Serra conclui equipe de marketing da campanha









Serra conclui equipe de marketing da campanha
Ministro Pimenta da Veiga deve ficar à frente do comitê eleitoral

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, ministro José Serra (Saúde), fechou a equipe de marketing para sua campanha eleitoral, que terá o publicitário Nelson Biondi na chefia.

Serra também deve chamar o ministro Pimenta da Veiga (Comunicações) para o comando político de seu comitê eleitoral.

A criação ficará sob a responsabilidade de Paulo César Bernardes, conhecido como PC Bernardes, da empresa MCR e que já trabalhou em campanhas de Serra.

PC Bernardes trabalhou com Duda Mendonça, o publicitário do PT, na eleição de Eduardo Duhalde, atual presidente argentino, para o governo da Província de Buenos Aires. Seu forte é a música: é um especialista em jingle.

A produção dos programas será feita pelo jornalista Gilnei Rampazzo, da produtora de vídeo GW/Brasília. Ele já dirigiu a sucursal da TV Globo em Brasília.

Para chefiar o comitê, Serra, juntamente com o presidente Fernando Henrique Cardoso, já se definiu pelo ministro das Comunicações. Mas Pimenta, que chefiou a primeira campanha de FHC, em 94, ainda avalia se disputa ou não as eleições de outubro.

Nizan
O publicitário Nizan Guanaes, um dos nomes cotados para chefiar o marketing de Serra, deve continuar prestando consultoria a FHC e eventualmente dar sugestões na campanha do tucano, como já vem fazendo. Ele pode ser chamado mais tarde, mas o ministro montou uma equipe pensando em ir com ela até o fim.
Nizan vinha participando dos programas de TV do PFL, que passou a divulgar as realizações da governadora do Maranhão, Roseana Sarney, pré-candidata do partido. Vencido o contrato com os pefelistas, o publicitário acertou com FHC que continuaria dando consultoria ao Planalto.

Já Nelson Biondi, que é dono da "Biondi Marketing Político", fará a coordenação geral da campanha. Será o responsável pela estratégia de marketing. O publicitário já trabalhou em campanhas eleitorais de Paulo Maluf (PPB-SP) e do governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB).

Nos feriados de Carnaval, Serra discutiu com integrantes da equipe de marketing o programa do PSDB que será exibido na televisão em 6 de março. O programa, de 20 minutos, e os comerciais, de 30 segundos, terão o pré-candidato como eixo central, a exemplo do que o PFL fez com Roseana.

Escolha tática
No próximo dia 22, está programada a saída de Serra do ministério. A escolha de Pimenta para o comando da campanha é a grande surpresa no time dele.

Mas a opção pelo mineiro, que era partidário da candidatura Tasso Jereissati, governador do Ceará, amplia o espaço de Serra no PSDB e dá ao tucano um interlocutor de peso no PFL. Pimenta é amigo de Jorge Bornhausen (SC), o presidente pefelista.

Apesar de estar engajado na pré-candidatura de Tasso, Pimenta imediatamente passou a apoiar Serra, assim que a disputa interna no PSDB foi definida.

Caso Pimenta efetivamente desista de disputar a eleição deste ano, abre espaço também para a composição do PSDB de Minas Gerais, onde três tucanos de expressão nacional -Aécio Neves, presidente da Câmara, Eduardo Azeredo, ex-governador do Estado, e o próprio ministro das Comunicações- disputam a candidatura a duas vagas: a de governador e uma das duas de senador.

O modelo da campanha de Serra será mais parecido com o da eleição de FHC em 94, que teve Pimenta na chefia, do que com a de 98, em que havia um ex-integrante do governo (o ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas) no comando, pelas características próprias da reeleição.


Negociação PT-PL avança e já inclui programa de governo
Partido Liberal fala em ter "forte influência" sobre plano econômico

O PT deu ontem o primeiro passo concreto para abrir seu leque de alianças fora do espectro da esquerda. Em Montes Claros (norte de Minas Gerais), a liderança nacional da sigla deixou em ponto de conclusão a aliança com o PL.

E informou que vai abrir seu programa de governo para sugestões dos aliados -o que inclui as do Partido Liberal, que já fala em ter "forte influência" sobre o programa econômico do partido.

