Senadores da Bahia pedem desconcentração de recursos do BNDES
Na audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) nesta terça-feira (21), os senadores pelo PFL da Bahia - Antonio Carlos Magalhães, César Borges e Rodolpho Tourinho - cobraram do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, a desconcentração dos investimentos da instituição, de forma a distribuir os recursos para reduzir as desigualdades regionais.
Eles também reclamaram que a excepcionalidade de tratamento concedida à Prefeitura de São Paulo, cuja autorização para tomar empréstimo de R$ 493,8 milhões do BNDES está em análise na CAE, deve ser estendida a outras cidades e estados. Por fim, eles lamentaram as declarações consideradas -preconceituosas- da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, que criticou os senadores pelo Nordeste por pedirem mais tempo para analisar o seu pedido de empréstimo.
Sem contestar o mérito do financiamento oferecido a São Paulo, Antonio Carlos lamentou que o Nordeste seja -muito desprezado- pelo BNDES. Segundo ele, enquanto uma grande quantidade de recursos é destinada à capital paulista, os metrôs de Recife, Fortaleza e Salvador encontram todo tipo de dificuldade junto ao Tesouro Nacional e ao BNDES para a liberação de recursos. Ele disse que, apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter prometido resolver o problema dos metrôs, até agora nada foi feito.
- Essa excepcionalidade que existe para São Paulo poderia existir para outras cidades, especialmente do Nordeste, onde a população é mais carente. Não tenho nada contra São Paulo, mas a favor de todo o Brasil - afirmou o senador, receoso de que a grande quantidade de recursos oferecidos a São Paulo inviabilize projetos em outros estados.
Na mesma linha, César Borges apontou que, dos investimentos do BNDES neste ano, de R$ 19 bilhões, o Sudeste recebeu 55%; o Sul, 23%; o Nordeste, 10%; o Centro-Oeste, 9%; e o Norte, 3%.
- Essa distribuição vai acentuar a disparidade regional, com concentração de recursos em São Paulo. A verdade é que toda vez que se trata de Nordeste há má vontade - disse o senador, para quem o presidente do BNDES não pode agir como um banqueiro, que fica atrás de um balcão esperando que venham tomar empréstimos.
Como forma de resolver o desequilíbrio na distribuição de recursos entre as regiões, Rodolpho Tourinho sugeriu que a política de atração de investimentos e de desenvolvimento regional, que está em elaboração no governo federal, tenha o BNDES como protagonista.
Em resposta aos senadores, Carlos Lessa disse que, no passado, quando houve grandes projetos de desenvolvimento no Nordeste como o Pólo Petroquímico de Camaçari, a participação da região nos desembolsos do BNDES cresceu, o que pode voltar a acontecer quando novos empreendimentos desse porte forem implantados, como é o caso de siderúrgicas, em estudo no Maranhão e no Ceará.
Mas o desafio do banco, segundo Lessa, é o de permitir que pequenos e médios empresários possam se reunir e assumir características de uma empresa robusta para operar diretamente com o BNDES. Ele defendeu ainda os projetos na área de transporte urbano, que, na sua avaliação, abrem empregos e aquecem a economia. Assim, ele afirmou que o banco emprestou R$ 131 milhões nos últimos dois anos para a renovação da frota de ônibus de Salvador.
A César Borges, o presidente do BNDES disse que, apesar de sua alegria ser trabalhar pelo desenvolvimento nacional, não pode esquecer que é um banco, para não colocar todo o país em risco. -O que me dá alegria não é dizer não, é dizer sim-, declarou.
Lessa também concordou com Tourinho, assumindo -grande parcela de responsabilidade- na promoção do desenvolvimento regional.
- O nosso sonho é o de que o banco, em 2004, seja maior do que o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) em todas as suas dimensões - afirmou.
21/10/2003
Agência Senado
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