SENADORES QUEREM DISCIPLINAR BINGO E PATROCÍNIO



Os senadores que participaram do debate realizado nesta terça-feira (dia 15) com o ex-jogador e ex-secretário de Esportes (governo Collor), Arthur Antunes Coimbra, o Zico, demonstraram preocupação em disciplinar a atividade dos bingos esportivos e o patrocínio aos clubes de futebol. O debate teve lugar na comissão mista encarregada de examinar a medida provisória que altera dispositivos da Lei Pelé.Para o senador Leomar Quintanilha (PPB-TO), a MP pode ser a oportunidade que o Congresso esperava para solucionar o que ele chamou de "situações escabrosas". Uma delas é a obrigação, contida na Lei Pelé, de que os clubes funcionem obrigatoriamente como empresas. Para Quintanilha, a lei deveria apenas facultar essa possibilidade. O senador disse também que é preciso dar garantias ao clube na manutenção do passe de jogadores formados nas chamadas divisões de base.A Lei Pelé "estatizou o esporte", ao restringir a liberdade de ação dos clubes, na opinião do senador Gerson Camata (PMDB-ES). Ele criticou as regras que permitiram a ação dos promotores de bingos, que ficam com a maior parte dos recursos que deveriam seguir para os clubes. Para Zico, os bingos favoreceram uns poucos clubes (principalmente no interior), que souberam negociar os contratos com as administradoras dos sorteios. A maior parte dos clubes aceitou receber quantias que variam entre 1% e 6% dos recursos arrecadados.Camata revelou desagrado com o excesso de propaganda na camisa dos times, argumentando que os nomes dos patrocinadores muitas vezes ficam mais em evidência que os dos próprios clubes. Zico concordou em que deve haver um limite para a propaganda, de tal modo que o conceito e o valor histórico dos clubes seja preservado. O ex-jogador, e atual dirigente de futebol, deixou bem claro que as empresas devem atuar como patrocinadoras, nunca como donas dos clubes.Em resposta a pergunta de Quintanilha, Zico esclareceu que no Japão, onde atuou como jogador, a confederação não aceita o registro de atletas brasileiros que não tenham registro na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Para o deputado Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco da Gama, a legislação falha ao indiretamente impedir o registro de jogadores na CBF.O senador Álvaro Dias disse que a lei deve facilitar a parceria entre clubes e empresas. A proibição de que uma empresa só possa patrocinar um time poderia prejudicar principalmente os pequenos clubes, no entender do parlamentar. Já o senador Bello Parga (PFL-MA) disse que é contra o duplo patrocínio por acreditar que possa levar a fraudes.O destino dos lucros obtidos com a transmissão de jogos está entre as preocupações do senador Bernardo Cabral (PFL-MA). Para o senador Maguito Vilela (PMDB-GO), as idéias de Zico são semelhantes às da maioria dos senadores. Ao final da reunião Maguito obteve do ex-jogador explicações sobre a importância de o Brasil sediar a Copa do Mundo de 2006. O senador apresentou requerimento - aprovado pela comissão - sugerindo o comparecimento aos debates da comissão mista do jornalista esportivo Juca Kfouri. Só o deputado Eurico Miranda protestou e votou contra a proposta.

15/02/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


PATROCÍNIO QUER DISCIPLINAR A UTILIZAÇÃO DE MOTO-TÁXI

Ex-secretário da Receita debate com senadores legalização das casas de bingo

Senadores sugerem projeto de lei para disciplinar registro e fiscalização de agrotóxicos

O que são o Regime Disciplinar Diferenciado e o Regime Disciplinar de Segurança Máxima

Senadores elogiam atuação de Carlos Patrocínio

PAC: Senadores querem alterações