Senado homenageia os 48 anos de Brasília na terça-feira
O Senado Federal realizará sessão especial nesta terça-feira (29), às 10h, para comemorar o 48º aniversário de Brasília. A proposta foi apresentada pelo senador Adelmir Santana (DEM-DF), que destaca na justificação do requerimento ser essa homenagem um imperativo de ordem cívica.
"Brasília é patrimônio e orgulho do Brasil - fruto do trabalho de legiões de brasileiros que ouviram o chamado e aceitaram o desafio do saudoso presidente Juscelino Kubitschek, maior estadista brasileiro, de tornar realidade o sonho de interiorizar a capital do país", afirma o senador.
Interiorização da capital
Coube ao Frei Vicente do Salvador (1564-1639), um dos pioneiros no registro da história do Brasil (século 17), criticar os portugueses por não estenderem o processo colonizador até os sertões brasileiros: "Sendo - os portugueses - grandes conquistadores de terras, não se aproveitam delas, mas contentam-se de as andar arranhando ao longo do mar como caranguejos".
Em 1789, a Inconfidência Mineira já defendia a mudança da capital do Rio de Janeiro para São João Del Rey, em Minas Gerais.O país novo e liberto sonhado pelos inconfidentes teria sua capital no interior. O sonho perdurou durante dois séculos, tendo empolgado José Bonifácio e o jornalista Hipólito José da Costa.
Indo estudar em Portugal, Hipólito José da Costa (1774-1823) inscreveu-se em três cursos superiores na Universidade de Coimbra, onde se formou em Filosofia, aos 22 anos; em Direito, aos 23 anos, e em Letras, aos 24 anos. Era defensor da necessidade de se transferir a capital para o Planalto Central, como se percebe pela leitura de seus artigos. Hipólito se inspirava nas idéias do Iluminismo, uma filosofia do chamado Século das Luzes, nascida na Europa entre os séculos 17 e 18, cujos seguidores buscavam uma explicação científica para tudo.
Em 9 de outubro de 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) tratou de conferir caráter institucional ao capítulo sobre a interiorização da capital, quando redigiu instruções aos deputados da província de São Paulo às cortes de Lisboa, sugerindo a criação de uma "... cidade central no interior do Brasil, para assento da Corte de Regência, que poderá ser na latitude, pouco mais ou menos de 15 graus...".
Em O Legislador da Construção de Brasília, José Asmar relata o diálogo ocorrido - em praça pública - entre Juscelino e um "popular", que viria selar a decisão do futuro presidente da República para construir Brasília:
"A fagulha decisiva saíra da boca de um cidadão, no comício do candidato à Presidência da República em Jataí, Sudoeste de Goiás. JK apanha como gancho a cobrança do coletor estadual Antônio Carvalho Soares, o Toniquinho:
- O senhor vai cumprir a Constituição, que determina a mudança da Capital Federal?
-Vou!"
A partir daí, era o dia 4 de abril de 1955, "JK marreta a bigorna" e já no comício seguinte, em Porto Nacional, reafirmava:
- É compromisso indescartável!
Crônica
Na crônica "Carta para Depois", o escritor e poeta Paulo Mendes Campos mostra o momento culminante daquele grande esforço nacional - após a construção -, que foi a inauguração de Brasília, meta síntese da administração JK. Nesse texto, Paulo Mendes Campos traduz, sobretudo, o clima de confiança e satisfação que tomou conta dos que aqui se encontravam naquele histórico 21 de abril de 1960.
"A noite foi veneziana; e foi na China que os venezianos aprenderam a fazer fogos de artifício; e eu imaginava a velha Pequim do tempo de Marco Polo e a nova Brasília, bela e cheia de sentido; e, ao longo dos séculos, pude ver o sofrimento e a esperança dos homens; e coloquei Brasília ao lado da esperança", escreveu o poeta.
Brasília pronta, após os três anos e dez meses que duraram sua edificação, contribuía para desfazer mitos históricos - e perversos - relacionados com supostas limitações que teriam origem na miscigenação do povo brasileiro. Brasília deu oportunidade para os brasileiros se revelarem para si próprios, a par de haver merecido a admiração dos mais destacados intelectuais, artistas e políticos de todas as partes do mundo.
25/04/2008
Agência Senado
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