Senadores destacam luta de dom Aloísio pelos direitos dos mais pobres
Em sessão solene do Congresso Nacional, realizada nesta quinta-feira (13) em homenagem a dom Aloísio Lorscheider, ex-arcebispo de Fortaleza e Aparecida e ex-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou que dom Aloísio foi o grande transformador da mentalidade política e social e da consciência cristã nas comunidades mais pobres do Ceará.
- A fé de dom Aloísio era também a fé no homem. Servir a Deus era servir ao homem e à luta pelos seus direitos, principalmente das comunidades mais marginalizadas - disse o senador.
Essa luta a favor dos mais pobres, recordou Jereissati, ocorreu durante os governos militares, quando a democracia era "apenas um sonho". Em aparte, o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), manifestou apoio a Jereissati.
Bom exemplo
A senadora Patrícia Saboya (PDT-CE) lembrou que, no seu trabalho pastoral voltado para os mais pobres, dom Aloísio chegou a ser feito refém em rebelião de um presídio em Fortaleza. O arcebispo permaneceu 18 horas em mãos dos rebeldes e pediu para que fosse o último refém a ser libertado.
- Isso não impediu que, menos de um mês depois, dom Aloísio estivesse visitando os presídios novamente e defendendo os direitos dos presidiários - lembrou Patrícia.
O trabalho do arcebispo para proteger presos políticos da violência e da tortura também foi citado pela senadora. No plano eclesiástico, recordou a senadora, ele defendeu posições polêmicas como a ordenação de sacerdotes casados, sem que isso alterasse seu prestígio e papel de liderança na Igreja.
Humildade
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que dom Aloísio não perdeu a humildade, mesmo com o fato de o seu nome ter sido votado para papa pelo próprio pontífice eleito, D João Paulo I. Esse papa morreu 33 dias depois de escolhido pelo Concílio. Na ocasião, segundo Simon, dom Aloísio teria dito aos outros bispos que não poderia ser papa porque poderia morrer a qualquer hora de uma enfermidade cardíaca.
- Dom Aloísio manteve sua humildade franciscana mesmo depois de ter recebido o voto do próprio papa - declarou Simon, que também é franciscano.
Simon acrescentou que a vaidade jamais foi um ingrediente da vida de dom Aloísio, sempre dedicada "aos que têm fome e sede de justiça".
- Nunca abandonou sua opção preferencial pelos pobres nem quando bombas foram atiradas contra ele. Sua voz doce só se alterava quando expulsava os vendilhões da justiça - acrescentou o senador gaúcho.
Grande líder
Para o senador Mão Santa (PMDB-PI), a homenagem prestada pelo Congresso Nacional a dom Aloísio Lorscheider representa um "momento muito importante" para o Parlamento brasileiro. Disse que o cardeal era um apóstolo "do bem e da luz", ao mesmo tempo em que enalteceu a luta de Lorscheider pelos direitos humanos, com destaque para a melhoria do sistema carcerário brasileiro.
O líder do PSOL, senador José Nery (PA), disse que dom Aloísio Lorscheider foi "um grande líder espiritual e humanitário que orgulha toda a população brasileira". Lembrou que o cardeal nunca aceitou qualquer interferência na sua luta em favor dos direitos humanos, e que, no período ditatorial, travou incansável batalha pela democratização do país e pelo fim da torturas.
O senador Eduardo Suplicy (SP) em nome do PT, observou que dom Aloísio Lorscheider foi um "extraordinário exemplo do bom sal da terra". Para Suplicy, o cardeal sempre soube "iluminar caminhos, por seus exemplos e suas palavras".
Já o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) disse que a trajetória de dom Aloísio, como ser humano, "foi excepcional". Lembrou que o cardeal, mesmo no "anos de chumbo", sempre lutou por questões que, na época, não estavam nos planos dos governantes, como a reforma agrária e a luta em favor das minorias.Geraldo Sobreira e Cláudio Bernardo/Repórteres da Agência Senado
13/03/2008
Agência Senado
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