Equipe de Serra já não se entende










Equipe de Serra já não se entende
Estagnação da campanha do tucano provoca uma rebelião nos bastidores. Os marqueteiros são acusados de dividir os comitês científico e político

BRASÍLIA – A crise produzida pela estagnação da candidatura do tucano José Serra (Grande Aliança) a presidente provoca uma rebelião de tucanos e aliados nos bastidores da campanha. Angustiados com o crescimento do candidato da Coligação Lula Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT/PL/PCdoB/PCB/PMN), nas pesquisas de intenção de voto, os políticos dizem que foram alijados da campanha e se queixam dos resultados. Acusam os publicitários e a assessoria mais próxima de Serra de ter provocado uma cisão entre o comitê científico, de São Paulo, e o político, sediado em Brasília.

“Está faltando o toque do político na campanha, porque o marketing, sozinho, não resolve. Só se ganha eleição com político fazendo campanha”, diz o ex-deputado Elton Ronhelt (PFL), que liderou a bancada do Governo na Câmara e, agora, ajuda na coordenação política da campanha no Norte do País. Com a liberdade de quem não disputará mandato algum no dia 6, Ronhelt resume de público o que tucanos, peemedebistas e pefelistas só ousam comentar no bastidor.

A queixa geral é de que a campanha foi contaminada pela divisão entre os paulistas e os políticos. “São Paulo e Brasília são dois compartimentos estanques, que não se comunicam”, diz um importante tucano. Segundo ele, o coordenador político da campanha, deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG), bem que tentou armar um estado maior da política para discutir, diariamente, com o candidato cada lance da campanha de Serra e seus adversários.

“Mas hoje Pimenta não coordena nada porque, simplesmente, não há ação política nesta campanha. Eu estou cuidando da minha eleição, porque, por mais que eu procure a campanha nacional, simplesmente não acho. A gente quer contribuir, opinar, mas não tem espaço”, emenda outro político de expressão nacional. Segundo ele, tudo é decidido com base em pesquisas, o que, para ele, é um equívoco.

“O tecnicismo e o cientificismo são úteis, mas não dispensam a experiência política nem a capacidade de interpretação dos fatos para a qual os políticos têm mais treino do que os cientistas”, justifica.

Não bastasse tanto chororô, ainda tem a polêmica por conta dos efeitos duvidosos dos ataques a Lula. Enquanto uns pregam a comparação sem agressividade, outros defendem a pancadaria. Em meio a tudo isto, a publicidade e os assessores mais próximos reuniram-se com o candidato ontem à tarde e decidiram mostrar, na publicidade eleitoral gratuita de televisão, que o candidato da Grande Aliança a presidente não é o grande agressor da corrida presidencial. Segundo o economista José Roberto Afonso, um dos principais assessores de Serra, “ninguém apanha mais do que ele na televisão”.


Lula admite o PSDB no seu Governo
SÃO PAULO – O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, admitiu ontem a possibilidade de integrantes do PSDB participarem de um eventual governo seu, durante entrevista a jornalistas de O Estado de S. Paulo. “Tenho de tomar todo o cuidado, senão os jornais dão manchete: ‘Lula faz aliança com o PSDB para governar’.

Isso não me ajudaria neste momento. Acho que tem gente boa no PSDB. Como tem no PMDB e mesmo gente sem partido”, disse, ao ser questionado se aceitaria compor com os tucanos se eleito.

O petista rejeitou qualquer possibilidade de manter o atual presidente do Banco Central no cargo. “Vamos encerrar de vez esta história: Armínio Fraga não fica no meu governo. O PT tem gente da mais alta qualidade e vamos escolher um presidente do Banco Central que tenha o perfil que nós acreditamos”, disse.

O candidato do PT recusou-se a traçar o perfil mais indicado para o cargo de ministro da Fazenda. “Isso é uma coisa tão secreta... Primeiro tenho de ganhar as eleições. A situação nos é amplamente favorável, mas eleição e mineração você só conhece o resultado depois da apuração. Depois vamos discutir a montagem do ministério.”

Lula disse que o responsável pela área econômica não precisa ser necessariamente do PT. “O PT tem extraordinários quadros para dirigir a economia brasilera. Mas há extraordinários quadros que não estão no PT ou não estão em partido nenhum. Vamos discutir isso com nossos aliados”.