"Quem for o candidato do PT vai ter que cumprir e executar o programa do partido. Obviamente, se fizermos alianças políticas, esses aliados terão uma co-participação na elaboração do projeto", disse Luiz Inácio Lula da Silva, que deve ser, pela quarta vez consecutiva, o candidato petista à Presidência da República.
De acordo com Lula, os liberais não representam ""a direita". "Queremos fazer uma aliança com o PL não apenas para ganhar as eleições, mas para governar", afirmou o petista.

Juntamente com várias lideranças nacionais e regionais do PT e do PL, o presidenciável visitou ontem, em Montes Claros, parte das fábricas da Coteminas -de propriedade do senador José Alencar (PL-MG).

"Nome ideal"
"A primeira coisa que vamos propor é que o PL tenha uma forte influência na área econômica do governo [um eventual governo PT". O senador José Alencar, com toda a sua experiência, é o nome ideal para cuidar disso", disse o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, que também esteve presente na cidade mineira.

Segundo ele, a maior probabilidade é mesmo que as duas legendas fechem a aliança. "Eu gostaria que o meu partido tivesse um entendimento nesse sentido", reforçou Alencar. Considerado pelo próprio Valdemar a "principal figura" do PL, o senador é cotado para ser vice na chapa de Lula ou para concorrer ao governo de Minas e garantir um palanque forte ao PT no segundo maior colégio eleitoral do país.

De acordo com o deputado federal José Dirceu, presidente nacional do PT, não haveria nenhuma dificuldade no fato de as duas legendas sentarem juntas para elaborar programa de governo. "As idéias do senador Alencar sobre o Brasil, sobre o desenvolvimento nacional e sobre a política econômica são muito próximas das nossas", disse Dirceu, que acompanhou Lula em Minas.

Resistência
As tendências e propostas apresentadas ontem na cidade mineira encontram, no entanto, resistências em alguns dos setores dos dois partidos. No PT, as alas mais à esquerda não vêem com bons olhos alianças fora do leque tradicional do partido.

No PL, o grupo ligado à Igreja Universal do Reino de Deus prefere declarar apoio ao governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), que é evangélico.

"O PT está convencido de que essa é a melhor chance que ele tem nesses seus 22 anos de existência de ganhar as eleições. Mas, para isso, é preciso fazer alianças que antes seriam consideradas difíceis", afirmou Lula.
Alencar comanda a maior empresa têxtil do país em patrimônio líquido (R$ 933 milhões) e já foi vice-presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias). "A eleição de um cidadão como o Lula significaria entregar o Brasil aos brasileiros", disse ele.

A comitiva dá sequência à visita a unidades da Coteminas. Hoje vai ao Rio Grande do Norte e amanhã, à Paraíba.


Disputa Olívio-Tarso gera dissidência no RS
A disputa interna entre o governador Olívio Dutra (RS) e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, ambos do PT, está gerando a criação de uma dissidência dentro da Articulação de Esquerda, uma das tendências mais tradicionais do partido no Estado.

Mesmo sendo menor que a Democracia Socialista e tendo representatividade similar ao PT Amplo, a Articulação de Esquerda teve nas últimas prévias uma atuação decisiva. O presidente estadual do PT, David Stival, é integrante dessa corrente.

Está surgindo uma nova corrente, a Polo Esquerda, integrada pelos que apóiam Tarso. Os "olivistas" continuam na Articulação de Esquerda. Stiv al disse que pretende, até amanhã, conseguir a unidade dentro do partido.


Presidenciáveis disputam a legenda
O apoio do PL e de sua principal figura, o senador mineiro José Alencar, é disputado por pelo menos três pré-candidatos a presidente na eleição de outubro.

Está em jogo, além do tempo na propaganda eleitoral na televisão, a presença no segundo colégio eleitoral do Brasil e a garantia de recursos financeiros para a campanha. Alencar, além de dono de uma fortuna pessoal, tem bons contatos no empresariado.

A seção paulista do PL, o presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, e o próprio senador José Alencar tendem a fechar apoio ao presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alencar seria o vice do petista.

