Senadores destacam o pensamento econômico brasileiro ao celebrar o Dia do Economista




O papel dos economistas no atual cenário de turbulência mundial foi sublinhado nesta terça-feira (20), em Plenário. O Senado celebrou o Dia do Economista, comemorado em 13 de agosto, por requerimento do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE). Na homenagem, os oradores salientaram que cabe aos economistas apontar direções que levem ao crescimento e fortalecimento da economia brasileira e mundial, sempre praticando a justiça social e com atenção aos cidadãos de menor renda.

Na opinião de Inácio Arruda, os profissionais da economia comprometidos com a agenda da inclusão social e da retomada da construção nacional têm, com o mundo em crise, papel primordial. O parlamentar registrou que o pensamento econômico tem contribuído para o debate das grandes questões nacionais e que atualmente quando, na sua opinião, o país retoma o caminho do desenvolvimento, cresce em importância a contribuição que os economistas podem prestar para o Brasil alcançar os padrões civilizatórios almejados para o todo o povo.

- Para alterar essa realidade de desigualdades sociais profundas, que nos persegue há séculos, o economista deve ser audacioso. Acredito que essa é a melhor contribuição que ele poderá dar ao país para transformar em realidade o velho sonho de justiça e cidadania - declarou.

Regulamentação

Em seu discurso, Inácio Arruda também detalhou a história da profissão no país, que remonta à chegada da família real portuguesa e culmina com a regulamentação da profissão, em 1951, há 60 anos. A Lei 1.411/51 também criou o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e os Conselhos Regionais, e mencionou que a presidente da República, Dilma Rousseff, também é economista.

O parlamentar também é autor de um projeto de lei (PLS 658/07) que altera a regulamentação da profissão, estabelecer com mais precisão o campo de atuação do profissional economista, delineando os meios para desempenho das atividades e especificando quais são funções as privativas ou inerentes ao exercício da profissão, além de outras mudanças.

Em consonância com o Inácio Arruda, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) afirmou que o economista tem a missão profissional de buscar o desenvolvimento e às vezes tem de "fazer muito com pouco". Ela ainda disse que apenas com desenvolvimento é possível produzir justiça social, e que a profissão tem importância não somente no campo da economia, mas também na área social. Para o senador Geovani Borges (PMDB-AP), a profissão de economista é "cada vez mais necessária em nossos tempos".

Pensamento econômico

Economista de formação, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) aproveitou a homenagem ao Dia do Economista para fazer um alerta aos profissionais da área: cabe a eles, como pensadores do assunto, fazer uma reforma no pensamento econômico do mundo, de forma a incorporar novos medidores de riqueza que não tratem somente de acúmulo de renda. O senador usou as cores como metáfora para esses novos valores a serem considerados.

Para Cristovam, é preciso fomentar a chamada economia verde, considerando em os custos dos danos da degradação ambiental, procurando revertê-los. A economia, disse, também precisa ser "vermelha" para enxergar a pobreza não só como uma ausência de renda, mas como um problema social a ser exterminado. Também "branca", em nome da paz entre os países. E também "cinzenta", continuou, referindo-se ao cérebro, como símbolo de uma produção do futuro, baseada em ciência e em tecnologia.

Por fim, o senador do DF defendeu que a economia também precisa ser "azul", cor do bem-estar social. E que os economistas precisam criar algum medidor que indique o grau de bem estar da população. Hoje, destacou, "só conseguimos medir o grau de riqueza no sentido de acúmulo de renda".

- O Brasil é um país que, mais do que qualquer outro, precisa levar em conta essas concepções. Primeiro porque não somos um país pequeno. Somos um país com uma massa crítica de economistas, que já deu contribuições mundiais ao pensamento econômico, por isso precisamos avançar. Segundo porque não somos um país só de pobreza nem só de riqueza. Nós somos um retrato do planeta. E este é um bom momento para refletirmos como devemos ser no futuro - argumentou. 

Celso Furtado

Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu a implantação da Lei da Renda Básica de Cidadania (Lei 10.835/04), de sua autoria, e convidou os presentes em plenário a refletirem sobre a conveniência de tal medida e, no caso de reconhecerem sua importância, encaminhar mensagens à presidente Dilma Rousseff pedindo a aplicação prática da lei.

Suplicy leu ainda trecho de carta enviada pelo economista Celso Furtado (1920-2004), à época da sanção da Lei da Renda Básica, na qual expressa sua convicção de que esta lei colocou o Brasil "na vanguarda daqueles países que lutam pela construção de uma sociedade mais solidária".

Também mencionando Celso Furtado, "um dos mais importantes economistas brasileiros", Wilson Santiago (PMDB-PB) afirmou que o economista paraibano tinha preocupação constante com as desigualdades sociais e econômicas do Brasil, ajudou a elaborar o Plano de Metas do governo Juscelino Kubitschek e foi um dos criadores da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Wilson Santiago se disse satisfeito por saber que muitos dos atuais economistas brasileiros adotam como modelo a trajetória de Celso Furtado e têm ajudado a diminuir as desigualdades regionais brasileiras. O senador declarou ainda que o profissional de economia é sempre atento à realidade, tanto regional quanto mundial.

- Essa atividade ajuda a direcionar o desenvolvimento brasileiro e melhorar a qualidade de vida da população - ressaltou. 

Rômulo Almeida

Na condição de "formada em economia, mas não economista", a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) fez sua homenagem à categoria e citou em especial o professor e economista baiano Rômulo Almeida (1914-1988), autor de vários livros, que se dedicou a impulsionar o desenvolvimento do estado da Bahia. Ela disse esperar que um dia seu estado possa homenageá-lo à altura de seus feitos.

A senadora também a Lei 1.411/51, que regulamenta a profissão de economista, precisa de reformas de modo a aumentar as atribuições privativas do bacharel em Economia, justamente o que o PLS 658/07 propõe. Lídice da Mata destacou o trabalho de economistas nas reformas que colocaram o Brasil no rumo do desenvolvimento e no desafio de repensar a economia mundial do ponto de vista dos países emergentes.

Já o senador José Agripino Maia (DEM-RN) afirmou que a cobertura da economia cresceu muito na imprensa brasileira nos últimos 30 anos, e chegou a definir essa cobertura como "primorosa". Agripino também lamentou a crise econômica mundial e disse que a competitividade vai ser cada vez mais fundamental para a geração de renda e emprego.

- Aí aparece a grande importância do economista. A economia é a ferramenta moderna da competitividade - disse Agripino. 

Gratidão

No encerramento da homenagem, o presidente do Cofecon, Waldir Pereira Gomes, agradeceu a homenagem e a iniciativa de Inácio Arruda. Gomes ainda elogiou as referências que os senadores fizeram aos economistas brasileiros e disse que a homenagem ficará "gravada para sempre nos anais do Conselho Federal de Economia".

Compuseram a Mesa, além do requerente, senador Inácio Arruda, os presidentes dos conselhos Federal de Economia, Waldir Pereira Gomes e Regional de Economia de Brasília, Jusçanio Umbelino de Souza, além de profissionais e estudantes de economia.



20/09/2011

Agência Senado


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