Vencendo, o petista afirmou que divulgará o ministério de uma vez só. “Não vai ser à base de conta-gotas, para evitar que, por meio de colunas de pequenas notícias, as pessoas se auto-indiquem ministros. Vamos indicar à sociedade um pacote de ministros.”


Serra se esforça para quebrar imagem de político antinordestino
Escaldado com a queda nas intenções de voto e o aumento da rejeição nas pesquisas eleitorais, o presidenciável José Serra (PSDB) esqueceu os ataques ao petista Lula e lembrou do Nordeste, em seu guia de ontem à noite. Embalado a forró e à proposta de “20 anos em 4”, o programa tentou quebrar a imagem de que Serra não gostaria do Nordeste. Foram abordados investimentos e realizações do presidenciável na região, desde o tempo em que ele era deputado federal, entre 1986 e 1994.

Cantado por Dominguinhos e Elba Ramalho, o novo jingle martelava “Sou nordestino e Zé Serra”. Todas as outras músicas da campanha também foram convertidas em xotes e baiões, no intento de aproximar o candidato da cultura nordestina. Para reforçar o discurso, os governadores Albano Franco (PSDB-SE) e Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) pediram o voto do nordestino para o tucano.

Mudança também foi a tônica no programa de Ciro Gomes (PPS). O candidato apostou na imagem de terceira via para tentar reverter a queda nas pesquisas e chegar ao segundo turno. No início do guia, o cantor Falcão reclamou: “Até parece que a gente só pode votar no ‘Seu Fica-tudo-como-está’ ou no ‘Seu Sei-Lá-Como-Fica’. Vai pra lá, eu voto em Ciro”. Todo o restante do programa adotou o mesmo mote. Para desfazer o estigma de carrancudo, Ciro falou o tempo todo esboçando um sorriso, com um fundo musical mais animado que o “Eu sou brasileiro” usado até então.

O programa petista, por sua vez, atacou de emoção buscando a vitória lulista ainda no primeiro turno. Lula falou um minuto sobre saúde pública e o resto do guia foi uma “volta ao passado”, como anunciou a apresentadora. A campanha de 1989 foi lembrada e um clipe da época, com vários artistas e intelectuais cantando “Sem medo de ser feliz, Lula lá”, trouxe desde Chico Buarque e Gilberto Gil até a agora serrista Elba Ramalho pedindo votos para o petista.


Lula mais uma vez perto da vitória, aponta o Ibope
Serra cai 2 pontos e está tecnicamente empatado com Garotinho: 18% a 15%

SÃO PAULO - O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu 2 pontos porcentuais e passou de 39% para 41%, segundo a última pesquisa de intenção de votos realizada pelo Ibope, divulgada ontem no Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão. O concorrente do PSDB, José Serra, oscilou 1 ponto para baixo, de 19% para 18%. Como a margem de erro é de 1,8 ponto porcentual, para mais ou para menos, Serra está tecnicamente empatado com Anthony Garotinho (PSB) em segundo lugar. O ex-governador do Rio, pela quarta rodada consecutiva, oscilou 1 ponto para cima, chegando a 15%. Ele ainda está tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PPS), que perdeu 2 pontos e caiu de 14% para 12%. Os votos em branco e nulos passaram de 5% para 4% e o índice de indecisos foi de 9% para 10%.

Com isso, Lula voltou a ter 48% dos votos válidos (soma de todos os votos, menos os em branco e nulos), o que significa que ele está a 2 pontos de se eleger ai nda no primeiro turno. Para que não haja segundo turno, um candidato precisa atingir 50% dos votos válidos mais um voto. Serra tem 21% dos votos válidos, Garotinho, 17%, e Ciro, 14%.

Nas simulações feitas pelo Ibope para o segundo turno, Lula continua vencendo todos os adversários. Se a disputa fosse com Serra, o candidato petista venceria por 55% a 35% (no último levantamento o índice era de 51% a 37%). Num confronto com Ciro, Lula se elegeria por 56% a 32% (na semana passada, 52% a 34%). Se disputasse com Garotinho, o candidato do PT ganharia por 55% a 34%. Os resultados das simulações para o segundo turno reforçam a tendência de fragilidade nas campanhas de Serra e de Ciro. Também consolidam a indicação de crescimento do candidato
petista, apontada no levantamento de primeiro turno.

A pesquisa, encomendada pela Rede Globo, foi realizada entre os dias 21 e 24. Foram ouvidos 3 mil eleitores em 203 municípios de todo o País.


