Senadores pedem investigações de denúncias contra ex-diretor



O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), poderá pedir que a Polícia Federal ou o Ministério Público investiguem denúncias publicadas na imprensa contra o ex-diretor de Recursos Humanos da Casa João Carlos Zoghbi. O recurso à Polícia Federal foi sugerido pelos senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Demóstenes Torres (DEM-GO) em Plenário nesta quarta-feira (29). O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PTB-SP), sugeriu que se busque o procurador-geral da República e o Ministério Público para dar seguimento às investigações.

Jereissati interpelou Sarney durante a ordem do dia argumentando que entre uma série de denúncias que vem comprometendo a Casa, "a maioria sem nenhuma procedência", a revista Época publicou "um escândalo verdadeiro" ao acusar o ex-diretor, "com comprovações importantes", de fazer desvio de recursos do Senado.

Tasso perguntou ao presidente o que o Senado está fazendo para apurar as denúncias.

- Não podemos ficar sempre na defesa e fingir que determinados problemas não existem. Precisamos fazer alguma coisa exemplar no sentido de moralizar o que tem que ser moralizado - disse Jereissati.

O presidente Sarney esclareceu que já foram abertos processos administrativos no Senado sobre o caso e que a Presidência também determinou à Polícia do Senado a abertura de inquérito para apurar as denúncias. Sarney informou que, de acordo com o Supremo Tribunal Federal, a Polícia do Senado tem essa competência.

Sarney afirmou ainda que a Mesa do Senado tomou as providências que estão a seu alcance, observando, no entanto, que a Polícia Federal "não está impedida de abrir também inquérito a respeito da matéria". O senador Demóstenes Torres sugeriu que Sarney solicitasse ao Ministério Público a abertura de uma investigação sobre o assunto, ao que Sarney respondeu: "Esta será mais uma medida que poderemos tomar e vossa excelência será atendido".

O senador Mão Santa (PMDB-PI) garantiu que na próxima reunião da Mesa reforçará junto ao presidente Sarney a sugestão de que a Polícia Federal investigue as denúncias contra Zoghbi.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) lamentou que a "chuva de denúncias" contra o Senado esteja misturando "pessoas boas e bandidos". O senador disse que senadores que usaram passagens aéreas dentro das regras que vigiam então estão sendo tratados de forma injusta. O senador assinalou que, se a sociedade mudou e mudaram as regras para uso de passagens, os parlamentares, a partir de agora, têm que seguir as novas normas, mas não se pode culpar quem usava a cota dentro das regras anteriores. Em sua opinião, misturar tudo pode "deixar escapar os bandidos".

Arthur Virgílio defendeu a punição das pessoas que venderam a terceiros passagens das cotas dos senadores e daquelas que tiverem se aproveitado de funções administrativas para enriquecer. Ele propôs, ainda, a convocação de uma reunião dos líderes partidários com o ex-diretor João Carlos Zoghbi para que se esclareçam dúvidas em relação a sua conduta.

- Esta Casa não pode, por omissão, virar valhacouto de bandidos. Quem exerce o mandato tem que ser sério e quem exerce mando administrativo nessa Casa tem que ser sério também - afirmou Virgílio.

A revista Época afirmou que o Banco Cruzeiro do Sul, um dos que operam a concessão de crédito consignado a 10 mil servidores do Senado, enfrentou, em 2007, uma complicada negociação para renovar seu contrato com a Casa. Foi aí que o banco contratou a empresa Contact, constituída em nome de Maria Izabel Gomes, uma senhora de 83 anos, ex-babá de Zoghbi e sócia majoritária do empreendimento, para lhe prestar assessoria de crédito.

Na reportagem da Época, o próprio Zoghbi afirma que a empresa, assim como outras duas - DMZ Consultoria Empresarial e DMZ Corretora de Seguros - pertencem a seus filhos. "Como é proibido a servidores públicos serem donos de empresas que negociam com órgãos públicos, eles registraram as empresas em nome da minha mãe-preta (dona Maria Izabel)", teria Zoghbi dito à revista.

Em comunicado à imprensa, o Banco Cruzeiro do Sul negou as acusações, informando que "não sofreu sanção em seu convênio, nem dificuldade na renovação, fato que ocorreu com normalidade e transparência no final de 2007". O banco descredenciou a empresa Contact na última segunda-feira (27).



29/04/2009

Agência Senado


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