Já os fluminenses e a ala do partido ligada à Igreja Universal do Reino de Deus nutrem simpatia pelo governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB). Entre os principais articuladores da adesão do PL a Garotinho está o deputado federal bispo Rodrigues (RJ), também coordenador político da Universal.

Na semana passada, durante visita a Minas Gerais, foi a vez de Garotinho convidar o senador mineiro para ser seu vice.

A ofensiva do governador motivou a reação do PT, da qual faz parte a atual "caravana" por 10 das 11 fábricas do grupo Coteminas, de propriedade de Alencar.

Nesta semana, no entanto, o próprio Garotinho, enquanto estava em viagem à Europa, admitiu que o PL está hoje bem mais próximo do PT que do seu PSB.

Por fora na corrida para contar com o apoio do senador corre o pré-candidato Ciro Gomes (PPS), que sonha ter o PL em seu palanque, a exemplo do que ocorreu em 1998.

A definição formal do partido de José Alencar sobre o assunto deve ficar para um encontro nacional provavelmente nos meses de abril ou maio.


Pesquisa em MS mostra baixa renda
Os cerca de 4.000 índios urbanos de Campo Grande sofrem com baixa renda, têm pouca escolaridade e estão perdendo a língua materna. Essas são algumas das conclusões do 1º Censo Urbano Indígena de Campo Grande, divulgado ontem como parte do lançamento da Campanha da Fraternidade 2002, que traz como tema os povos indígenas.

É a primeira pesquisa do gênero realizada no país, segundo a Arquidiocese de Campo Grande, que coordenou o censo. Ao todo, foram cadastrados 3.835 índios, divididos em 918 famílias.

Praticamente todos são de aldeias do interior de Mato Grosso do Sul, que tem a segunda maior população indígena do país, com pouco mais de 46 mil índios. O Estado com maior população indígena é o Amazonas, com cerca de 90 mil índios. A imensa maioria dos que vivem em Campo Grande, 80%, são terenas, etnia que vive principalmente na região do Pantanal sul-mato-grossense.

De acordo com o censo, a maior dificuldade está no binômio renda/escolaridade. Entre os chefes de família, 45,64% ganham até um salário mínimo. Apenas 2,94% ganham acima de cinco salários mínimos. As ocupações mais comuns são na construção civil e de empregada doméstica.

O nível escolar é igualmente baixo: 69% têm apenas o primeiro grau incompleto e 13% não receberam nenhuma instrução formal. "A estratégia de sobrevivência dos terenas, hoje confinados em pequenos territórios, foi se adaptar ao meio urbano, mas eles só percebem que não têm qualificação quando chegam a cidade", diz o terena Wanderley Cardoso, 29, recém-formado em história.

O censo também mostra que os índios estão perdendo a língua materna: 40% ainda falam a língua de origem, mas esse número cai para 11% quando se consideram apenas os filhos. Para Cardoso, "só o fato de o índio se identificar como terena ou guarani, mesmo sem falar a língua, é uma prova de que ele mantém sua identidade".


Governo vai usar "rolo" para aprovar a CPMF
Recesso termina amanhã

O governo vai usar o "rolo compressor" para tentar aprovar a emenda constitucional que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e evitar a perda de receita com a arrecadação.
A intenção do governo é votar o primeiro turno da emenda na Câmara na próxima quarta-feira -primeira semana de trabalho dos congressistas- e depois tentar cortar prazos de tramitação no Senado. O recesso no Congresso termina amanhã, mas as votações começam só na próxima semana.

O cumprimento do calendário governista não é simples. Para analisar a emenda do imposto do cheque, os deputados terão de votar antes três medidas provisórias que estão trancando a pauta, ou seja, impedem a votação de qualquer outra proposta antes de serem apreciadas.

O texto da CPMF aprovado em comissão especial da Câmara prevê a prorrogação até dezembro de 2003 e isenta os investimentos nas Bolsas de Valores, o que deverá provocar uma queda de receita de R$ 300 milhões anuais.


Artigos

As cinzas de São Paulo
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Carlos Tramontina, o apresentador da segunda edição do "SP-TV", da Rede Globo, tinha toda a razão ao alertar o espectador de que não estava mostrando cenas de guerra e, sim, das enchentes que rapidamente engolfaram São Paulo no fim da tarde de ontem.