Garotinho investe no Nordeste esperando chegar ao 2º turno
ITABUNA, BA – O presidenciável Anthony Garotinho (PSB) fez ontem corpo-a-corpo em seis cidades da Bahia. O Nordeste, além do Sul - que ele visitou anteontem -, é um dos redutos eleitorais mais fracos do candidato. Garotinho volta ao Nordeste amanhã e faz campanha no Norte do País no sábado. Ontem, animado com as pesquisas, o presidenciável rez campanha relâmpago em Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista, Jequié, Ilhéus, Itabuna e Salvador.

Um pouco rouco, Garotinho subiu nos carros de som para responsabilizar a política equivocada do governo federal pela alta recorde do dólar e para atacar o candidato do PT, dizendo que faltam poucos dias para a escolha nas urnas entre a oposição de verdade (que seria ele) e Lula. “Sou a oposição preparada e que não perdeu seus princípios. Lula fez aliança com Sarney (ex-presidente e senador do PMDB-AP), não tem experiência administrativa e agora está fazendo reunião por baixo dos panos com Antônio Carlos Magalhães (ex-senador do PFL-BA), que abandonou o barco furado de Ciro Gomes”, disparou.


Dólar fecha cotado a R$ 3,78
A moeda norte-americana registrou alta de 5,88% e obteve a maior cotação dos últimos oito anos. Em Buenos Aires, o dólar livre fechou valendo 3,70 pesos

SÃO PAULO – A desaceleração da economia mundial, incertezas eleitorais e a estrutura da dívida pública fizeram o dólar alcançar a maior cotação do Plano Real, em 1994. A moeda norte-americana fechou ontem a R$ 3,77 na compra e a R$ 3,78 na venda, alta de 5,88% em relação a ontem – R$ 3,57, até então, o recorde dos últimos oito anos.

A cotação para a compra do dólar deixa o real com um valor menor do que o peso argentino. Ontem, em Buenos Aires, o dólar livre fechou a 3,70 pesos.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 1,24%. O risco-país brasileiro encerrou o dia com 2.221 pontos, alta de 0,6%. O Brasil tem o quarto maior risco do mundo, atrás da Argentina (6.843 pontos), Nigéria (3.576 pontos) e Uruguai (2.351 pontos).

Segundo analistas, o principal propulsor da alta foi a dívida de US$ 1,52 bilhão que vence hoje e que será liquidada pelo Banco Central em reais juntos às instituições financeiras. Esses bancos teriam inflado artificialmente as cotações para maximizar o lucro, já que a dívida será paga pela Ptax (cotação média do BC) de ontem.

Cotação também reflete pesquisa Ibope, que apontaria avanços das candidaturas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode vencer a eleição no primeiro turno, e de Anthony Garotinho (PSB), que teria se aproximado do tucano José Serra.

ARGENTINA – A escalada do dólar desperta mais uma vez o temor de o Brasil irá trilhar o caminho argentino. Mas, a despeito do nervosismo do mercado, a crise que atinge o Brasil e a que levou a Argentina ao colapso são muito diferentes. Primeiro, o Brasil teve a sorte de ter a política de câmbio controlado derrubada em 1999. A adoção do câmbio flutuante tirou o País do caminho argentino. Com o real flutuando, o Governo deixou de se comprometer com a cotação do câmbio, o que exigia elevações fortes da taxa de juros. A queda também ajudou a baixar o déficit das contas externas: os brasileiros passaram a gastar menos com importados e viagens internacionais e os produtos nacionais ficaram mais competitivos.

A Argentina insistiu no câmbio fixo e na conversibilidade do peso, que valia um dólar por lei. Com contratos, depósitos e dívidas em dólares, a economia e o peso entraram em colapso.

Os sistemas fiscais são muito diferentes. O Brasil é mais centralizado na União. Após 1999, o brasileiro passou a gastar menos do que arrecada e a fazer o ajuste fiscal exigido pelo FMI. Na Argentina, a autonomia dos governadores torna mais difícil fazer o ajuste fiscal, o que tem dificultado a assinatura de novos acordos com o FMI.


Artigos

A vida como ela é
Arthur Carvalho

Morreram, na semana retrasada, Mauro Ramos e Dida, dois famosos ex-jogadores brasileiros. Mauro, que atuou nos anos 50 e 60, pelo São Paulo, Santos, Boca Juniors e Seleção Brasileira, foi, apesar das glórias conquistadas, um dos jogadores mais injustiçados do Brasil.

