Servidores voltam, mas não trabalham
Servidores voltam, mas não trabalham
Reintegrados pela Justiça, funcionários da Câmara Municipal de Jaboatão passam o dia pelos corredores
Os 59 servidores da Câmara de Vereadores de Jaboatão dos Guararapes que foram colocados em disponibilidade em janeiro passado voltaram à Casa na última terça-feira. Porém, eles estão sem trabalhar. Apenas batem o ponto. Entram às 7h e saem às 13h. Neste intervalo, se amontoam pelos corredores do prédio ou sentam no plenário durante as sessões. "O presidente (da Câmara) Joaquim Barreto (PSC) não lotou a gente em nenhum gabinete ou outro setor. Estamos sendo desrespeitados, já que somos concursados. Avaliamos que tudo não passa de perseguição política", contou um servidor que, por temer represálias, prefere se manter no anonimato.
A reintengração do grupo, formado por agentes administrativo, secretárias e técnicos em informática, entre outros, se deu por determinação da Justiça. O juiz da 2ªVara da Fazenda Pública da Comarca de Jaboatão, Alfredo Hermes Barbosa de Aguiar Neto, julgou favorável dois mandados de segurança solicitados por funcionários que pediam a suspensão das portarias que determinaram a disponibilização. Na sentença, divulgada há cerca de três semanas, o juiz tornou definitiva a medida liminar que tinha sido concedida anteriormente também suspendendo o efeito das portarias.
A liminar, que atendia a um outro mandado de segurança, havia sido cassada pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco. Com o julgamento do mérito, o processo foi extinto. Na sentença, Aguiar Neto afirma, porém, que a decisão está ainda sujeita ao reexame do Tribunal de Justiça. Para isso, os autos (a papelada) do processo foram encaminhados ao TJ.
O vereador Joaquim Barreto rebate as acusações dos servidores afirmando que eles não vem comparecendo à Câmara. "Eles só chegam meio-dia. Quando se apresentarem, serão reintegrados. Estas pessoas não têm especialização, até porque nunca trabalharam. Sempre ganharam sem fazer nada", disse. Ele contou que quando optou por colocar os funcionários em disponibilidade foi porque não queria fazer demissões. "A Câmara tem que se ajustar ao que determina a Constituição. Não podemos gastar maisde 70% com pessoal. Não tenho motivo para perseguir ninguém".
Segundo o vereador, o juiz afirma, na sentença, que a demissão é a melhor saída. "Ele (Aguiar Neto) só determinou a reintegração porque não concordou a disponibilidade. Aliás, foi o único ponto de discordância", ressaltou. Barreto informou ainda que tem até o dia 19 para recorrer a decisão (embora seja uma sentença). Segundo afirmou, existe ainda liminar suspensa. "Além disso, o próprio juiz enviou sua decisão para análise do TJ".
O advogado dos servidores, César Coelho, destaca que a expectativa é que o TJ ratifique o direito "líquido e certo" dos funcionários. "Tanto o juiz quanto o Ministério Público já reconheceram a necessidade da reintegração", frisou.
Convenção : Para onde caminha o PMDB?
Partido elege neste domingo direção nacional, dividido entre grupos de Jarbas, pró-FHC, e de Itamar, da oposição. Encontro é um marco na sucessão presidencial
O PMDB realiza, neste domingo, a convenção nacional que irá eleger o novo presidente da legenda. Caso as previsões se confirmem, o deputado federal governista Michel Temer (SP) será conduzido ao cargo com a maioria dos votos, derrotando o senador Maguito Vilela (GO). Mais que uma disputa partidária, esta convenção é um divisor de águas para a política. E, principalmente, para a definição do quadro sucessório de 2002 no País e em Pernambuco. Para o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), um dos patronos da candidatura do deputado, a vitória de Temer é a sua vitória pessoal. O passaporte para a ampliação de sua força fora dos limites de Pernambuco.
Quando Temer for confirmado como presidente, o nome de Jarbas Vasconcelos passará a ter outro peso no cenário nacional. O seu empenho como articulador já lhe rendeu frutos. Alguns aliancistas chegaram a lançá-lo como uma opção "conciliadora" do partido para assumir a campanha presidencial. Uma proposta do assessor especial da Presidência da República, Moreira Franco.Idéia que, segundo deputados peemedebistas, não ecoa na base porque o governador não tem "demonstrado interesse" nem teria perfil para isso.
Jarbas Vasconcelos também vem sendo lembrado como um dos nomes para compor uma chapa governista, na vice-presidência, juntamente como o PFL. "Ainda não pensei sobre isto, apesar de saber que Jarbas tem total condições porque ele tem uma grande trajetória no PMDB", comentou o presidente do PMDB estadual, Dorany Sampaio. "A liderança do governador ficará bem mais clara", disse o deputado Joca Colaço.