O que se via, pelo menos na avenida Aricanduva, era, de fato, o retrato de uma cidade derrotada. Carros amontoados uns sobre os outros, passageiros subindo nas capotas para escapar, o lixo amontoado -enfim, cenas idênticas às do ano passado, do ano retrasado, de cinco anos atrás, dez anos antes.

Com certeza, vai começar de novo o joguinho de distribuir culpas. A prefeitura dirá que a enchente é estadual, o Estado dirá que a enchente é municipal, e sempre haverá algum chato para culpar o presidente Fernando Henrique Cardoso.

É um pouco como o caso da dengue no Rio, em que não se sabe direito se o mosquito é estadual, federal ou municipal. Seria tudo tão ridículo, não fosse tão trágico. Os políticos brasileiros parecem empenhados em imitar a Argentina, ou seja, em convidar ao repúdio a todo o sistema político-partidário.

No ano passado, a prefeita Marta Suplicy ainda podia tirar o corpo fora e dizer que assumira recentemente e, portanto, a enchente não era dela, mas dos antecessores.

Agora, não dá mais. Quatorze meses de gestão é tempo suficiente para, pelo menos, começar um trabalho que evitasse as cenas dantescas que a televisão mostrava no começo da noite. Ainda mais que a chuva não parece ter sido tão formidável para que toda a culpa seja jogada para o velho e bom são Pedro.

Afinal, não é segredo para ninguém que a cidade é, digamos, "inundável".

Todo mundo sabe quais são as áreas mais sujeitas a risco.

O fato é que São Paulo tornou-se um inferno, e ninguém mostra talento e competência para levá-la pelo menos para o purgatório.


Colunistas

PAINEL

Ninho desfalcado
Os tucanos Marconi Perillo (GO) e Albano Franco (SE) avisaram ao partido que não participarão de caravana de governadores do PSDB que irá ao Ceará tentar convencer Tasso Jereissati a deixar de bater em José Serra. Alegaram compromissos inadiáveis em seus Estados.

Motivo real
Por trás das desculpas oficiais, os governadores Marconi e Albano acham que a iniciativa de procurar Tasso tem de ser do próprio Serra. Além disso, também estão insatisfeitos com os cortes no Orçamento da União promovidos por FHC.

Público reduzido
A caravana dos governadores chegará ao Ceará no dia 19. Até ontem, apenas Dante de Oliveira (MT) e Almir Gabriel (PA) haviam confirmado presença. Geraldo Alckmin (SP) ficou de decidir até amanhã se irá.

Perdeu o factóide
Roseana Sarney (PFL) não vai mais ao Sambódromo do Rio no sábado. A Grande Rio, escola que homenageou o Maranhão, ficou em sétimo lugar no Ca rnaval e não se classificou para o desfile das campeãs.

Estado dividido
O deputado Sebastião Madeira (PSDB-MA), um dos maiores adversários de Roseana Sarney, apresentou projeto propondo a criação do Estado do Maranhão do Sul, que teria a cidade de Imperatriz como capital.

Mea culpa?
Indignado com o vazamento de informações do caso Celso Daniel, o deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) declarou ontem que não fala mais sobre as investigações.

Surfe na crise
Almir Pazzianotto, presidente do TST, convocou uma reunião para hoje entre o sindicato dos aeroviários e os donos de empresas aéreas para discutir o dissídio coletivo da categoria. Detalhe: nem patrões nem empregados querem a reunião.

Onda artificial
Pazzianotto, que disputará a eleição, recebeu ofícios das duas partes pedindo o cancelamento da reunião, pois ainda não iniciaram a discussão sobre o dissídio. Mas ele manteve o encontro, alegando que o setor está em crise e que precisa de controle.

Política de resultados
Parte da ala sindical do PT de Montes Claros bem que tentou, mas não conseguiu fazer um protesto contra a visita de Lula à Coteminas de José Alencar (PL). O senador liberal não é, entre os sindicalistas, a unanimidade que representa na direção do PT. O ato foi desarticulado pela cúpula nacional do partido.