Já na Copa de 50, ele merecia ser o titular da zaga central, em lugar de Juvenal, pois, embora muito jovem, já fora campeão sul-americano em 49. Mas a verdade é que Flávio Costa, como bom técnico de futebol, tinha suas manias. Uma delas era dar preferência aos atletas de seu clube. E, em 50, ele treinava o Flamengo, onde jogavam Juvenal e ... Bigode. Outra faceta sua era proteger “brucutus”, relegando os “clássicos”. E Mauro foi o beque mais classudo deste País depois de Domingos da Guia.

Ainda em 50, ele preferiu Bigode a Noronha e Nilton Santos. Deixou a “Enciclopédia” no banco e escalou Augusto, um medíocre careca da Polícia Especial do Rio de Janeiro, “porque Santos calçava chuteiras de bico macio, incompatíveis com um homem de defesa”. Se nosso trio final fosse Barbosa, Santos e Mauro, com Noronha na lateral esquerda, a história da partida contra o Uruguai era outra.

Em 54, escalaram Pinheiro em lugar de Mauro, em 58, a vez foi de Bellini, Mauro na reserva. Em 62, Aimoré quis barrá-lo, novamente, ele reagiu e levantou a taça, como capitão da equipe bicampeã.

Quando abandonou o futebol, decepcionado com tanta injustiça, regressou definitivamente à sua terra natal, Poços de Caldas, e lá enfurnou-se, pro resto da vida, sem dar entrevista a ninguém, sem ver cara de cartola. Dizem os médicos que o stress e a amargura predispõem o indivíduo ao câncer. Foi do que ele morreu. Um artista da pelota, como diriam Hélio Pinto e Haroldo Praça.

Dida, segundo maior artilheiro do Flamengo, morreu viúvo, doente e pobre, como tantos astros do futebol brasileiro. Sua última foto, envergando a camisa rubro-negra, no interior de seu apartamento, dá pena. A matéria, num jornal carioca, diz que Zico inspirou-se nele para tornar-se “o melhor jogador de todos os tempos do Flamengo”.

Há um grave erro nisso. Zico é bom caráter e foi craque, mas o Flamengo teve, pelo menos, quatro jogadores superiores a ele: Domingos, Fausto, Zizinho e Leônidas.

Esses, inclusive, integram a hipotética Seleção Brasileira de todas as épocas, e o “Galinho”, não. A estrela do Flamengo foi Zizinho. Não devemos confundir craque com grande jogador. Zico foi craque, grande jogador, não.
O
craque é, sobretudo, um virtuoso, um exímio cabeceador, controlador de bola, perfeito nos passes, dribles e lançamentos, mas isso apenas não basta, não decide partida nem Copa. Grande jogador é o que reúne todas essas habilidades, acrescidas do poder de liderança, de raça, de comando, de visão de campo, de estratégia. É o maestro, o cérebro do time. O grande jogador é tudo isso e não abre d o pau. Zico foi craque mas permitiu que Gentille o massacrasse na Espanha.

Num “amistoso” do Combinado Bangu/São Paulo, na Alemanha, pelos anos 50, um mala de dois metros passou o primeiro tempo todo chutando os tornozelos de Zizinho, que apanhava calado. Na primeira dividida do segundo tempo, mestre Ziza quebrou a perna do gringo. Quando Leônidas, treinador do Combinado, pressentiu o lance e gritou “não!”, já era, que hospital também foi feito pra galego safado.

Dida seria mais feliz em sua “carreira futebolística”, principalmente em 58, se Três Corações, em Minas, não tivesse produzido um crioulinho, apelidado na infância, de Gasolina e, na juventude e pelo resto da existência, de Pelé. Mas a vida é como ela é, não como deveria ter sido.

P.S. Viva o garoto Manuelzinho, glória do futebol pernambucano, completando 80 primaveras.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

A onda vermelha
Que Lula é o candidato favorito para ser o próximo presidente da República não comporta mais nenhuma discussão. O que se questiona agora é se ele venceria no primeiro ou no segundo turno. Vencer no primeiro não é impossível, porém não é provável, porque o guia de Serra de agora em diante fará de tudo para “satanizá-lo”.

Se essa estratégia dará certo ou não só iremos saber no final do mês quando o Ibope e o Datafolha divulgarem suas novas pesquisas.