Mas o sucesso eleitoral de Michel Temer significa, sobretudo, a derrota do governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Atualmente um dos principais opositores do Governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Itamar apóia a candidatura de Maguito Vilela desde o momento em que desistiu de disputar o cargo. Com Temer na presidência do PMDB, o governador Jarbas reforça a sua liderança junto aos outros quatro governadores do partido. "A presença dele (de Itamar) não nos causaria receio, mas será um alívio para nós se ele deixar a legenda", considerou Dorany.
José Sarney : O retorno
Ex-presidente já admite voltar a dirigir o Senado se houver consenso no PMDB em torno do seu nome
BRASÍLIA - Falta presidente para o Senado? Chame o Sarney. O PMDB precisa de presidente? Convoque o Sarney. O nome hoje milagroso de José Sarney já foi execrado no passado, no fim de um tumultuado Governo que marcou a transição do País do regime militar para a democracia. A um ponto que o presidente Fernando Henrique Cardoso, na primeira crise política de seu Governo, para mostrar as diferenças denunciou, inconformado: "Querem botar um bigode em mim".
Agora, tudo o que Fernando Henrique deseja, depois que deixar o cargo, é ser feliz como Sarney. Hoje, o intelectual Sarney tem uma atividade mais intensa do que o senador Sarney. Sua explosão literária deu-se depois que deixou o Governo. "Depois que deixei a presidência, senti a necessidade de resgatar a frustração que tinha de não ter construído uma obra literária. Consegui fazê-lo".
Isso quer dizer que Sarney deixou de vez a política? Nem pensar: "A literatura, hoje, é a minha grande sedução. Mas a política só tem uma porta, a de entrada. E posso conciliar a literatura com a política, porque hoje a política tem muito de ficção". Portanto, ninguém deve estranhar se Sarney vir a ocupar uma ou as duas cadeiras para as quais Jader Barbalho foi eleito. Ele diz que as presidências do Senado e do PMDB não o interessam, mas admite aceitá-las se for solução de consenso.
Afirma que suceder Fernando Henrique está fora de seus planos. Mas, ao advertir os açodados, acaba abrindo uma porta: "A primeira coisa para ser presidente da República é não querer ser", diz.
Voto dos artistas ainda está indefinido
Desconfiadas, estrelas que ajudam na eleição de candidatos preferem ganhar tempo e avaliar opções
RIO - Eleitora de Fernando Henrique nas duas últimas votações, a modelo e empresária do ramo dos cosméticos Luma de Oliveira já mandou avisar: como não poderá repetir o voto de 1994 e 1998, vai prestar nuita atenção ao nome que será indicado pelo atual presidente. Bem mais desiludidos com Fernando Henrique, em quem votaram em eleições passadas, Caetano Veloso e Gilberto Gil afirmam que, no ano que vem, seu candidato será Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Embora ainda seja cedo para dizer quem será o candidato da classe artística, já há quem, como Luma, Caetano e Gil, esteja fazendo suas apostas.
Petista de carteirinha até 1996 e eleitor convicto de Lula até poucos meses atrás, quando pôs em dúvida se valeria a pena voltar votar no presidente de honra do partido, já que ele nunca assistira a uma de suas peças, Paulo Betti respira aliviado: pela primeira vez desde que o povo voltou a escolher o presidente, ele não se sente na obrigação de escolher um nome com tanta antecedência. "Ganhei o direito de não ter umcandidato antecipadamente e de poder esperar até às vésperas das eleições para escolher. Quero esperar que as coisas fiquem mais claras", diz Betti, que não descarta a possibilidade de votar em Lula, mas analisa nomes como José Serra e Eduardo Suplicy.
Nana Caymmi também acha cedo para escolher. Eleitora de Fernando Henrique em 1994 e 1998, a cantora diz que não tem vontade de apostar em nenhum dos candidatos anunciados até agora. Mas, como Luma, não descarta a possibilidade de dar seu voto ao candidato indicado pelo presidente.
PT escolherá dirigentes em pleito direto
BRASÍLIA - A experiência é inédita. Pela primeira vez no Brasil, um partido político, no caso o PT, escolherá suas representações nacional, regionais e municipais pelo voto direto. São 851 mil militantes cadastrados, mas a expectativa é de que apenas 300 mil compareçam às urnas no próximo domingo, dia 16 de setembro. O partido gastou R$ 500 mil na organização do pleito e nas campanhas dos seis candidatos.
