargo. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que, como senador, já votou em dez indicações para o BC e que só disse -não- para Armínio Fraga.

- Mas reconheço que ele teve uma atuação correta à frente da instituição. Hoje, eu votaria a favor dele - afirmou Suplicy.

Os senadores Artur da Távola (RJ) e Geraldo Melo, ambos do PSDB, elogiaram Henrique Meireles, e disseram que o PT finalmente assume uma posição realista, agora que chega ao governo, e constata que é preciso compromisso com a responsabilidade fiscal, com as exigências do Estado moderno, que deve ser um mediador dos interesses das classes sociais.



18/12/2002

Agência Senado


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