Senadores debatem política de segurança operacional da Petrobras



Por iniciativa da Comissão de Serviços de Infra-Estrutura, o Senado debateu nesta terça-feira (dia 27), em audiência pública que durou quase cinco horas, questões relacionadas às atividades de extração, produção e transporte de petróleo, e em especial às políticas de segurança operacional e de prevenção de acidentes da Petrobras.

Foram ouvidos pelos senadores o presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, que disse ser a segurança a diretriz mais importante de uma plataforma de exploração de petróleo; o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, Fernando Siqueira, e o diretor da Federação Única dos Petroleiros, Maurício França Rubem, que criticaram a atuação da Agência Nacional do Petróleo; e ainda o diretor-presidente da ANP, David Zylberstajn, que reafirmou sua posição contrária ao monopólio.

Primeiro a falar, Reichstul disse que o aumento de pressão na torre de queima de gás detectado na plataforma P-36, na Bacia de Campos (RJ), embora fosse um defeito em uma peça que precisaria ser substituída, fora provisoriamente solucionado a contento pelos engenheiros da empresa. Reichstul acrescentou que não há correlação entre o acidente com a P-36 e outros acidentes ambientais relacionados à empresa nos últimos anos e disse que o último acidente grave em uma plataforma ocorreu há mais de 15 anos. Ao falar sobre o reposicionamento estratégico da empresa, anunciou que a Petrobras vai investir US$ 30 bilhões para serem utilizados até 2005.

Fernando Siqueira, representante dos engenheiros, denunciou o clima de instabilidade na organização da empresa. Segundo informou, o planejamento estratégico em curso prevê a redução de 50% do corpo funcional da Petrobras, já reduzido de 60 mil para 34 mil trabalhadores. O representante dos engenheiros criticou a falta de uma avaliação pública do patrimônio da Petrobras e disse que a atual divisão da empresa em 40 unidades de negócio "teve um efeito devastador no acidente da P-36". Ele acusou o presidente da ANP de se preocupar apenas em licitar áreas de exploração descobertas pela Petrobras para concessionárias privadas, que passam a ser proprietárias do petróleo produzido.

Já o diretor da FUP propôs a participação de representantes do Poder Legislativo e dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras. Segundo ele, essa seria a maneira mais eficiente de se esclarecerem os acidentes no âmbito da Petrobras e de se evitar que voltem a acontecer. Maurício França Rubem citou, entre as possíveis causas da "tragédia anunciada", como se referiu ao acidente com a P-36, a redução do efetivo próprio e o aumento da terceirização de empregados.. Ele também acusou a ANP de estar mais voltada para vender áreas de províncias petrolíferas para as multinacionais do que para fiscalizar as atividades da Petrobras.

Por sua vez, o diretor-presidente da ANP assegurou que não existe qualquer tipo de estratégia conduzida pela agência no sentido de pressionar as empresas concessionárias para que seja elevada a produção de petróleo do país. Apesar de reconhecer que o Brasil trabalha no sentido de aumentar a competitividade no setor, Zylbersztajn negou que a agência esteja estimulando a chamada exploração predatória. Ele garantiu que a atenção do órgão está voltada para o cumprimento dos processos de concessão e não para a balança comercial, como acusam os trabalhadores do setor.

27/03/2001

Agência Senado


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