Efeito colateral
Se conseguir fechar mesmo a aliança com o PL de José Alencar para a eleição presidencial, o PT terá de apoiar o bispo-cantor Marcelo Crivella, sobrinho de Edir Macedo (Universal), que controla parte do partido, para o Senado no Rio de Janeiro.

Reclamação eleitoral
Ciro Gomes diz que a cobertura da sucessão pelos jornais privilegia o candidato governista. Em seu site, publicou pesquisa segundo a qual Serra apareceu em 30% das reportagens, contra Roseana com 25%, Lula (20%), Ciro (7%) e Garotinho (7%).

Pré-campanha
A pesquisa de mídia, segundo Ciro, não inclui as reportagens nas quais os pré-candidatos à Presidência surgem na condição de ministro ou de governador. A medição teria sido feita entre 29 de outubro e 27 de janeiro.

Sombra e folia
Depois de três anos recluso no Carnaval, Eduardo Jorge esteve discretamente no sambódromo do Rio, no camarote de um amigo. O ex-secretário-geral de FHC acompanha os desfiles desde a época da avenida Rio Branco, quando os assistia em cima de um caixote de maçã.

TIROTEIO

Do ator e diretor de teatro Cacá Rosset, sobre a gestão da prefeita petista Marta Suplicy em São Paulo:
- Marta Suplicy conseguiu colocar a esquerda festiva no poder. A prefeita não perde uma festa. É desfile de Carnaval, desfile de moda... Não perde nem batizado de boneca.

CONTRAPONTO

Questão de proximidade
O apoio do senador de Minas Gerais José Alencar (PL), dono da Coteminas, uma das maiores empresas têxteis do país, está sendo disputado nos bastidores por Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP) e pelo governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB-RJ).

Fiel à tradição dos políticos mineiros, Alencar despista quando o assunto é a sua preferência. Dias atrás, numa conversa por telefone com o senador, um jornalista arriscou:
- Senador, o senhor se sente mais próximo de Lula ou de Garotinho?
Alencar respondeu:
- No momento, estou mais próximo do Garotinho.
O repórter deu um pulo:
- É mesmo, senador? E o senhor pode me dizer a razão? - perguntou.
O senador esclareceu:
- Claro. É porque eu estou no Rio de Janeiro...


Editorial

POPULISMO NA GASOLINA

O preço da gasolina provocou um intenso debate no início deste ano, quando foram liberados as importações do produto e seu preço nas refinarias da Petrobras. Mas, a despeito da grita populista, problemas sérios do setor, como a adulteração da gasolina, persistem.

O governo acreditava que o preço na bomba cairia 20% devido a uma redução de 25% nos preços nas refinarias. Mas levantamento da ANP (Agência Nacional do Petróleo) indicou que, após um mês, o preço médio da gasolina nos postos de São Paulo havia se reduzido 12,04%.

Especialistas da Escola de Agronomia da USP (Esalq) destacaram em artigo na Folha, na segunda-feira, que o valor da gasolina nas refinarias representa 47,5% do preço pago pelo consumidor. Isso porque, além do revendedor ter de arcar com custos operacionais, incluindo os de distribuição, a gasolina que abastece os automóveis recebe uma mistura de 24% de álcool. Nesse contexto, a redução dos preços nos postos deveria ser de 10% a 12%. A queda do preço da gasolina ao consumidor esperada pelo governo, por esse raciocínio, foi excessivamente otimista.

É preciso refletir quanto aos rumos do setor de combustíveis desde 1996. Além das mudanças recentes, as principais medidas foram a liberação dos preços nos postos e a permissão para que postos comprassem combustíveis da distribuidora que desejassem, o que permitiu o surgimento de novas empresas nessa atividade.

A maior competição trouxe resultados em termos de preços ao consumidor. Mas é notório que foram intensificadas práticas lesivas de concorrência, como a adulteração de combustíveis e a indústria de liminares contra o pagamento de tributos.

O governo tem agido para combater essas práticas, mas os resultados ainda estão longe dos esperados. Assim, de nada adiantam arroubos populistas, prevendo quedas irreais no preço da gasolina.


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02/14/2002


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