Senadores discutem situação financeira da Varig



A situação financeira da Varig, maior companhia aérea brasileira, que acumula dívidas de quase R$ 1 bilhão, foi o tema de audiência pública realizada nesta terça-feira (19) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Os participantes do encontro, sugerido pelo senador Roberto Saturnino (PT-RJ), foram unânimes em apontar a crise da empresa como questão estratégica, provocada pela falta de uma política pública para a aviação civil e pela gestão da companhia.

De acordo com o representante da Associação de Pilotos da Varig (Apvar), Élnio Borges, o modelo de gestão da empresa é o principal responsável pela crise. Ele se posicionou contra propostas de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) à empresa que impliquem apenas injeção de recursos públicos sem fiscalização da sociedade.

Segundo Borges, o BNDES pretende participar da capitalização da empresa com o aporte de US$ 150 milhões, sem, no entanto, assegurar a quitação das dívidas com os maiores credores da Varig: os trabalhadores, por intermédio do fundo de pensão. Além disso, o plano recomendaria mais demissões na empresa. Nos últimos anos a Varig reduziu praticamente à metade o seu quadro funcional. Élnio Borges lembrou que o BNDES investiu em 1994 US$ 300 milhões na empresa.

- O problema é que não foi discutida a questão da governança corporativa, que produziu demissões e terceirização e triplicou a dívida da empresa - disse.

A terceirização, apontada como fruto da crise da empresa, também foi abordada na audiência pública. Na avaliação da presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Graziella Baggio, a precariedade das condições de trabalho é especialmente preocupante quando se trata de aviação. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, salientou o aspecto eminentemente técnico das funções exercidas pelos profissionais do setor.

- A mais simples função exige um treinamento específico e conhecimento técnico - afirmou.

A Apvar contratou consultoria que elaborou um plano de reestruturação da empresa. Élnio Borges defendeu a presença do técnico responsável pelo plano na audiência pública que a CAE realiza no dia 26. Na ocasião, o assunto será discutido, mas apenas com a direção da empresa. Roberto Saturnino prometeu defender a proposta.

O senador disse que é intenção dos senadores discutir o setor como um todo, mas que foi necessário debater antes o caso específico da Varig, ante a possibilidade de atuação precipitada do BNDES no caso.

- Havia a possibilidade de uma decisão de mudança, ainda desconhecida, das posições acionárias. A audiência deve impedir que a decisão seja tomada desta forma - observou.

A senadora Emilia Fernandes (PT-RS) também criticou a falta de política para a aviação civil. Ela disse que há dificuldades de competitividade das empresas brasileiras em virtude da política tributária e de regulamentação inadequada para o setor.



19/11/2002

Agência Senado


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