Senadores abrem sessão lamentando morte de Dante de Oliveira
Os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Sibá Machado (PT-AC) e Paulo Paim (PT-RS) foram os primeiros parlamentares a se manifestarem em Plenário, nesta sexta-feira (7), para lamentar a morte do político Dante de Oliveira que, ao apresentar, como deputado federal, uma proposta de emenda à Constituição para a volta das eleições diretas no Brasil, deu início ao processo de redemocratização no país, que culminou com a campanha Diretas Já. "O Brasil está triste, a democracia está triste", queixou-se Paim. "Sua coragem está cravada na memória de cada brasileiro", disse Sibá Machado. "Pranteio e sei que isso alcança o coração da Casa como um todo", afirmou Arthur Virgilio, sufocando as lágrimas.
Na presidência da sessão, Arthur Virgílio apresentou requerimento para a inserção em ata de voto de pesar e para que a mãe, esposa e irmãos do ex-governador do Mato Grosso Dante de Oliveira fossem informados da iniciativa do Senado. Na mesma sessão, o parlamentar comunicou à Casa que os senadores Antero Paes de Barros (PSDB-MT), Serys Slhessarenko (PT-MT) e Jonas Pinheiro (PFL-MT) representariam a Casa no enterro do ex-governador, em Cuiabá.
- Quero me somar à iniciativa desse requerimento, que não é só sua, mas de todo o povo brasileiro. Dante de Oliveira era o símbolo do próprio processo democrático - disse Paulo Paim.
O senador gaúcho lembrou que, em 1982, acompanhou vários comícios pela realização de eleições diretas, subindo em palanques onde estavam Arthur Virgilio, Leonel Brizola, Luiz Inácio Lula da Silva, Olívio Dutra e Ulysses Guimarães.
- Eu falava como sindicalista, mas, quando se falava no nome de Dante de Oliveira, aquela massa que assistia os comícios tinha o seu momento de mais alta devoção, porque aquele era o autor da emenda das diretas. É com muito carinho e com muito respeito que quero assinar esse requerimento de solidariedade a toda a família. O Brasil perde um grande, um brilhante homem público - ressaltou.
Paim disse ainda que, com essa morte, o Brasil e a democracia perderam. Mas, "lá no céu, nesse momento, Dante está olhando para cá e dizendo que cumpriu sua tarefa e espera que a gente faça a mesma coisa, na linha de defender a liberdade, a igualdade, a solidariedade e a democracia".
Também emocionado, o senador Sibá Machado se disse colhido de surpresa pela notícia da morte. O parlamentar recomendou que o requerimento de pesar apresentado por Arthur Virgilio fosse aprovado como um documento de toda a Casa, pois disse ter certeza de que os 81 senadores teriam o orgulho de assiná-lo.
- Falo, em nome de minha bancada, que tenho a maior honra de assinar esse requerimento. O nome Dante de Oliveira simboliza uma coragem que deve ficar cravada na memória de cada um dos brasileiros e brasileiras por todas as gerações. A contribuição à cidadania e ao processo de redemocratização, aquela emenda constitucional para que o Brasil tivesse eleições diretas, tudo isso está acima de qualquer conceituação ideológica e explica o respeito que tivemos e continuaremos a ter pela memória de Dante - disse Sibá.
No mesmo tom de comoção, Arthur Virgílio disse que pranteava ali o amigo com o qual chegou à Câmara dos Deputados em 1982, formando um grupo que movimentava a esquerda do PMDB e que ficou afetuosamente conhecido como o grupo dos "Capuchinhos", porque quase todos usavam barba, a exemplo dos freis capuchinhos da ordem dos Fransciscanos.
- Honrava-me ser amigo de Dante e pressinto que sua morte dificilmente será amenizada. Dante de Oliveira é um nome que a Nação jamais esquecerá - disse Virgílio.
Deputado pelo PMDB no início da década de 80, Dante de Oliveira foi autor da proposta de emenda à Constituição que previa restabelecer as eleições diretas para presidente da República. A proposta, mesmo rejeitada em 1984, deu início à campanha das Diretas Já e marcou a carreira política do ex-governador, que ficou conhecido como o autor da "emenda Dante de Oliveira".
- Eu ouvia falar na campanha pelas diretas através da televisão e, para mim, Dante de Oliveira era um herói. Ele cravou seu nome na história pela sua coragem - louvou ainda Sibá Machado.
07/07/2006
Agência Senado
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