Senadores divergem sobre momento para votação de ingresso da Venezuela



Os senadores que participaram da terceira audiência pública sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul, promovida nesta terça-feira (9) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), discordaram principalmente em relação ao momento mais adequado para a votação do protocolo de adesão do novo sócio ao bloco econômico. Enquanto parlamentares governistas pediam uma rápida votação, representantes de oposição solicitaram maior cautela na decisão.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), informou que a votação rápida do protocolo era uma prioridade para o Palácio do Planalto. Ele foi além ao afirmar que, como senador eleito pelo estado de Roraima, na fronteira com a Venezuela, considerava "nocivo" qualquer atraso da votação da matéria.

- Já tivemos três audiências públicas. Quero defender a rápida votação da adesão da Venezuela, que vai definir o futuro da Amazônia Ocidental - disse Jucá.

O presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), informou que apenas na manhã desta terça-feira (9) chegaram à CRE as informações solicitadas ao governo pelo relator do protocolo de adesão, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que ainda está elaborando o seu parecer. Por sua vez, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), igualmente de Roraima, lembrou que o protocolo passou mais de um ano na Câmara de Deputados e chegou à comissão há apenas três meses.

O senador Fernando Collor (PTB-AL) disse que não há intenção de se excluir a Venezuela do Mercosul, mas apenas de postergar a decisão. Em sua opinião, o ingresso seria "inoportuno", uma vez que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, estaria se encaminhando a uma conjunção de autoritarismo e estatismo.

O constrangimento sofrido em Caracas pelo escritor peruano Mario Vargas Llosa, que participaria de um debate na capital venezuelana, foi lembrado pelo senador Efraim Morais (DEM-PB), ao defender a realização de uma nova audiência pública sobre o tema. Flexa Ribeiro (PSDB-PA) defendeu o direito do Senado de analisar o protocolo com cautela. Ele recordou que dois ex-presidentes da República - Collor e José Sarney, atual presidente do Senado - são contrários à adesão.

Em defesa do ingresso da Venezuela, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) pediu que se analise o tema com a perspectiva de médio e longo prazos - e não apenas pelo atual governo do país vizinho. Ele recordou que o ex-presidente Ernesto Geisel reconheceu a independência de Angola, mesmo discordando de sua orientação marxista, levando em conta o projeto de aproximação com a África.

O senador João Pedro (PT-AM) defendeu o ingresso da Venezuela como forma de aproximação com os países do norte da América do Sul. Em sua opinião, países como a Colômbia e o Peru também deveriam ser atraídos para o Mercosul. Foi também o ponto de vista de Inácio Arruda (PCdoB-CE). Já Azeredo disse que empresários de Minas Gerais têm criticado o ingresso do novo sócio, por causa da demora no pagamento das exportações feitas para a Venezuela.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) adiantou que o relator do protocolo terá de pedir informações adicionais ao governo, antes de elaborar seu parecer. A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) afirmou que, a princípio, não era contra o ingresso do novo sócio, mas pediu maiores informações sobre indicadores sociais da Venezuela. O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) observou que não há ruptura do sistema democrático no país vizinho que o afaste do Mercosul. Por sua vez, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) lamentou que o Ministério das Relações Exteriores não tenha defendido o Senado brasileiro diante das críticas feitas por Chávez, que o chamou de "papagaio dos Estados Unidos".

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) previu que, ao aprovar a adesão da Venezuela, o Brasil poderá ajudar a consolidar a democracia no país vizinho.

- Se não votarmos pela adesão, a Venezuela, o Equador e a Bolívia vão se organizar e criar um bloco isolado. Isto nos interessa? - questionou Simon.



09/06/2009

Agência Senado


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