Outro fato também incontestável é que a “onda vermelha” está-se espalhando no embalo do crescimento da candidatura o PT. Ela teve início no Rio Grande do Sul, onde o candidato Tarso Genro, que iniciou a campanha em desvantagem, já suplantou Antonio Brito. Passou em seguida por São Paulo, onde José Genoíno começa a crescer, rumando depois para o Nordeste, onde dá sinais de vida na Bahia, Sergipe, Piauí e Ceará. Neste último, o candidato Ciro Gomes, que até então reinava absoluto, perdeu 15 pontos em duas semanas, segundo o Ibope, o que deixou Tasso em estado de pânico porque o candidato petista José Airton começa a crescer na esteira de Lula.

É nessa “onda” que o PT pernambucano aposta suas fichas para levar, pelo menos, Carlos Wilson e Dílson Peixoto ao Senado.

A zebra do 1º turno
Garotinho disse a Arraes, pelo telefone, que está de posse de uma pesquisa em que já aparece em 2º lugar na corrida presidencial, à frente de Serra e Ciro Gomes.

Verdadeira ou não esta pesquisa, o fato é que ele está crescendo explorando as contradições dos adversários. E mesmo que não chegue ao segundo turno será uma peça importantíssima para definir o jogo em sua reta final, pois tem por trás de si um exército numeroso e unido: os evangélicos.

Petrolina 1
Jarbas se reunirá hoje em Petrolina, separadamente, com Osvaldo (19h) e Fernando Coelho (21h). O encontro com os liderados políticos de Osvaldo será no Sesi e com os partidários do prefeito na praça de eventos do River Shopping. Daqui a dois anos, só Deus sabe quem será o candidato do governo à prefeitura municipal.

Petrolina 2
Se Jarbas for reeleito governador, poderá ter na sua equipe representantes dos dois grupos. Basta Roberto Freire não ser eleito deputado. Nessa hipótese, chamaria Clementino Coelho para o 1º escalão, para abrir vaga na Câmara para o presidente do PPS. E, para equilibrar o jogo, seria obrigado a convidar também um liderado político de Osvaldo.

Médico bate próprio irmão em Serra Talhada
Domingo, em Serra Talhada, o médico Paulo César Carvalho subiu no palanque de Humberto Costa e espinafrou o irmão, Augusto César, presidente regional do PSDB.

Disse que os “Carvalho de vergonha” votam na oposição.

Arraes retorna à cidade em que foi vitorioso
Arraes testará hoje sua popularidade na feira de Tabira (Pajeú), onde foi vitorioso em 98. O prefeito Dinca Carvalho (ex-PSB), eleito com o seu apoio dois anos atrás, trocou de lado. Está com Jarbas, Maciel e Sérgio Guerra.

Graças a Deus!
Guilherme Uchoa (PDT) ainda dá graças a Deus por rompido com o Palácio. Reuniu domingo numa carreata 642 veículos e espera sair dessas eleições com uma votação bem superior à que obteve em 98. Participaram de sua carreata Carlos Wilson (PTB), Armando Monteiro (PMDB) e Eduardo Campos (PSB).

Chapa oficial
Tânia Bacelar reunirá amigos nesta quinta-feira para apresentar, oficialmente, os seus candidatos nessas eleições: Pedro Eugênio (federal) e Luciana Azevedo (estadual). Vai ser no restaurante Cataramã, a partir das 13h. Tânia é a mais influente colaboradora do prefeito João Paulo (PT).

Pesquisa do instituto “Consulte” publicada no último número do jornal “Correio Sete Colinas”, de Garanhuns, aponta o senador Carlos Wilson (PTB) com 50,4% de intenções de voto naquele município. Em seguida vêm Marco Maciel (PFL) com 43%, Sérgio Guerra (PSDB) com 21,6%, João Arraes (PSB) com 12,3% e Dílson Peixoto (PT) com 9,3%.

Segundo a assessoria do PMDB, não foram os advogados de Jarbas que descumpriram o acordo com Eduardo Carvalho, assessor jurídico de Carlos Wilson, no tocante à utilização pelos majoritários do tempo destinado aos proporcionais, e sim o contrário.

Mas Eduardo Carvalho mantém o que disse.

