Senadores questionam escolha de Duda Mendonça para a campanha da Petrobras



Ao participar, nesta terça-feira (11), da audiência pública com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, nas comissões de Educação (CE) e de Serviços de Infra-Estrutura (CI), o senador César Borges (PFL-BA) questionou a escolha do publicitário Duda Mendonça para elaborar a campanha de divulgação da auto-suficiência brasileira em petróleo, a ser veiculada pela empresa.

O senador destacou que a campanha, orçada em R$ 40 milhões, deveria ter sido objeto de uma licitação especial e não de mero aditamento ao contrato de publicidade que a Petrobras já tinha com Duda Mendonça.

Gabrielli respondeu que o publicitário ainda não foi condenado pelo Poder Judiciário, não cabendo, portanto, à Petrobras promover julgamento ou condenação política. Ele lembrou, ainda, que as empresas de Duda são muito competentes do ponto de vista técnico.

César Borges classificou de "estranho" o fato de a Petrobras ter mantido, e até ampliado, seu contrato com Duda Mendonça, quando o governo Lula promoveu o cancelamento de todos os contratos de publicidade com as empresas de Duda.

- Acredito que esse seja o preço do silêncio de Duda, que já ameaçou falar o que sabe sobre o governo Lula - destacou César Borges.

O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) perguntou se a campanha da Petrobras esclarecerá que a auto-suficiência brasileira representa um processo que recebeu grande impulso com a quebra do monopólio estatal de petróleo, votada pelo Congresso durante o governo Fernando Henrique Cardoso.

- A quebra do monopólio permitiu um crescimento de 125% em produção de petróleo entre 1998 e 2002, fato que permitia prever que, entre 2004 e 2005, a Petrobras atingiria a auto-suficiência. Até demorou mais do que o previsto, uma vez que o aumento da produção de petróleo, nos três anos do governo Lula, foi de apenas 12,7% - afirmou Tourinho.

Sergio Gabrielli afirmou ser difícil comparar aumento de produção de petróleo entre governos, porque esse é um dado que cresce aos saltos, dependendo de descoberta de novos campos de petróleo. Garantiu, no entanto, que a campanha publicitária deixará claro que a auto-suficiência representa uma conquista de 50 anos de trabalho contínuo da Petrobras e de seus funcionários, dos governos sucessivos e da sociedade brasileira.

O presidente da Petrobras lembrou, ainda, que a tecnologia de produção de petróleo em águas profundas, atividade em que a Petrobras é a empresa líder no mundo, começou há muitos anos e foi determinante para o aumento progressivo da produção de petróleo. Na Bacia de Campos, por exemplo, a empresa está extraindo petróleo a mais de cinco mil metros de profundidade, segundo informações de Gabrielli.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) anunciou que será realizada, no próximo dia 3 de maio, uma sessão especial do Senado para comemorar a auto-suficiência brasileira de petróleo. O requerimento foi aprovado por todos os líderes partidários, numa demonstração, segundo sua avaliação, de que se trata de uma questão estratégica de Estado, e não apenas de governo.

Os senadores Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) perguntaram sobre a possibilidade dessa auto-suficiência estender-se ao gás natural, o que possibilitaria ao Brasil dispensar o gás boliviano, de acordo com os senadores.

Gabrielli foi taxativo ao dizer que ainda não foram descobertos grandes lençóis de gás natural no Brasil. Revelou, no entanto, que as negociações sobre fornecimento de gás prosseguem entre o Brasil e a Bolívia e que as chances de sucesso desses entendimentos serão maiores se forem realizadas longe da imprensa e da opinião pública.

11/04/2006

Agência Senado


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