Senadores cobram maior participação da ONU na agenda ambiental




Diante do diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner, nesta terça-feira (26), o senador João Pedro (PT-AM) cobrou da ONU liderança mais ativa na discussão da agenda global para o meio ambiente. Na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), ele disse que o órgão deve se "afirmar" já na conferência Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro, no ano que vem, para tratar do meio ambiente e do clima no planeta.

- A ONU tem que estar presente com proposições, exercendo papel importante e reafirmando compromissos com a humanidade e com a questão ambiental - defendeu João Pedro.

Ao responder, Steiner admitiu que o órgão não sempre consegue atuar com a força necessária. A questão de fundo seria a ausência de consenso entre os países-membros em relação aos temas dessa agenda. Como disse, muitas vezes a "ONU é tudo, menos as nações unidas". Porém, destacou que antes de tudo esse é um problema dos países associados e não do órgão.

- O que deve ser perguntado é se os estados membros estão cuidando suficientemente da ONU, a fim de permitir que ela cuide das questões do desenvolvimento pela perspectiva ambiental - observou Steiner.

A audiência debateu as perspectivas da economia verde no Brasil e no mundo e a realização da Rio+20 na capital fluminense, que será o segundo balanço decenal dos avanços e impasses na agenda ambiental desde a reunião Rio 92, realizada na mesma cidade. O autor do requerimento foi o presidente da CMA, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Segundo ele, o debate do dia revela o engajamento do Senado na temática.

Rollemberg disse ser cada vez mais evidente o colapso da economia baseada no carbono e no uso extremo dos recursos naturais - a chamada de "economia marrom". O modelo seria insustentável não apenas na área ambiental, mas também na social e na própria racionalidade econômica de longo prazo.

- A rápida acumulação de riqueza, obtida às custas da predação dos recursos naturais e da desigualdade social, é seguida por crises que cada vez mais evidenciam o esgotamento do velho paradigma de produção e consumo - avaliou.

Cícero Lucena (PSDB-PB) disse que o Brasil apareceu como "vilão" quando o tema ambiental ganhou maior projeção. Hoje, no entanto, destacou que o país passou a ser líder pelos compromissos assumidos e as ações implementadas. Blairo Maggi (PR-MT) observou, no entanto, que "economia verde" é um conceito amplo, indo muito além do debate centrado na questão agrícola e na controvérsia sobre se novas áreas de plantio devem ou não ser abertas.

- Poucos países possuem estoque de áreas agricultáveis como o Brasil, mas não sei se a sociedade vai querer trocar áreas de preservação por mais produção. Por isso, o terceiro elemento é a biotecnologia e a transgenia, o avanço da ciência, mas esse é um ponto contra o qual muita gente se opõe - comentou Blairo Maggi.

O senador Anibal Diniz (PT-AC) avaliou que é falso o debate nos termos de que ou se produz mais alimentos ou se preserva a cobertura vegetal e os rios. Segundo ele, órgãos de pesquisa do próprio país estão oferecendo soluções técnicas para permitir mais produção sem poluição e com preservação de áreas verdes.

Participaram ainda dos debates os senadores Pedro Taques (PDT-MT), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Ciro Nogueira (PP-PI).

Para ver a íntegra do que foi discutido na comissão, clique aqui.



26/04/2011

Agência Senado


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