Como numa eleição geral, os militantes terão urnas espalhadas por 2.834 municípios, o que significa 51% das cidades brasileiras. O Tribunal Superior Eleitoral fornecerá as urnas eletrônicas em 184 cidades. O equipamento é o mesmo usado nas últimas eleições para prefeito, no ano passado. O ministro do TSE, Fernando Neves, foi destacado para acompanhar o processo. O PT desenvolveu um sistema paralelo para a fiscalização. Duas urnas serão clonadas e seus votos serão totalizados na sede central do PT, em São Paulo, para dar transparência ao processo.
A apuração geral será on line e o resultado das eleições será conhecido ainda no domingo. Caso haja segundo turno, as novas eleições serão em outubro. Ao todo são seis mil chapas envolvendo 90 mil militantes candidatos em todo o País. Cada chapa tem de 20 a 40 representantes. Em estados como o Rio Grande do Sul, a Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e o Distrito Federal, a disputa será acirrada.
Colunistas
Diário Político - Divane Carvalho
Desejo de mudança
Na aliança PMDB/PFL/PSDB ninguém duvida mais: o que derrotou Roberto Magalhães na eleição do ano passado, acima de qualquer outra coisa, foi o desejo de mudança que tomou conta dos recifenses. Que cresceu quando João Paulo levou a decisão do pleito para o segundo turno e transformou-se na onda vermelha do PT. A possibilidade de desejo semelhante ressurgir em 2002, quando o eleitorado vai eleger um novo presidente da República e terá a opção de manter o governador no Palácio do Campo das Princesas, está deixando muitos jarbistas com as barbas de molho. Para não dizer que eles ficam em pânico, mesmo, só em pensar que pode acontecer algo parecido para atrapalhar a pretensão de Jarbas Vasconcelos de ter um segundo mandato. Fato que seria agravado pela própria reeleição, que tem cara de retrocesso, ou na melhor das hipóteses de um filme já visto, que muita gente não quer assistir novamente, por melhor e mais premiado que seja. Não bastassem essas constatações e Marco Maciel surge como o mais bem avaliado nas pesquisas para o Senado, complicando o quadro. Pois como eles temem um novo movimento mudancista e estão conscientes de que a reeleição cheira a continuísmo, também acreditam que o nome do vice- presidente na chapa majoritária seria o antônimo de mudança. É exatamente esse nó que vem tirando o sono de marqueteiros e assessores do governador, que trabalham dia e noite em busca de uma saída para tão delicada questão.
Gustavo Krause se prepara para disputar uma vaga na Assembléia em 2002. Apesar de não ter mandato nem cargo público, Krause tem uma intensa atividade partidária e será candidato atendendo convocação do PFL
Mandato 1
Pedro Eugênio (PPS-PE) teve uma longa conversa com Dilson Peixoto (PT). O pós-comunista estaria disposto a se filiar ao partido de Luiz Inácio Lula da Silva para renovar o mandato. O que não será fácil, ficando no PPS.
Mandato 2
O que seria apenas uma troca de partido, pode virar guerra. Pois Paulo Rubem e Isaltino Nascimento, que estão no páreo, além de Fernando Ferro, que deseja se reeleger, não vão abrir espaço no PT para Pedro Eugênio, claro.
Mania 1
Enquanto durar a mania de perseguição no Palácio do Campo das Princesas, dificilmente Jarbas Vasconcelos conseguirá resolver questões corriqueiras de qualquer governo como greves, burocracia, paralisação de obras e por aí vai.
Mania 2
Tem gente tentando convencer o governador que fazendários fazem greve porque são contra ele, policiais, médicos e professores idem, e até conselheiros do TCU. Uma história muito louca, essa. Literalmente.
Eleição
Luciana Santos tenta convencer o seu secretário de Obras, Luciano Moura, a disputar uma vaga na Assembléia Legislativa no próximo ano, pelo o PcdoB. Apesar dele não admitir, nem de longe, essa possibilidade, a prefeita de Olinda garante que vai continuar insistindo
Maldade
João Lyra (PPS) aceitaria de bom grado ser o vice de Humberto Costa (PT) na disputa pelo Governo do Estado. Isso é o que se comenta no PSB de Arraes que tentou, sem êxito, levar o ex-prefeito de Caruaru para seus quadros.
Visita
Anthony Garotinho (PPS-RJ) vem ao Recife na próxima quinta-feira. Além de almoçar com os presbiterianos, no Clube Internacional, o virtual candidato a presidente da República participa de encontro com lideranças do partido a partir das 16h, na Câmara dos Vereadores.
Títulos 1
A proposta é de Romário Dias, do PFL, e a Mesa Diretora da Assembléia já aprovou: cada deputado só poderá apresentar duas sugestões de título de Cidadão de Pernambuco, nos quatro anos de mandato.
Títulos 2
Uma boa medida do presidente da Assembléia, que diz ter feito isso para acabar com a farra em que se transformou a distribuição dos títulos. Assim, os 49 deputados distribuirão só 98 títulos. E ainda é muito.
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