Senado lembra centenário de nascimento de Salvador Allende



O Senado irá homenagear na sessão plenária da quarta-feira (17), às 14h, o ex-presidente do Chile Salvador Allende, pela passagem do centésimo aniversário de seu nascimento, ocorrido no dia 26 de junho. O requerimento solicitando o evento é de autoria do senador Aloizio Mercadante (PT-SP).

Médico, político e estadista chileno, Salvador Allende foi o primeiro marxista assumido a ser eleito presidente de um país na América latina, nas eleições presidenciais do Chile de 1970, mas também entrou para a história da política mundial como o primeiro marxista a chegar ao poder pelas urnas, como candidato da coalizão de esquerda Unidade Popular. Em 11 de setembro de 1973, com apoio ostensivo dos Estados Unidos, as Forças Armadas do Chile, comandadas pelo general Augusto Pinochet, deram um golpe de Estado e derrubaram o governo de Allende.

Há duas versões para a morte de Allende: a primeira de que ele teria se suicidado no Palácio de La Moneda, cercado por tropas do Exército, quando viu que estava acuado pelos militares; a segunda versão é de que ele foi assassinado pelas tropas invasoras. De acordo com os que acreditam na primeira versão, Allende se matou com um fuzil automático AK-47 que lhe foi dado de presente por Fidel Castro. A sobrinha de Allende, a escritora Isabel Allende, é uma das pessoas que acreditam que seu tio foi assassinado pelos militares.

Para Mercadante, Allende é, sem dúvida, "um dos grandes exemplos e símbolos latino-americanos de luta por um mundo mais justo e democrático." O efêmero governo de Allende, observou o senador, motivou toda uma geração a sonhar e a empenhar-se no combate contra as injustiças e as desigualdades, numa época em que o continente afundava no autoritarismo político e na exclusão social.

- Seu fim trágico, assassinado no Palácio La Moneda, o converteu num mártir das causas democráticas e sociais. Particularmente para o Brasil, Allende também significou refúgio e aprendizado para toda uma geração, que aprendeu a ser latino-americana graças à generosidade chilena - disse Mercadante.

Allende começou sua carreira política ainda na Universidade do Chile - onde se formou em Medicina - quando foi eleito, em 1927, presidente do Centro de Alunos. Na mesma época, entrou para a Maçonaria, seguindo uma tradição familiar, e em 1933 foi um dos fundadores do partido Socialista do Chile. Em 1937, elegeu-se deputado, e assumiu, de 1939 a 1942, o cargo de ministro da Saúde. Em 1952, foi senador pelo partido Socialista do Chile, cargo que ocupou durante 25 anos.

Allende perdeu três vezes as eleições presidenciais (em 1952, 1958 e 1964), só conseguindo vencê-las em 1970. Durante seu governo, nacionalizou minas de cobre, a principal riqueza do país, e passou as minas de carvão e os serviços de telefonia para o controle do Estado. Também aumentou a intervenção nos bancos e fez uma reforma agrária, desapropriando grandes extensões de terras improdutivas e entregando-as aos camponeses.

Quando morreu, Allende tinha 65 anos, e tornou-se uma das primeiras vítimas da ditadura militar chilena, que durou 17 anos e deixou cerca de três mil mortos ou desaparecidos.



12/09/2008

Agência Senado


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