Marinor quer levar senadores a conhecer realidade de municípios ao redor de Belo Monte
Matéria retificada às 19h30
A líder do PSOL, senadora Marinor Brito (PA), informou nesta quinta-feira (15) que está organizando uma comitiva de senadores para visitar os municípios do estado do Pará que integram a região do Xingu, na área de influência da projetada usina hidrelétrica de Belo Monte. A previsão é de que a comitiva se desloque para a região no fim de março, em período que também coincidir com a realização de seminário técnico que se destina a avaliar os impactos sócio-ambientais do projeto.
As atividades estão sendo organizadas em associação com o movimento Xingu Vivo. De acordo com Marinor, os parlamentares vão ter a oportunidade de conhecer a realidade da região, no seu entendimento historicamente prejudicada por ações de desenvolvimento sem sustentabilidade social e ambiental. Ela citou os projetos oficiais de ocupação de áreas da Amazônia dos anos 70.
Até o momento, informou Marinor, cinco senadores já manifestaram interesse em integrar a comitiva. Entre eles, citou Paulo Paim (PT-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Cristovam Buarque (PDT-DF).
- Não se trata de ser contra ou a favor da geração de energia, mas sim de mostrar que existem alternativas que produzem menos impactos negativos e a custos mais reduzidos - salientou.
De acordo com Marinor, estudos produzidos por um grupo de pesquisadores, professores universitários e estudantes, que integram o chamado Painel de Especialistas, mostram dados preocupantes em relação ao projeto de Belo Monte. Um dos aspectos sensíveis seria a perspectiva de chegada à região de aproximadamente 150 mil pessoas, atraídas pela promessa de empregos, enquanto a oferta total prevista seria de apenas 20 mil postos e já existiriam mais de 19 mil desempregados somente no município de Altamira.
Até o momento, afirmou ainda a senadora, ainda não teriam sido iniciadas as ações de contrapartida social, como a construção de habitações e serviços se saneamento para as populações que devem ser atingidas.
Ainda de acordo com a senadora, o estudo apresentado ao Ibama menciona que apenas três municípios sofrerão os impactos do projeto, mas o Painel de Especialistas cita outros onze, com severa redução dos níveis de águas nos rios afluentes. Também falou que seria pouco comentado que a usina deve funcionar apenas seis meses por ano, devido ao ciclo irregular das chuvas e conseqüente redução do nível das águas do Xingu.
Apesar de o Ibama já ter expedido a licença ambiental para a instalação do canteiro de obras da usina agora em fevereiro, Marinor observou que o Ministério Público Federal no Pará está questionando a medida. Segundo ela, os questionamentos dos procuradores estão permitindo maior conhecimento sobre as insuficiências do projeto e, em conseqüência, uma reação mais firme da sociedade.
- É por isso que não posso acreditar que a construção de Belo Monte seja considerada irreversível - afirmou.
17/02/2011
Agência Senado
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