Senadores divergem sobre condução da investigação no Conselho de Ética
Após a leitura do relatório do senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA) propondo o arquivamento da representação contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), os senadores se dividiram nos debates. Jefferson Péres (PDT-AM) e José Nery (PSOL-PA) pediram que o conselho convoque testemunhas para depoimentos, o que foi recusado por Cafeteira.
José Agripino (DEM-RN) chegou a sugerir uma perícia nos documentos que orientaram Cafeteira na preparação de seu relatório. Observou que o país vem acompanhando o caso, o que reforça a necessidade de perícia, e seria útil o Conselho de Ética ouvir Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior, e o advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon. Arthur Virgílio (PSDB-AM) sugeriu que também seja ouvida a própria jornalista, além de Cláudio Gontijo.
Epitácio Cafeteira sustentou ter lido todos os documentos que lhe foram repassados pelo corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), mas não encontrou nada que pudesse incriminar Renan Calheiros. Além disso, Cafeteira afirmou não acreditar no advogado Pedro Calmon.
Com posição divergente, o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) defendeu a votação do relatório de Epitácio Cafeteira na próxima reunião do Conselho de Ética. Romero Jucá lembrou que o funcionário da empreiteira já foi ouvido pelo corregedor Romeu Tuma e que o advogado da jornalista não está legalmente obrigado a depor.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) defendeu vista coletiva do parecer por 24 horas, enquanto a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) criticou a imprensa, ponderando que o Senado precisa mostrar à sociedade que não vai se submeter à postura de fazer ilações sem apresentação de provas. Para ela, o ônus da prova cabe a quem acusa.
- Isso inclui a imprensa, que não está acima da lei - disse.
O senador Valter Pereira (PMDB-MS) considerou legítimos todos os atos praticados pela Corregedoria no caso e pediu que os senadores decidam sobre a representação com rapidez,pois a seu ver está sendo colocada em dúvida não só a imagem do senador Renan Calheiros, mas o conceito do Congresso Nacional. Eduardo Suplicy (PT-SP) opinou que, no lugar de Renan, ficaria à disposição do Conselho de Ética para responder a qualquer dúvida.
Antes do encerramento da reunião e a convocação de outra para esta sexta-feira (15), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) informou que pretende apresentar até lá um voto em separado ao parecer de Epitácio Cafeteira. Pela proposta de Demóstenes, a votação do parecer ficaria suspensa até que o Conselho de Ética ouvisse os envolvidos na denúncia e fizesse uma perícia na documentação encaminhada ao órgão.
13/06/2007
Agência Senado
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