Senado se despede de Jorge Amado, "o contador de histórias da Bahia"



Por quase duas horas, 22 senadores ocuparam a tribuna na tarde desta terça-feira (dia 7) para homenagear o escritor Jorge Amado, que morreu nesta segunda (dia 6), em Salvador, aos 88 anos. Foi aprovado requerimento, encabeçado pelos parlamentares da Bahia, em que os senadores manifestam profundo pesar pela morte do escritor e enviam condolências à sua família, ao governo da Bahia e à Academia Brasileira de Letras. Também foi aprovado requerimento para que o Senado realize uma sessão especial de homenagem ao romancista.

Antonio Carlos Júnior (PFL-BA), o primeiro signatário do requerimento de pesar e o primeiro a discursar, afirmou que os brasileiros perderam "o maior contador de histórias da Bahia, o maior que o Brasil conheceu". Lembrou que seus livros venderam, só no Brasil, 20 milhões de exemplares, e suas obras foram publicadas em mais de 60 países, com tradução para mais de 40 idiomas.

- O Jorge Amado conhecido de todos é o Jorge contador de histórias. O Jorge sensual de Gabriela, de Tieta, de Esmeralda, de Dona Flor, de Tereza. Das tramas bem urdidas que, com malícia e talento, criaram um universo paralelo do cotidiano, influenciado pela realidade e a ela influenciando - observou Antonio Carlos Júnior.

O senador lembrou que, além de escritor reconhecido, Jorge Amado foi combativo deputado constituinte em 1946, à época filiado ao Partido Comunista. "Ele foi o deputado federal que, comunista, lutou pela liberdade religiosa. Perseguido, cassado, preso, exilado, jamais abdicou de sua crença; jamais deixou de amar e ser amado por sua terra; de demonstrar esse amor a cada passo de sua trajetória".

Ainda sobre as atividades políticas do escritor, Antonio Carlos Júnior destacou que Amado lutou contra a censura política e biografou Luiz Carlos Prestes, o "Cavaleiro da Esperança", líder comunista. O senador revelou que guarda em seu gabinete uma carta que Jorge Amado enviou a seu pai, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães, onde o escritor fala da amizade entre os dois.

07/08/2001

Agência Senado


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