Luiz Piauhylino (PSDB) esclareceu ontem que “dobra” em Floresta com o deputado estadual Afonso Ferraz (PSDB), porém não tem o apoio do prefeito (Sérgio Jardim). Este, interessado em firmar sua própria liderança no município, para candidatar-se à reeleição, está apoiando para a Câmara o ex-ministro Raul Jungman (PMDB).

O que não falta nessas eleições é propaganda enganosa para confundir o eleitorado.

Inundaram ontem as ruas de Olinda com um panfleto pedindo votos para Lula, Jarbas, Marco Maciel, Armando Monteiro Neto e João Negromonte, dando a entender que todos eles estão na mesma coligação. Serra tá bebido!


Editorial

O PÓLO GESSEIRO

De acordo com os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em levantamento feito antes do início de moagem da atual safra canavieira, Pernambuco apresentou nos últimos 12 meses a maior queda na produção industrial (-5,1%), entre os dez maiores produtores do país. Foi um desempenho inferior ao da Região Nordeste como um todo, calculado em menos 4,5% (em relação ao período anterior).

Mas, felizmente, Pernambuco tem alguns trunfos para reverter esse quadro. E um deles é o pólo gesseiro do Sertão do Araripe, em fase de expansão. Nesta época pré-eleitoral, quando são anunciados programas para o próximo quatriênio, faz muito bem o Sindicato da Indústria do Gesso de Pernambuco em mobilizar o setor, através de congresso e seminários, para comprometer os futuros governantes, tanto no plano estadual quanto no federal, com os destinos daquela indústria. Ela pode servir de alento, abrindo novas perspectivas ao futuro econômico de Pernambuco, nesta época de tanto pessimismo e altas do câmbio, provocadas por ameaças monetárias fictícias ou reais.

O nosso Estado está precisando voltar a ser um grande exportador, com já o foi no passado. De tão óbvio, chega até a ser constrangedor lembrar que precisamos tirar partido do pouco que a natureza nos deu. Se ainda não foi descoberto petróleo em nosso subsolo, nem outros minerais preciosos que fizeram ou fazem a riqueza de algumas províncias, a verdade é que no Sertão do Araripe está situada a segundo maior reserva mundial de gipsita (um minério não-metálico, com base de sulfato de cálcio, de onde se extrai o gesso), com um volume estimado de 1,2 bilhão de toneladas. E nosso Estado é o produtor de 95% do gesso nacional. O que falta para transformar esse patrimônio natural em vetor de um novo surto de desenvolvimento do nosso extremo oeste, ao lado da produção vin ícola e de frutos, às margens do São Francisco, servindo de contraponto à indústria álcool-açucareira concentrada mais perto do litoral?

Há necessidade, todos sabem, de mais investimento em infra-estrutura de transportes, para baratear os custos dos produtos e aumentar o consumo interno, além de permitir a exportação. A Ferrovia Transnordestina, que parecia ser a esperança maior, foi deixada de lado, pelo desinteresse das empresas controladoras, a CSN e a Vale do Rio Doce, ambas em mãos de particulares, que detêm o poder acionário da Companhia Ferroviária do Nordeste, substituta da RFFSA. Seus grupos majoritários não vêem rentabilidade no empreendimento, segundo estudos técnicos recentes. O próprio vice-governador Mendonça Filho lembrou que a Transnordestina é um “projeto isolado, não é uma obrigação da CFN”.

Todos sabem que o transporte rodoviário onera o preço da gipsita. Uma tonelada dela, que custaria R$ 6,00 através de ferrovia, tem o frete elevado para R$ 70,00, quando o produto é transportado por caminhão. Quanto ao Governo do Estado, é justo que se reconheça que vem procurando fazer o possível para apoiar o pólo gesseiro, que envolve mais de 300 indústrias, em cinco municípios, e gera 12 mil empregos diretos, afora aproximadamente 60 mil indiretos. A inauguração, em abril último, da chamada Estrada do Gesso, foi um dos exemplos concretos desse apoio. Tal rodovia encurtou em 200 quilômetros a distância entre o Sertão do Araripe, em Pernambuco, e a cidade de Fortaleza, no Ceará. Encurtar distâncias é, também, uma forma de baratear os custos do frete. Mas, isso não é suficiente.

O potencial do pólo gesseiro pernambucano é muito grande. Atualmente, o gesso vem se limitando a umas 15 aplicações, no Brasil, entre elas a ortopédica, a odontológica, a agrícola e a da construção civil. Na Europa, segundo revistas especializadas, as aplicações são mais de 300.


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09/25/2002


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