Servidores alertam sobre o caos no sistema penitenciário



A Comissão de Serviços Públicos debateu ontem as condições de trabalho e a situação dos monitores, agentes e auxiliares penitenciários do Rio Grande do Sul, expostas do documento "Desabafo Penitenciário", o qual afirma que a classe só se faz ouvir "com a perda de colegas". O presidente da Associação dos Monitores Agentes e Auxiliares Penitenciários do RS (Amapergs), Flávio Bastos Berneira Júnior, denunciou o excesso de trabalho dos servidores, ocasionado pela dupla carga horária, já que o funcionário tem que cumprir a sua jornada no presídio de origem e fazer reforço em outras casas carcerárias. "Há trabalhadores com mais de 2.000 horas em haver", salientou. Berneira destacou ainda, a falta de pessoal para as escoltas e para a realização de guarda nos presídios, como também, o sucateamento das viaturas, o pequeno poder de fogo das armas utilizadas e a "completa inversão de valores nas instituições, a insubordinação desencadeada pela falta de autoridade". Já o vice-presidente da entidade, João Nunes de Freitas, questionou a decisão de terminar a revista íntima nos presídios. "Temos que saber como ficarão as questões de segurança, pois o modelo difundido na imprensa vai permitir a liberação das drogas dentro das penitenciárias. Todos sabemos que a droga é encorajadora de ações violentas. O nosso sistema penitenciário não pode ir na contra-mão da história, quando o mundo inteiro está combatendo o tráfico". Freitas sugeriu ainda, que o Estado retomasse o modelo das salas de visita como existia no Presídio Estadual de Charqueadas. Na audiência pública, Noevi Maria Ferreira, viúva do servidor Pedro Jorge Ferreira, que faleceu em serviço, relatou à Comissão as dificuldades que vem enfrentando já que não foi liberada a integralidade da pensão e tampouco o seguro de vida. "A minha família está sobrevivendo graças ao auxílio dos colegas", desabafou. O presidente em exercício da Comissão, deputado Jair Foscarini, que lamentou a ausência de autoridades do governo, em seu encaminhamento final definiu que irá solicitar à Secretaria da Justiça e Segurança a perícia em todos os veículos e equipamentos de segurança da Susepe e que pedirá o laudo do carro que vitimou o agente Edir Araújo, no último dia 7 de julho, ao mesmo tempo que levará ao Ministério Público todas as denúncias recebidas. Foscarini também encaminhará o caso das viúvas à Comissão de Direitos Humanos para que sejam atendidos os seus direitos assegurados em lei. Participaram da reunião ordinária, o presidente da Federação das Entidades de Classe da Área da Segurança Pública do RS, Aldoir Prates dos Santos, o presidente da Associação dos Comissários de Polícia do RS, Francisco de Paula, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do RS, Paulo Leonel Lucas e dezenas de profissionais da área penitenciária do Estado.

08/24/2001


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