Senadores pedem apuração rigorosa de denúncias



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) confirmou, nesta segunda-feira (22), que "jogaram suspeitas" sobre a transferência de sua mulher, Gladys Pessoa Vasconcelos Buarque, da Câmara dos Deputados para a liderança do PDT no Senado. Segundo o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM) as ameaças a Cristovam estão relacionadas à pressão de um grupo de senadores pela apuração de denúncias de corrupção contra o ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia.

Conforme Cristovam, Gladys, que é funcionária da Câmara há 26 anos, atendeu a convite do falecido senador Jefferson Peres (PDT-AM) para trabalhar na liderança do partido, mas não aceitou ao descobrir que teria de receber uma gratificação.

- Eu não tenho rabo preso - advertiu Cristovam.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que não foi chantageado nem ameaçado por fazer parte do grupo que propõe um pacote administrativo, inclusive com a exoneração do atual diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo. A chantagem teria partido do ex-diretor-geral Agaciel Maia com o objetivo de evitar que o Senado investigue denúncias de corrupção. Simon apoiou a apuração das denúncias e a rigorosa punição dos culpados, além de uma profunda reforma administrativa da Casa.

O parlamentar gaúcho se dirigiu especialmente ao presidente do Senado, José Sarney, cobrando uma atitude em relação aAgaciel, lembrando que o ex-diretor chegou ao cargo e para ele foi reconduzido duas vezes por Sarney.

- Estão querendo ganhar tempo, empurrando com a barriga, para ver se uma outra crise encubra a que estamos vivendo. Mas se enganam, porque esta crise veio para ficar - alertou Simon.

O líder do DEM, José Agripino (RN) pediu que se faça um ampla apuração com punição dos responsáveis pelos desmandos administrativos, de modo que o Senado supere a atual crise:

- Não dá para viver sob suspeição.

Na opinião do senador João Pedro (PT-AM), o uso de chantagem é inaceitável, especialmente num regime democrático, o que tem de levar à demissão de Agaciel Maia e do ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi. O parlamentar exigiu também a auditoria de "contratos mal explicados". O senador Jefferson Praia (PDT-AM) dividiu a crise em dois aspectos: o dos erros administrativos e o de ações corruptas. Ele pediu a apuração de todas as denúncias e apoiou o discurso de Arthur Virgílio.

Os senadores Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Alvaro Dias (PSDB-PR), Papaléo Paes (PSDB-AP), Mário Couto (PSDB-PA) e Mão Santa (PMDB-PI) também declararam solidariedade a Arthur Virgílio. Valadares afirmou que a "ameaça é a arma dos fracassados", em referência às chantagens que alguns senadores estariam sofrendo. Ele lembrou Rui Barbosa para afirmar que "fora da lei não há salvação" e disse que, embora o Senado viva um momento difícil, os senadores deveriam aproveitar a crise para aumentar a transparência dos atos da Casa. Valadares também apoiou a criação do Portal da Transparência do Senado Federal e disse que todos os envolvidos em irregularidades merecem "os rigores da lei".

Alvaro Dias classificou a atual crise do Senado de "momento vexaminoso e humilhante" e disse duvidar que qualquer outra instituição conseguisse resistir "à essa devassa que o Senado vem sofrendo". Ele argumentou também que os chamados atos secretos seriam todos atos nulos, de acordo com o artigo 37 da Constituição, ou seja, não teriam cumprido o princípio constitucional da publicidade dos atos públicos.

- Devemos erigir uma nova instituição depois dessa crise, uma instituição mais respeitada e valorizada pelo povo brasileiro - disse Alvaro Dias.

Papaléo Paes reclamou da denominação "atos secretos" que, na opinião dele, não refletiria a verdade:

- Talvez os atos secretos sejam os não publicados na intranet do Senado, porque todas as ações da Casa são publicadas no Diário Oficial do Senado. Então, se o que foi publicado só na intranet, aliás, no Boletim de Pessoal ou no Boletim Administrativo, for ato secreto, então, não tem ninguém aqui nomeado de maneira correta. Parece-me que estão chamando assim aqueles atos que não foram para a intranet. Eles ficaram diferentes dos outros, mas todo procedimento legal foi feito - afirmou Papaléo.

Mário Couto afirmou que as pessoas que ficam muito tempo em cargos públicos importantes acabam viciadas, o que teria acontecido com o ex-diretor Agaciel Maia, que ficou no cargo por 15 anos. O senador disse confiar no presidente José Sarney para a superação da crise, mas defendeu a punição de Agaciel e de João Carlos Zoghbi.

- Dois diretores pondo em cheque, pondo em risco a democracia de um país! - exclamou Mário Couto.

Já Mão Santa também lembrou Rui Barbosa para afirmar que uma "praga difamatória" paira sobre o Senado. Ele afirmou que as instituições democráticas brasileiras estão consolidadas e disse que até a Igreja Católica já cometeu muitos erros.



22/06/2009

Agência Senado


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