Senador quer levar a 40 municípios sucesso de experiência educacional no Piauí
O sucesso escolar de meninos e meninas da cidade de José de Freitas (PI), que alcançaram notas melhores depois de participar de um projeto piloto de informatização da educação pública, poderá repetir-se nos 40 municípios do país que contam com os piores resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A proposta foi apresentada pelo senador Wellington Dias (PT-PI) em audiência pública realizada nesta quarta-feira (10) sobre o tema, promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
Autor do requerimento para a realização da audiência, cujo tema foi "A interface entre a educação brasileira e as inovações tecnológicas", Wellington Dias recordou que José de Freitas, um município de pouco mais de 30 mil habitantes, tinha um dos piores índices no Ideb antes da implantação do projeto piloto, em conjunto com o Grupo Positivo e acompanhado pela Fundação Carlos Chagas e por universidades do Rio Grande do Sul e do Piauí. Depois da iniciativa, segundo informou, conseguiu ultrapassar a média nacional do Ideb.
- Parece um investimento elevado e é. Mas, quando a gente calcula o custo da repetência e da evasão escolar, é muito mais barato. Temos hoje aproximadamente 700 municípios brasileiros puxando para baixo a avaliação escolar. Quero que o Brasil seja nivelado. Por isso, sugiro que façamos em 40 municípios, inicialmente, o que fizemos em José de Freitas - afirmou Dias.
Experiência
A experiência daquela cidade do Piauí envolveu 2 mil alunos da primeira à quinta séries do ensino fundamental e incluiu mais de 600 horas de treinamento de profissionais de educação, segundo revelou na audiência o diretor comercial do Grupo Positivo, Ruy Rocha Loures. Em um município tão pobre, relatou, foi possível identificar como os pais dos alunos perceberam que a educação era o "único caminho para que os filhos viessem a melhorar de vida".
Recursos Humanos
O segundo vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Jesualdo Pereira Farias, observou que o Brasil hoje se destaca no cenário internacional entre os 12 países que mais produzem ciência.
Ele ressaltou, no entanto, a necessidade de as universidades federais serem dotadas dos recursos humanos necessários ao acompanhamento de processos de inovação tecnológica. Segundo o professor, muitos pesquisadores ainda encontram dificuldades para requerer patentes e não conhecem o marco legal relacionado à inovação.
A velocidade do processo de inovação mundial foi lembrada pelo superintendente da área de universidades da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, Victor Hugo Gomes Odorcyk. Ele observou que muitos dos produtos que usaremos dentro de 10 anos ainda nem foram inventados. Por isso, chamou atenção para a necessidade de aperfeiçoar e acelerar a formação de recursos humanos para o setor.
- Existe um desbalanço entre a velocidade da tecnologia e a velocidade da formação de nossos recursos humanos - alertou.
Centros de Excelência
Durante o debate, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) sugeriu a criação de um Sistema Nacional do Conhecimento. Ele recordou que o sucesso brasileiro na exportação de soja e de aviões tem sua origem nas pesquisas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
- Temos que ter algumas dezenas de centros de alta excelência, em áreas como as de nanotecnologia, fármacos e informática. E não vejo ambição brasileira para isso - disse o senador.
O senador Paulo Bauer (PSDB-SC), que presidiu a audiência, disse considerar a inovação e a tecnologia como "ferramentas fundamentais para a educação". Ex-secretario de Educação de Santa Catarina, ele informou que em seu estado cada escola pública já conta com seu próprio laboratório de informática.10/08/2011
Agência Senado
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